Page 18 - Revista da Armada
P. 18
REVISTA DA ARMADA | 525 REVISTA DA ARMADA | 537
SUMÁRIO
02 700 Anos da Marinha – Cerimónia de Encerramento OS VALORES E MÉRITOS
DOS FUZILEIROS 04
07 NRP Viana do Castelo. Frontex – Missão Lampedusa
09 Lusitano 17 Esquadras dE NavEgação
18 Cerimónia Militar
22 Direito do Mar e Direito Marítimo (13) TErrEsTrE
24 Academia de Marinha
25 Notícias
28 Novas Histórias da Botica (66) 11 BALANÇO DAS
29 Estórias (37) ATIVIDADES 2017 – MARINHA prezado leitor não se equivocou; de facto, leu correcta-
O mente: Esquadras de Navegação Terrestre! Que estória é
30 Vigia da História (97) esta? É o que sucintamente se irá explanar. Resta ao autor deste
texto esclarecer o incauto leitor que o mérito não lhe compete
31 Desporto mas sim ao jornalista madeirense César Pestana, que preservou
uma realidade hoje praticamente desconhecida da maioria dos
32 Saúde para Todos (51) seus conterrâneos, pois de uma coisa da Madeira se trata.
Corria o ano de 1998, quando em missão de Classificação e
33 Quarto de Folga Selecção no Funchal (todos os anos, elementos dos três Ramos
eram destacados para o Centro Temporário daquele Arquipélago,
34 Notícias Pessoais / Convívios para inspecionar e classificar os mancebos), como Chefe do Gabi-
nete Médico, o narrador teve oportunidade de conhecer e con-
CC Símbolos Heráldicos viver com o Sr. Coronel Fonseca Alferes, Chefe do DRM (Distrito Estado-Maior da E.S.N.T. – Da esquerda para a direita: Dr. Barreto Gonçalves,
Capitão-Médico; Diogo Sarsfield, 1º-Tenente; Eduardo Sarsfield, Almirante;
ATIVIDADES 2017 – AMN 20 Dr. Frederico Martins, Capitão-Tenente; João Godinho, Capitão-de-Fragata; José
de Recrutamento Militar) do Funchal. Não sendo madeirense,
BALANÇO DAS
Cândido de Abreu Henriques, José Paulo dos Santos e Augusto Ferraz, Capitães-de-
muito estimava a ilha, que considerava sua terra adoptiva. Dele
ouviu esta curiosa estória, e dele recebeu (por grande gentileza -Mar-e-Guerra; Pe. Justino Henriques, Capelão
e generosidade) uma última edição(?) da obra de César Pestana.
Passemos aos factos: preparatória, ministrada por especializados, dedicavam-se ao
pedestrianismo – com as suas longas marchas militares pelos
7
A Ilha da Madeira era, no último quartel do século XIX, não
obstante ser local de escala, entreposto comercial (na época, no subúrbios da cidade – aos exercícios náuticos – para os quais a
baía do Funchal e a costa leste se prestavam admiràvelmente ,
8
Ciclo, já em decadência, do Vinho da Madeira) e local procurado — e à prática elementar da navegação de guerra – com os seus
9
por distintos doentes da tísica das mais variadas nacionalida- dissimulados embarques e desembarques, transmissão de sinais
1
2
3
des , um local relativamente isolado . Havia, naturalmente, para com bandeiras e o manejo discreto de armas de fogo.
alguns privilegiados e elementos da sociedade estrangeira, as Estas agremiações tinham constituição orgânica com carác-
tertúlias locais, bailes e, raramente, alguns espectáculos de Tea- ter tipicamente naval e copiavam os regulamentos da Marinha
tro (Funchal). Não existiam, na época, futebol, telégrafo, rádio e de Guerra, sendo rigorosa a disciplina e obrigatório o uniforme
muito menos televisão!!!!! Daí que alguns elementos da socie- em Serviço! Os uniformes eram similares ou idênticos aos da
dade madeirense se tivessem arregimentado numa Esquadra Armada Real e tinham espadas, pistolas, espingardas (obsoletas
Submarina de Navegação Terrestre (E.S.N.T.), pouco antes de ou emprestadas dos depósitos da Polícia ou Guarda Fiscal!) e
4
Capa 1880, cuja actividade consistia em paradas, marchas e ataques até, pasme-se, pequenos canhões. Os oficiais de patente supe-
Pelotão de Fuzileiros desfilando com o uniforme devidamente planeados a diferentes Unidades Navais, na reali- rior eram pessoas gradas da comunidade ou bem instaladas,
da Brigada Real da Marinha. dade casas e quintas de elementos mais abastados e categoriza- chegando a haver mais Almirantes nas Esquadras de Navegação
Foto SMOR L Almeida de Carvalho dos (e consequentemente os mais graduados) , acabando, após Terrestre que proporcionalmente na Marinha de Guerra. Tinham
5
bem sucedidas negociações de rendição, em tainadas, comezai- Banda, Oficiais-Médicos e Capelães!! Alguns dos oficiais eram
6
Revista da
ARMADA nas , jogos de cartas, como a bisca e voltarete, ou xadrez. Pos- verdadeiros Oficiais do Exército ou altos funcionários do Estado;
teriormente, como é expectável na natureza humana, houve
na generalidade, as Esquadras incluíam, ainda, novos e velhos
discórdias e cisões, formando-se a Esquadra Torpedeira de burgueses, empregados superiores do comércio e desportistas
Publicação Oficial da Marinha Diretor Desenho Gráfico E-mail da Revista da Armada Navegação Terrestre (E.T.N.T.), em 1903, dissidente da anterior, endinheirados. Dado o calibre das rações de combate (acom-
Periodicidade mensal CALM EMQ João Leonardo Valente dos Santos ASS TEC DES Aida Cristina M.P. Faria revista.armada@marinha.pt e Esquadra Independente de Navegação Terrestre (E.I.N.T.), em panhadas por bebidas a condizer…) e dos ranchos servidos nos
Nº 525 / Ano XLVII Chefe de Redação ra.sec@marinha.pt
Janeiro 2017 Administração, Redação e Publicidade 1905, dissidente de ambas. acampamentos, bem como o improvável risco de guerra real, os
CMG Joaquim Manuel de S. Vaz Ferreira Revista da Armada – Edifício das Instalações Paginação eletrónica e produção César Pestana refere-se a estas esquadras nestes termos: ape- candidatos eram muitos… Por conseguinte, a incorporação era
Redatora Centrais da Marinha – Rua do Arsenal Página Ímpar, Lda. sar dos títulos de guerra e aparato militar e naval, eram agre- alvo de uma selecção cuidadosa, sob proposta de elementos das
1149-001 Lisboa – Portugal
Revista anotada na ERC 1TEN TSN -COM Ana Alexandra G. de Brito Telef: 21 159 32 54 Estrada de Benfica, 317 - 1 Fte
1500-074 Lisboa
Depósito Legal nº 55737/92 Secretário de Redação miações essencialmente desportivas – campistas, náuticas e… Esquadras (três por candidato). Os efectivos chegaram a cerca
ISSN 0870-9343 SMOR L Mário Jorge Almeida de Carvalho Tiragem média mensal: 4000 exemplares gastronómicas. A par dos exercícios físicos e da instrução militar de 150 na Submarina e de 200 na Esquadra Torpedeira! Como
18
JANEIRO 2018 3 FEVEREIRO 2019