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REVISTA DA ARMADA | 557
ACADEMIA DE MARINHA
QUE PODER NAVAL PARA O SÉCULO XXI?
WORKSHOP
Fotos 1MAR Mendes MaƟ as
azendo jus à divisa da Academia de Marinha (AM), «Por rações climáƟ cas como pontos impactantes no poder naval e na
Fmares nunca de outro lenho arados», a sessão cultural de 6 sua evolução, oferecendo como resposta ao tema do workshop
de outubro fi cou marcada pela estreia de um novo formato de a fórmula: «o poder naval de sempre, por outros meios».
organização das conferências de terça-feira. Por sua vez, o VALM Pires Neves focou o seu contributo naquilo
Na procura de um equilíbrio entre os contributos sobre o pas- que para si é o fator que disƟ ngue a sua intervenção das res-
sado e aqueles que se debruçam sobre o futuro, para assim tantes – a sua carreira naval – que enforma a sua visão sobre
abrir as portas a uma melhor compreensão e aproveitamento o tema em debate através da sua experiência como executante
do presente, o Presidente da AM, ALM Vidal Abreu, promo- desse poder, aos níveis táƟ co, operacional e estratégico. Fez
veu a organização de um encontro cienơ fi co, em formato de ainda questão de referir a importância de discuƟ r previamente
Workshop, sobre a pergunta «Que Poder Naval para o Século os conceitos de poder, políƟ ca e estratégia nacional e daí parƟ r
XXI?». Dá-se assim azo ao aproveitamento da AM, enquanto para a necessidade/forma de poder naval.
espaço privilegiado de refl exão, para o debate e o avanço sobre O CMG Sardinha Monteiro fechou a primeira ronda de interven-
temas pouco explorados, carentes, ou sobre os quais não existe ções com uma análise às implicações geoestratégicas da pande-
um consenso generalizado, e como tal passíveis de serem sujei- mia e a sua infl uência no panorama securitário global, defi nindo
tos a discussão. como principais implicações: o aumento da confrontação geopo-
Para tal desiderato foi consƟ tuído um painel composto pelo líƟ ca; uma maior criminalidade transnacional; e um aumento das
ALM Melo Gomes, pelo VALM Pires Neves e pelo CMG Sardi- catástrofes ambientais e mudanças das fronteiras naturais. Daí
nha Monteiro, que trouxeram décadas de experiência e conhe- inferiu algumas conclusões para o sistema de forças navais, uƟ li-
cimento sobre as temáƟ cas da estratégia, defesa nacional e zando o caso português como exemplo, defendendo uma maior
poder naval. A moderação fi cou a cargo do Professor António atuação em contexto de organizações mulƟ laterais e uma aposta
José Telo, reconhecido especialista nessas mesmas temáƟ cas. em meios capazes de fazer frente à criminalidade transnacional e
O moderador começou por jusƟ fi car o tema com a mudança responder a catástrofes ambientais.
acelerada do paradigma naval, num contexto de grande com- Após estas quatro intervenções, o debate foi aberto a parƟ -
plexidade do palco mundial, sustentada em 4 eixos: os domí- cipações da plateia, o que trouxe vários e importantes contri-
nios do poder naval; a evolução da base tecnológica; a nova butos à animada discussão/interação com os quatro membros
importância do papel do mar; e a alteração radical do poder do painel. A pesar da extensão do tema e do apertado tempo
naval global. disponível para tão valiosos contributos, a experiência afi rmou-
Na sua intervenção, o ALM Melo Gomes destacou as altera- -se como posiƟ va e enriquecedora. Como tal, este novo modelo
ções ao equilíbrio ocidente/oriente, a mudança na natureza dos poderá vir a ser uƟ lizado em futuras sessões da AM.
confl itos, o avanço da tecnologia e os pesados desafi os das alte-
20 DEZEMBRO 2020