Page 26 - Revista da Armada
P. 26

REVISTA DA ARMADA | 574

              consagrar perenemente a recordação do quinto centenário   HINO
             do grande Infante com tanto explendor celebrado há pouco   O  hino  da  Marinha  Portuguesa  foi  instituído  pela  Portaria
             tempo pela cidade do Porto e pelo paiz inteiro, e aprazendo-  n.º  155,  de  24  de  junho  de  1993,  do  Ministro  da  Defesa
             lhe dar um novo testemunho de consideração pela marinha   Nacional.  De  acordo  com  o  Regulamento  de  Continências  e
             portuguesa, representante e leal  depositária  das  mais   Honras  Militares,  Decreto-Lei  n.º  331/80,  de  28  de  agosto,
             eminentes tradições da história pátria:          cada Ramo das Forças Armadas deveria ter o seu próprio hino.
              Manda, pelo conselho do almirantado, que o lemma até   Neste sentido, em outubro de 1992 o Estado-Maior da Armada
             hoje adoptado nos nossos navios de guerra seja substituído   (EMA)  abriu  concurso  com  vista  a  selecionar  o  poema  para
             pelas palavras Talant de bien faire, que ficarão d’ora avante   o  hino  da  Marinha  Portuguesa,  tendo  por  base  a  música  do
             sendo a divisa da marinha de guerra portuguesa devendo   compositor,  maestro  e  organista  Marcos  António  da  Fonseca
             essa divisa ser inscrita, em todos os seus navios em logar   Portugal (1762-1830). Ainda que com outra letra, este trecho
             de honra e bem visível  sobre a tolda  e figurar, segundo  a   musical já constituía o hino da Escola Naval. Trata-se, em ambos
             forma devidamente regulamentada, nos brasões, emblemas,   os casos, de uma adaptação do epílogo da cantata La Speranza
             monografias e timbres da marinha de guerra».     o  sai  L’Augurio  Felice,  composta  por  Marcos  Portugal  para  as
                                                              celebrações do aniversário do príncipe regente D. João (1767-
                                                              1826), futuro D. João VI, que tiveram lugar em Lisboa a 13 de
                                                              maio de 1809. Aquando do concurso lançado pelo EMA, o júri
                                                              selecionou  a  letra  submetida  pelo  então  Aspirante  a  Oficial
                                                              Jorge Moreira Silva.
                                                              MARCHA

           Uma vez que não foi publicado qualquer diploma legal visando   A marcha da Marinha Portuguesa foi adotada por Despacho do
          esta alteração, a anterior divisa, nascida do espírito do Ministro   Almirante CEMA, de 14 de junho de 1993. Trata-se da conhecida
          da Marinha José da Silva Mendes Leal (1820-1886), continua hoje   Marcha dos Marinheiros, com música de Carlos Calderon (1867-
          bem visível nos navios da Marinha Portuguesa, exortando todos   1945) e letra de Gustavo de Matos Sequeira (1880-1962) e José
          os que neles servem a honrar o compromisso que, sob juramento   Pereira  Coelho  (1879-1963).  Esta  melodia,  de  cunho  popular,
                                                              cuja  letra  espelha  as  aventuras  amorosas  dos  marinheiros
          solene, assumiram para com a pátria. Aprovada por portaria de 20   portugueses, cativaria, desde o primeiro momento, a simpatia
          de março de 1863, “A Patria Honrae que a Patria vos Contempla”   geral  quando  em  1936  surgiu  no  filme  Bocage,  do  cineasta
          é, assim, a divisa das unidades navais da Marinha Portuguesa.  Leitão  de  Barros  (1896-1967).  A  Marcha dos Marinheiros  é
          ESTANDARTE HERÁLDICO                                normalmente interpretada pela Banda da Armada nos desfiles
                                                              militares da Marinha Portuguesa, assim como no culminar dos
                           Contido no Regulamento de Heráldica da   respetivos concertos.
                          Armada, o estandarte heráldico da Marinha
                          Portuguesa  foi  aprovado  pelo  Ministro  da   DIA FESTIVO
                          Marinha,  Vice-almirante  Pereira  Crespo,   O Dia da Marinha celebra-se a 20 de maio, desde 1998. Trata-
                          a  14  de  dezembro  de  1972,  e  publicado   se da data de maior relevância para a maritimidade nacional, dia
                          na  OA1  n.º  1,  de  3  de  janeiro  de  1973.   em que a armada de Vasco da Gama chegou a Calecute, Índia,
                          Confecionado em tecido de seda bordado,   em 1498, ligando pela primeira vez, por via marítima, a Europa
                          trata-se  de  um  esquartelado  de  branco  e   ao Oriente. O seu simbolismo decorre de, naquela data, se ter
                          azul,  bordadura  contra-esquartelada  do   finalmente  concretizado  o  objetivo  nacional  que  há  décadas
                          primeiro  e  do  segundo,  acantonada  dos   vinha  sendo  perseguido  pelos  navegadores  e  marinheiros
                          mesmos,  brocante  uma  estrela  de  quatro   portugueses.
          pontas esquartelada e contra-esquartelada dos contrários. Sobre   Até 1998, o Dia da Marinha era celebrado a 8 de julho, data
          este  ordenamento,  o  escudo  do  respetivo  brasão  de  armas   igualmente conotada com aquela expedição de Vasco da Gama,
          envolvido por folhagens de louro em ouro, em fundo de vermelho,   no caso vertente o dia em que os seus navios haviam largado de
          circundado  por  um  listel  de  branco  com  a  legenda  em  letras   Lisboa para a viagem que inaugurou o caminho marítimo para a
          negras, estilo elzevir, sobreposto o grito de guerra “São Jorge”   Índia, em 1497. A alteração do Dia da Marinha, que nesse ano
          e sotoposto o lema “Talant de Bien Faire”, apartados por duas   se celebrou no Porto, dois dias antes da inauguração da Expo’98
          âncoras de negro nos flancos. Franjas de prata, cordões e borlas   e cujo tema era os Oceanos, visava colocar a tónica na data em
          de azul e prata, haste e lança de prata. Este padrão de estandarte   que  se  havia  concretizado  um  dos  feitos  de  maior  relevância
          heráldico foi inspirado na denominada “bandeira velha”, primeira   da história da humanidade. Consubstanciado na arte de bem
          bandeira da Real Companhia dos Guardas-Marinhas.    servir Portugal, o Dia da Marinha celebra-se em cada ano numa
                                                              localidade diferente, no continente ou nas regiões autónomas.
          BANDEIRA HERÁLDICA DE HASTEAR                       Através de uma agenda que integra eventos de índole militar,
                                                              operacional  e  cultural,  visa  o  estreitar  dos  laços  entre  os
                           A  bandeira  heráldica  de  hastear  da   portugueses e a sua Marinha, que se pretende holística, pronta,
                          Marinha  Portuguesa  foi  aprovada  por   útil, focada, significativa e tecnologicamente avançada.
                          Despacho  do  Almirante  CEMA,  de  30  de
                          maio  de  2014,  publicado  na  OA1  n.º  25,   PATRONO
                          de 18 de junho. Trata-se de uma bandeira   Em  virtude  de  a  divisa  do  Infante  D.  Henrique  ser  o  lema
                          quadrada azul com um golfinho de branco   da  Marinha  Portuguesa,  todos  os  que  nela  servem  são  a
                          entre  quatro  âncoras  do  mesmo  nos   título permanente exortados a desenvolver, de motu proprio,
                          cantões, com os anetes volvidos ao centro.   a  tenacidade,  o  desejo,  a  vontade  e  o  esforço  pessoal  de
          Sotoposto ao golfinho um listel de branco ondulado com a divisa   perfeição e de bem fazer, que eram apanágio do mentor dos
          “Talant de Bien Faire”.                             descobrimentos e percursor da expansão marítima portuguesa.


          26  JUNHO 2022
   21   22   23   24   25   26   27   28   29   30   31