Page 365 - Revista da Armada
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& Nota de Abertura








                                        Sagres







                   urante as cerimónias da larga-           penedia, é penetrar na alma dumpov.o,
                   da  do  navio-escola  «Sagres»,          que no meio de grandes carências eco-
          D levando uma arca com terra de                   nómicas e  depauperado com as guer-
          Aljubarrota para as ilhas da Madeira e            ras com Castela,  soube e quis unir-se
          dos Açores, o reverendíssimo bispo do             sob  a  égide  do  Infante,  procurando,
          Algarve, D.Ernesto Gonçalves Costa,               com esforço, com trabalho, com sacrifi-
          pronumciou um vibrante discurso em                cio, os meios de sobrevivência.
          que afirmou:                                          Sagres é  o  símbolo da  unidade,  o
                                                            ponto  de  convergência  de  todas  as
              Como o castelo de Guimarães é  o
                                                            classes do Reino que, confiando no sa-
          berço  da  nacionalidade,  Sagres  é  o
                                                            ber,  no génio,  na honestidade do In-
          símbolo da arrancada da nossa expan-
                                                            fante, se deram as mãos para a execu-
          são marítima, do desvendar do mar te-
                                                            ção duma empresa que era de todos e
          nebroso povoado de  mitos e  fantas-
                                                            empenhava toda a Nação.
          mas ameaçadores, olugaronde se aco-
          lheram homens ousados,  que tinham
                                                                E  o  discurso  continua,  mas  nós
          em vista o alargamento das fronteiras
                                                            ficamos por aqui. O que fica dito é mais
          do  território  nacional,  o  engrandeci-
                                                            que suficiente para uma profunda me-
          mento da Pátria,  a  propagação da fé.
                                                            ditação ...
              Vir hoje a Sagres é recordar o infan-
                                                                Seremos nós, portugueses de ago-
          te D.Henrique e  a sua escola náutica,
                                                            ra,  capazes  de  repetir  o  milagre  de
          esse homem a  quem Jaime  Cortesão
          chamou o  {(herói, o génio, o místico da          Sagres?
                                                                Tenho fé que sim, se nos unirmos,
          acção,  o  descobridor,  tanto de novas
                                                            como  nessa altura,  coração posto na
          terras,  como  e  acima  de  tudo,  dum
                                                            Pátria,  procurandO  novos  camjnhos.
          Homem Novo)).
                                                                Os marinheiros,  e  neste termo in-
              Vir a Sagres é  lembrar todos esses
                                                            cluo todos os que andam no mar, estão
          h omens que,  depois de consoh"dada a
                                                            prontos,  como  então,  a  responder  à
          independência nacional na batalha de
                                                            chamada  largando  velas  ao  vento ...
          Alj ubarrota,  VÍviam  na  euforia  de  ir
                                                            Embarquem todos com eles.
          mais longe, lançando-se na conquista
          e na descoberta de novas terras, indo
          ao encontro de outros povos e de ou-
          tras culturas.
              Vir a Sagres,  mais do que visitar a
          velha fortaleza e a igreja de N.8 S. 8  das
          Graças,  e  escutar o marulhar das on-
          das batendo nas escarpas agrestes da



                                                                                                            3
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