Page 21 - Revista da Armada
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ACADEMIA DE MARINHA
Foto 1SAR ETC Silva Parracho
o âmbito das comemorações do Dia da Marinha 2018, teve o princípio da «ocupação efeƟ va», apelando nós aos Heróis do
Nlugar no Auditório da Academia de Marinha, em 22 de maio, Mar. Transformado em Hino Nacional da República DemocráƟ ca,
uma Sessão Solene presidida pelo Chefe do Estado-Maior da diplomaƟ camente subsƟ tuiu-se a referência aos Bretões pelos
Armada e Autoridade MaríƟ ma Nacional (CEMA e AMN), Almi- «canhões» contra os quais era necessário lutar, e foi cantando
rante Mendes Calado, tendo sido apresentada a comunica- a Portuguesa dos Heróis do Mar que sofremos os sacriİ cios da
ção “Um Mundo em Armisơ cio”, pelo Conselheiro de Estado e guerra de 1914-1918, em França, em Moçambique, em Angola;
Membro Honorário desta Academia, Professor Doutor Adriano foi cantando o hino dos Heróis do Mar que, na II Guerra Mundial
Moreira. sofremos novo ulƟ mato que levou à criação da categoria, sem
O Presidente da Academia de Marinha, Almirante Vidal Abreu, passado nem futuro, da neutralidade colaborante, que serviu a
dirigindo-se ao CEMA e AMN, salientou que sendo a primeira vez aliança ocidental, mas com total esquecimento do genocídio dos
que é recebido na qualidade de Comandante da Marinha, “sau- Ɵ morenses pelos japoneses; foi cantando o Hino dos Heróis do
damo-lo com o respeito que a sua pessoa e o lugar que ocupa nos Mar que se fez a guerra do ultramar, parcela do Império Euro-
merece, desejando-lhe as maiores venturas no exercício do mais mundista, sem que a gestão políƟ ca aproveitasse o tempo que a
alto cargo da Marinha. Mas também o saudamos de forma muito insƟ tuição militar apenas garanƟ a para as reformas necessárias;
especial por sabermos a importância que atribui à área cultural foi cantando o Hino dos Heróis do Mar que se instalou, e hoje se
do Ramo, e a atenção com que segue as aƟ vidades desta Acade- celebra em todas as instâncias ofi ciais, o 25 de Abril”.
mia”. A fi nalizar, disse ter convidado o Professor Adriano Moreira A terminar, lembrou que “o Hino dos Heróis do Mar exprime o
para orador desta sessão “por ser um dos nossos académicos eixo da roda que é o interesse nacional permanente, de conteúdo
mais presƟ giados, pelo respeito generalizado que merece de variável, mas assegurando a unidade insƟ tucional das diferen-
todo o mundo académico nacional, por sempre ter manifestado ças, com um comportamento qua a Pátria contemple. Na circuns-
uma enorme coragem moral alicerçada na independência do seu tância da «terra casa comum dos Homens», que não é de paz, e
pensamento, por ser alguém que sempre tem demonstrado uma parece antes de armisơ cio, é dever não esquecer o imperaƟ vo do
lucidez ímpar, e ainda por nunca se ter coibido de afi rmar e repe- Hino dos Heróis do Mar, que a Pátria contempla”.
Ɵ r em público que admira muito a sua Marinha”. A encerrar a Sessão, o Almirante CEMA e AMN na sua alocução
Seguidamente, o Professor Adriano Moreira dissertou sobre o agradeceu a honra de ter pela primeira vez presidido à sessão
tema por si escolhido, “Um Mundo em Armisơ cio”, demonstrando que, considerou, dignifi ca a Marinha. Saudou o Presidente da
que o “Mundo Único” é uma ilusão à procura da “ilha maravi- Academia de Marinha, os seus Académicos, bem como o pessoal
lhosa”, e considerando que a situação mundial é de “armisơ cio”, que presta serviço, que com dedicação divulgam o conhecimento
não é de “paz da Humanidade”. Como exemplo inteligível para do Mar, honrando assim a sua divisa “por mares nunca de outro
todos os cidadãos com múlƟ pla cidadania, segundo a evolução lenho arados”.
internacional, disse também que “cada unidade Nação-Estado Antes do Porto de Honra servido na Galeria da Academia de
precisa de um conceito estratégico nacional, eixo da roda das Marinha, o Almirante CEMA e AMN , acompanhado pelo Presi-
diferenças”, daí decorrendo a necessidade do «interesse estraté- dente da Academia de Marinha, visitou uma mostra documental
gico permanente, ser de conteúdo variável». Discorreu também inƟ tulada “Peniche – Gente do Mar”, inserida nas comemorações
sobre o Hino Nacional, dizendo “ter nascido pela mão do parƟ do do Dia da Marinha e organizada pelo Arquivo Histórico da Biblio-
republicano contra a afi rmada defesa insufi ciente da Monar- teca Central de Marinha.
quia contra «os bretões», que nos agrediram com o UlƟ mato,
apagando a «legiƟ midade histórica da expansão colonial com Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA
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