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REVISTA DA ARMADA | 543


         SAÚDE PARA TODOS                                                                                  67



         VERÃO



         PARTE II


          Iniciou-se na edição passada um arƟ go com conselhos práƟ cos para o Verão, de modo a que todos os leitores possam maximizar os beneİ cios
          que esta estação proporciona, porém minimizando os riscos que podem também surgir nesta época. Este arƟ go é a conƟ nuação do anterior,
          que pode ser consultado em suporte İ sico ou digital (síƟ o da Revista da Armada ou página do Facebook da crónica Saúde para Todos).

         PELE SECA                                            taxas mais elevadas nas crianças entre 1 e 4 anos de idade (a maioria
                                                              ocorrem em piscinas, tanques e poços mas há também descrição de
           Se habitualmente não sofre de nenhuma doença cutânea e no verão   afogamentos em banheiras, alguidares com água, rios, ribeiras, lagoas,
         a sua pele se torna muito seca isso deve-se principalmente à expo-  valas, marinas, praias fl uviais e praias de mar). A prevenção é funda-
         sição solar intensa, aliada aos efeitos de transpiração aumentada e   mental! A Direção-Geral da Saúde aconselha os adultos a vigiarem os
         maior contato com o cloro das piscinas e com a água do mar. A falta de   mais pequenos, a instalar barreiras de acesso às piscinas e reserva-
         hidratação da pele pode apresentar diferentes formas, sendo as mais   tórios de água, optar sempre por locais considerados seguros e com
         usuais a sensação de repuxamento da pele, a descamação, fi ssuras,   vigilância, ter sempre próximo os equipamentos de segurança (boias,
         vermelhidão e prurido (comichão). No entanto, isto varia conforme a   varas de salvamento, entre outros) e haver capacidade de fazer uma
         gravidade e a localização da secura (frequentemente surge primeiro   chamada de emergência, se necessário. Devemos ensinar às crianças
         nos pés e nas pernas, uma vez que estas áreas têm menos glându-  competências básicas de natação, segurança na água e salvamento
         las sebáceas e são muitas vezes mais expostas ao ambiente). É pos-  (mesmo assim, as crianças devem ser sempre manƟ das à distância de
         sível prevenir e cuidar destas situações com hábitos diários. Os mais   um braço). Evitar sempre os mergulhos, brincadeiras e outras poten-
         importantes são o uso de protetor solar (com FPS maior ou igual a 30,   ciais situações perigosas. Não consumir bebidas alcoólicas excessivas
         repeƟ ndo a aplicação de 2/2 h), a evicção à exposição solar direta e a   nem ingerir refeições pesadas antes de entrar na água. Atenção, se
         hidratação (é importante que ela seja feita tanto por fora quanto   algum dia se vir em risco de afogamento tente lembrar-se que há um
         por dentro, portanto, além do uso de cremes/loções           pior prognósƟ co se entrar em pânico (a maioria das pes-
         hidratantes no corpo e na face, é importante ingerir            soas morre devido ao desgaste muscular desnecessá-
         a quanƟ dade indicada de água – pelo menos dois                   rio na luta contra a corrente e por não tentar man-
         litros por dia – assim como manter uma alimenta-                   ter a boca acima do nível da água – o que é mais
         ção saudável e não fumar).                                         fácil se adquirirmos a posição de deitado de cos-
                                                                            tas, e fugirmos ao local da rebentação das ondas).
                                                                            Gritar também não ajuda (exceto se esƟ ver efe-
         QUEDAS                                                       DR
                                                                           Ɵ vamente alguém ao seu lado que o possa ouvir)
           Nas aƟ vidades ao ar livre, ơ picas dos dias solarengos,       pois ao gritar desesperadamente só vai permiƟ r que
         existe um risco aumentado de quedas, principalmente em        ainda mais água entre nas vias aéreas. O ideal nesta situa-
         crianças, que são incansáveis e correm, saltam, trepam, rastejam,   ção é a víƟ ma manter-se calma, acenar por socorro e fl utuar.
         escorregam... Uma pequena queda é sufi ciente para provocar esco-
         riações e hemorragias. A hemorragia normalmente cessa espon-
         taneamente em poucos minutos, mas caso isso não aconteça (por   OUTRAS DICAS
         exemplo quando se sangra do nariz ou há um corte num dedo) deve   Por úlƟ mo, para o gozo de umas férias sem problemas, deve pre-
         fazer-se compressão no local da hemorragia durante 10 min e colocar   venir-se contra as doenças tropicais (deve ir a uma consulta do via-
         gelo na zona sangrante. A ferida deve depois ser lavada, desinfetada e   jante 4 a 8 semanas antes da viagem), o enjoo do movimento, as
         protegida com um penso. Se houver suspeita de entorse ou fratura, se   tromboses venosas (períodos de imobilização prolongados aumen-
         houver alterações do estado de consciência ou se for uma ferida pene-  tam o risco de formação de coágulos) e os choques térmicos. Peça
         trante, o acidentado deve ser levado ao hospital. Como prevenção do   atempadamente o Cartão Europeu de Seguro de Doença na Segu-
         tétano (doença facilmente adquirida através da contaminação de feri-  rança Social (presencialmente ou através do site). Pondere fazer
         das com a bactéria Clostridium tetani, que é ubíqua) toda a população   um seguro médico de viagem. Faça uma lista de contactos úteis no
         deve ter a vacina do tétano atualizada (validade de 10 anos).  desƟ no, para usar em caso de emergência, e prepare uma pequena
                                                              farmácia pessoal: termómetro, solução de desinfeção cutânea (ex:
                                                              Betadine®), compressas, ligaduras, adesivo, tesoura, repelente de
         AFOGAMENTO
                                                              insetos, protetor solar, preservaƟ vos, analgésico, anƟ piréƟ co, anƟ -
           O afogamento ocorre devido à entrada de líquido não corporal nos   -histamínico (ex: desloratadina), anƟ eméƟ co (ex: metoclopramida),
         pulmões, impedindo este órgão de receber o ar necessário para as   anƟ diarreico (ex: loperamida) e, eventualmente, se for para locais
         trocas gasosas, levando à diminuição de oxigénio a circular no sangue,   muito isolados, um anƟ bióƟ co.
         o que pode causar lesão de múlƟ plos órgãos. Se os níveis de oxigénio   Caso adoeça durante a viagem, não hesite em recorrer ao médico.
         não forem repostos nos minutos seguintes, os danos serão irreversí-
         veis e o processo pode culminar na morte. Na verdade, uma em cada                          Ana CrisƟ na Pratas
         quatro pessoas que sofre um afogamento morre. Em Portugal ainda                                  1TEN MN
         morrem, anualmente, mais de 100 pessoas por afogamento, sendo as             www.facebook.com/parƟ cipanosaudeparatodos


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