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REVISTA DA ARMADA | 559
ACADEMIA DE MARINHA
ENCERRAMENTO DO ANO ACADÉMICO
SESSÃO SOLENE
O ano de 2020 foi repleto em acontecimentos singulares e extraordinários, que em muito impactaram a vida dos cidadãos e das insƟ -
tuições a um nível global. Apesar disso, foram grandes os esforços de muitos para que a aƟ vidade se aproximasse, o mais rapidamente
possível, da normalidade.
CONDECORAÇÃO
esses esforços, a Marinha pôde contar com a sua Academia,
Nque apesar de ter visto 20 das suas sessões canceladas e, Fotos SAJ ETC Silva Parracho
como tal, adiadas fruto do contexto pandémico, nem por isso
deixou de levar a cabo a sua missão de divulgação do conheci-
mento do mar e das aƟ vidades maríƟ mas através da edição de 6
novas obras, da remodelação das suas instalações e das sessões
culturais, que voltaram a realizar-se a parƟ r de setembro.
Assim, no dia 15 de dezembro, a Academia de Marinha (AM)
marcou o Encerramento do Ano Académico 2020 com uma ses-
são solene presidida pelo CEMA/AMN, ALM Mendes Calado. Esta
presença, como fez questão de referir o Presidente da AM, ALM
Vidal Abreu, garanƟ u à cerimónia toda a solenidade por ela exi-
gida, premiando assim os esforços de todos os que contribuíram
para que a Academia não parasse, e voltando a afi rmar todo o
apoio dado pelo ALM CEMA/AMN ao setor cultural da Marinha.
A sessão abriu com a cerimónia de imposição da Medalha Mili-
tar de Serviços DisƟ ntos, Grau Prata, ao SAJ Santos Maia, em
reconhecimento do seu esforço abnegado e brioso ao serviço da
Marinha e do país, muito contribuindo para que a AM levasse a
cabo a sua missão.
CONFERÊNCIA
Seguiu-se uma brilhante refl exão sobre o comportamento dos
homens em tempos de pandemia, inƟ tulada «Fugir para longe,
depressa e por muito tempo. O comportamento dos Homens
acossados pela Peste», da autoria da Académica Maria Helena
da Cruz Coelho. Esta comunicação relembrou à audiência que,
por muito singulares e extraordinários que sejam os tempos em
que vivemos, eles estão longe de ser uma novidade para a Huma-
nidade como um todo.
Focando a sua análise no período medieval, mais concreta-
mente na pandemia de Peste Negra que assolou o «mundo
conhecido» do século XIV, a mão segura da Académica serviu
de guia à audiência: no início, uma pequena contextualização
das origens e propagação da doença, fruto da bactéria Yersinia
PesƟ s; depois, a perceção do carácter pandémico e contagiante
da doença; seguiu-se a teorização da sua natureza à luz do
conhecimento cienơ fi co e teológico da época; e por fi m, como Professora Doutora Maria Helena da Cruz Coelho
a combater.
A análise da Professora Doutora Maria Helena prosseguiu cen- Finalizando, a conferencista debruçou-se sobre os devastadores
trada no Decameron, de Boccaccio, que através dos seus qua- efeitos sociais e económicos, fruto da terrível quebra demográ-
dros apresenta quatro respostas dadas à Peste: a adoção de fi ca trazida pela Peste, e as consequentes mutações na ordem
uma vida casta, alheia ao excesso; a assunção desses excessos, das coisas – foi necessário inovar, buscar novos meios de subsis-
aproveitando ao máximo os prazeres da vida; a procura de um tência, o que em Portugal signifi cou, por força da necessidade,
meio termo, mais conectado com o mundo natural; e fi nalmente ouvir o chamamento do mar e parƟ r à Descoberta.
a fuga, rápida, para longe e de longa duração, tal como o ơ tulo da
comunicação anunciara. Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA
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