Page 8 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 572


            130.º ANIVERSÁRIO



            INSTITUTO DE SOCORROS A NÁUFRAGOS


















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          A vida é o bem mais precioso do ser humano!
          Tudo o que pensamos, tudo o que fazemos, tudo o que almejamos, é realizado assumindo que temos vida, que estamos vivos para
          o fazer. Quer seja em cenário de guerra, quer seja em qualquer outra atividade com elevado risco associado, está sempre presente o
          objetivo de nos mantermos vivos, viabilizando a continuidade da nossa ação

          RESPOSTA AOS INFORTÚNIOS NO MAR                      – Em 1828, a ordem do Rei D. Miguel para criar, junto à foz do
                                                              Douro, uma casa para socorro a náufragos, guarnecida por uma
             mar  sempre  foi,  e  continua  a  ser,  um  ambiente  de  risco   embarcação salva-vidas
         O  para quem nele navega ou o utiliza para o exercício da sua   – A ordem da Rainha D. Maria II, em 1845, de sinalizar uma parte da
          atividade comercial ou apenas lúdica. A atividade piscatória no   barra do porto de Lisboa e guarnecê-la, também, com embarcações
          mar tem milhares de anos; essa atividade está sempre relacionada   salva-vidas, que foram baseadas na Trafaria e em Paço de Arcos.
          com a subsistência das gentes que a ela se dedicam, e dos
          seus familiares. Mas está, também, regularmente associada   SALVAMENTO MARÍTIMO
          a  alguns  acontecimentos  trágicos,  que  nos  marcaram  e
          continuam a marcar gerações.                                   Com a criação do RISN em 1892, pela primeira vez
           O socorro a náufragos tem sido uma atividade que tem         o Estado contribui para uma intervenção nacional
          acompanhado toda a evolução da utilização do mar, e das        e  permanente  na  área  do  salvamento  marítimo,
          águas de transição e interiores.                               através de uma entidade privada, com um fundo
                                                                         financiado por várias fontes, públicas e privadas,
           A 27 de fevereiro de 1892, um violento tem-                     onde  se  incluía  o  próprio  Estado,  pescadores,
          poral  assolou  a  costa  portuguesa,  tirando  a                 sócios do RISN, entre outros atores.
          vida a 105 dos cerca de 900 pescadores que                         Também  no  início  do  século  XX,  com  a
          se encontravam em faina de pesca, ao largo                        crescente prática da natação e de banhos junto
          da Póvoa de Varzim. Esta tragédia impulsio-                       às praias, se tomou a iniciativa de:
          nou a criação do Real Instituto de Socorros a                     –  Implementar  um  sistema  de  vigilância,
          Náufragos (RISN), por Carta de Lei de 21 de                      através da utilização de uma embarcação que
          abril de 1892, por insistência da Rainha Dona                     percorreria a praia durante a realização dessas
          Amélia, que chegou a presidir a essa institui-                    atividades.
          ção até à mudança de regime.                                       –  Colocar  nessas  áreas  de  maior  prática
           Mas  já  antes,  no  início  do  século  XIX  e                  balnear,  120  postos  de  praia  com  outros
          nos  seus  períodos  subsequentes,  tinham                        equipamentos  de  segurança  que  procuravam
          existido  algumas  iniciativas  no  sentido  de                   garantir a segurança dos banhistas.
          criar  instituições  e  uma  organização  que                      O RISN muda a sua denominação para Instituto
          respondesse  aos  inúmeros  acidentes  marítimos,  costeiros  e   de Socorros a Náufragos (ISN), por decreto de 29 de maio de 1911.
          portuários, devidos a uma costa e barras deficientes a nível do   Mais tarde, pelo decreto-lei n.º 41279, de 20 de setembro de
          seu assinalamento marítimo e às poucas condições de segurança   1957, passa a ser um organismo do Estado, integrado na Marinha.
          das embarcações e dos seus tripulantes. É disso exemplo, entre   Atualmente  e  desde  a  publicação  do  decreto-lei  n.º
          outras iniciativas:                                 44/2002,  de  2  de  março,  o  ISN,  é  um  organismo  integrado


          8   ABRIL 2022
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