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REVISTA DA ARMADA | 567
NRP SAGRES RETOMA AS VIAGENS DE INSTRUÇÃO
O NRP Sagres, após cerca de três anos sem cadetes da Escola Naval embarcados, realizou, no decorrer do presente ano, as Viagens de
Instrução (VI) dos alunos dos 3º, 2º e 1º anos dos cursos tradicionais da Escola Naval.
Esta separação temporal, de cerca de três anos entre a última (no verão de 2018) e a atual viagem, deveu-se às restrições impostas
pela Pandemia de Covid-19 no verão de 2020 e, ainda, ao facto de o navio ter realizado um período de docagem e preparação para a
realização da 4ª viagem de circum-navegação, interrompida em pleno Atlântico Sul na primavera de 2020.
TRÊS VIAGENS
No dia 1 de julho, o navio largou da Base
Naval de Lisboa (BNL) para iniciar a VI
dos cadetes do 3º ano, do Curso “Contra-
-almirante Manuel Armando Ferraz”, com
terminus a 31 de julho. Nesses 31 dias, estes
alunos tiveram a oportunidade de colocar
em prática os conhecimentos teóricos
aprendidos na Escola Naval, através da sua participação ativa
nas rotinas de bordo. Visitou-se a baía do Porto Santo, o
Funchal, a baía da Horta e a Praia da Vitória.
Depois de uma curta paragem em Lisboa, realizou-se, entre
3 a 24 de agosto, a VI dos cadetes do 2º ano, do Curso “Fernão
de Magalhães”. Nesta viagem o navio navegou até à ilha de
São Miguel, onde se praticou o fundeadouro da Franquia, no Com o navio atracado, os cadetes são inseridos no regime
porto de Ponta Delgada e se atracou no Cais das Portas do de escala de serviço a divisões. Diariamente, um dos cadetes
Mar, na mesma cidade. assumia funções de adjunto ao Oficial de Dia à Unidade
Por fim, os cadetes do 1º ano, do Curso “Chefe de Divisão da (ODU), realizando, sob a sua supervisão, tarefas associadas às
Armada António Lopes da Costa e Almeida” realizaram a sua VI, suas incumbências e responsabilidades; um outro conjunto
embarcados no NRP Sagres de dia 30 de agosto a 11 de setembro. de cadetes acompanha, diariamente, as funções das divisões
Durante esta viagem, o navio realizou apenas navegação costeira, de serviço de bordo nas diversas áreas técnicas.
entre a foz do Rio Guadiana e o paralelo de Espinho; depois da Os cadetes dos 3º e 2º anos, puseram exaustivamente à
largada da BNL, o navio demandou os fundeadouros da Praia da prova, e aperfeiçoaram, as aptidões adquiridas no âmbito
Rocha, de Sesimbra e da baía de Cascais. da Navegação Astronómica. Os alunos calcularam, sempre
As três VI contabilizaram mais de 5000 milhas navegadas, que as condições meteorológicas o permitiram, a posição
maioritariamente em águas sob jurisdição nacional. do navio através da observação dos astros, efetuando o
denominado “ponto astronómico”. Um grupo de cadetes
TAREFAS DESEMPENHADAS A BORDO
estava diariamente incumbido de realizar os briefings de
Meteorologia e ao Comando.
Durante as VI, os cadetes da Escola Naval são integrados na
execução, sob supervisão, de várias funções a bordo. Durante Para além da integração nas diversas áreas, funções e cargos
os períodos de navegação, e como adjuntos ao Oficial de da guarnição, os cadetes tiveram também a oportunidade
Quarto à Ponte (OQP), tiveram a oportunidade de coadjuvar de realizar diversos exercícios de treino a bordo, de forma
o OQP no processo de condução da navegação. Enquanto a consolidar o seu conhecimento e desenvolver as suas
adjuntos à navegação, colaboraram na elaboração dos aptidões para a vida no mar: exercícios de comunicações
diversos registos horários e aperfeiçoaram as suas técnicas e (com recurso a morse luminoso); exercícios de homem ao mar
conhecimentos na área da navegação através do trabalho nas com emergência médica; exercícios de tiro (no arco diurno e
cartas náuticas. Os cadetes são, ainda, inseridos nos quartos noturno); e exercícios de combate a incêndios e alagamento,
nas funções de vigia, ao leme e no apoio à manobra. integrando a Brigada de Intervenção Rápida (BIR).
NOVEMBRO 2021 15