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REVISTA DA ARMADA | 543
GESTÃO DOS FLUXOS MIGRATÓRIOS
IRREGULARES E CONTROLO
DE FRONTEIRAS NA EUROPA
2ª Parte
ANÁLISE DOS FLUXOS MIGRATÓRIOS
Até setembro de 2018, o número total de migrantes
que atravessaram irregularmente as fronteiras da UE
caiu para cerca de 70.872, menos de metade dos núme-
ros reportados pela FRONTEX no ano de 2017.
ROTA WESTERN MEDITERRANEAN
A rota que tem registado maiores incrementos é a do
Mediterrâneo Ocidental. Em 2017 registou cerca de 22.457
travessias irregulares, mais do dobro do ano anterior
(9.626). Em setembro de 2018 contabilizava um número
semelhante à totalidade do ano anterior (22.400).
RelaƟ vamente à origem, em 2014, os migrantes eram
primordialmente originários dos Camarões (20,81%), Mali Rotas dos fl uxos migratórios no mediterrâneo.
(12,46%), Argélia (10,65%), e Guiné (10, 13%). Ao contrá-
rio das outras rotas migratórias, a rota do Mediterrâneo Ocidental ROTA EASTERN MEDITERRANEAN
decresceu em 2015. Países como a Argélia, Costa do Marfi m, Guiné e Esta rota manteve-se constante desde 2014, sendo a Síria o prin-
Mali mantêm-se como os principais países de origem, ou seja, o Norte cipal país de origem dos fl uxos de migrantes irregulares (62,31%,
de África e a África Subsariana. 2014; 56,06%, 2015; 46,41%, 2016; 38,75%, 2017; 33,18%), man-
tendo-se também constante os fl uxos do Afeganistão e do Iraque.
ROTA CENTRAL MEDITERRANEAN Tal como a rota dos Balcãs, esta rota atrai principalmente
Entre 1 de janeiro de 2014 e 24 de setembro de 2018, desembar- migrantes irregulares com origem em países do Médio Oriente.
caram em Itália 643.072 migrantes irregulares, cruzando a rota do À semelhança das outras rotas, também aqui não é possível rela-
Mediterrâneo Central. Esta rota, apesar do pacote de medidas de cionar o decréscimo dos fl uxos de um país de origem numa rota
controlo implementado pela UE em 2015, não sofreu imediatamente com aumento de fl uxos na outra rota.
um decréscimo dos fl uxos, tendo fi nalmente em 2018 reduzido 84%.
Em 2017 foram registadas 107.631 travessias, com uma queda de
34% em relação a 2016, tendo-se registado até setembro de 2018, CONCLUSÕES
um número muito reduzido de travessias, 16.706. Em 2015 registaram-se 1.810.251 chegadas à Europa. A parƟ r de
Tendencialmente os migrantes irregulares que cruzam esta rota 2016 o número tem vindo a reduzir, com uma quebra de 72% nesse
são originários da África Subsariana, em 2014 provenientes da Síria ano (503.880), mantendo a tendência nos anos subsequentes.
(23,23%), da Eritreia (19,66%) e da África Subsariana (15,43%), Conclui-se que os migrantes irregulares dos países do Médio
tendo nos anos seguintes provindo maioritariamente da Eritreia, Oriente tendencialmente uƟ lizam as rotas do Mediterrâneo Orien-
da Nigéria, da Guiné, da Costa do Marfi m e do Sudão. tal e dos Balcãs. As rotas do Mediterrâneo Central e Mediterrâneo
Apesar de esta rota parƟ lhar a origem com a rota do Mediterrâ- Ocidental são frequentadas maioritariamente por migrantes com ori-
neo Ocidental, não é possível relacionar o decréscimo numa rota gem na África Subsariana, nomeadamente de países como a Eritreia,
com aumento na outra, não se podendo concluir desta forma que Guiné, Camarões e Costa do Marfi m.
há alteração de fl uxos entre estas rotas. Pode-se assim afi rmar que os esforços da UE para gerir as migrações
irregulares traduziram-se em efeƟ vas reduções dos fl uxos migrató-
ROTA WESTERN BALKANS rios totais, não exisƟ ndo, contudo, evidências de alterações nas rotas
A rota através dos Balcãs Ocidentais (Western Balkans), que atravessa migratórias, como consequência das medidas adotadas.
da Sérvia para a Hungria e Croácia, após a queda drásƟ ca dos fl uxos em Antevê-se que as migrações irregulares no Mediterrâneo se
2017 (menos 81% que em 2016), manteve um número reduzido de manterão.
chegadas de migrantes irregulares em 2018 (2.617 pessoas). As suas dinâmicas, intensidade e origem poderão sofrer alte-
Na rota dos Balcãs Ocidentais, em 2014 as origens dos migran- rações, dependendo de fatores endógenos e exógenos incontro-
tes com maior signifi cado foram o Kosovo (50,94%), o Afeganistão láveis.
(19,27%) e a Síria (16,90%). A Síria (11,79%) e o Afeganistão (6,97%),
manƟ veram-se com maior signifi cado em 2015. No entanto, nos Lourenço da Piedade
anos seguintes, salienta-se o incremento registado do Afeganistão CFR
(8,15% em 2016 e 25,18% em 2018) e do Paquistão (35,76% em Santos Rocha
2017 e 25,18% em 2018). CTEN
AGOSTO 2019 11