Page 340 - Revista da Armada
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Pacheco. Aqueles meteram-se ime- buquerque de embarcar à pressa nos de Portugal as cidades mais impor-
diatamente nos paraus de Cochim batéis e paraus que estavam mais à tantcs dessa costa.
com lodos os portugueses que pude- mão. com a gente que põde arranjar. Na viagem de 1502. Vasco da
ram arrebanhar e foram em seu so- para ir em socorro da caravela. En-
Gama fez tributária Quíloa. Na via-
corro. Felizmente. a sua ajuda nâo foi controu-a rodeada de paraus com os gem de 1503. foram feitas tributárias
necessária. Ouando chegaram junto quais lutava corajosamenle, tendo já Zanzibar e Brava. da forma que pas-
dos nossos batéis já estes tinham con- destroçado alguns deles. À vista da
samosarelatar.
seguido pôr o inimigo em fuga , de- notilha de Francisco de Albuquer- Os navios da armada de António
pois de lhe terem malado c ferido que . os paraus de Calicute puseram- de Saldanha , que nesse ano partiu de
muita gente c de lhe lerem afundado -se em (uga. Em resultado deste com-
Lisboa com destino ao cabo Guarda-
dois paraus. bate ficou a caravela tiio arrombada
fui onde se devia manterem cruzeiro.
Em consequência deste combate. que teve de ser posta cm seco para ser separaram-se uns dos outros após a
o Samorim mandou reforçar os pa- reparada! passagem do equador, devido ao mau
raus que bloqueavam a passagem da Sendo tempo de começar a pen- tempo e a crros dos pilotos.
pimenta para Cochim O que levou sar no regresso a Portugal. Francisco A nau de Rui Lourenço Rodri-
Afonso de Albuquerque a dirigir-se ii de Albuquerque deixou em Cochim, gues Ravasco foi a primeira a chegar
Coulão onde obteve autorizaçào para Duarte PHcheco Pereira com uma à ilha de Moçumbique, ponto de esca-
• deixar uma feitoria e conseguiu carre- nau. duas caravelas e dois batéis ar- la obrigatório das naus da índia. tan-
gar as suas naus. mados. guarnecidos porcento e quin- to na viagem de ida como na de volta.
ESIa m'lnobra foi decisiva, pois ze homens. além dos quarenta que fi- Informado de que o seu capitão-ma r
que o Samorim vendo. por um lado, cavam na forta leza. e dirigiu-se para ainda não chegara, Rodrigues Ravas-
que os portugueses. graças à mobili- Cananor. coo depois de ter feito escala em Quí-
dade que lhes conferiam as suas ar- A nau de António do Campo. a loa. resolveu aproveitara tempo para
madas. acabavam sempre por conse- primeira que completara a carga. já ia r"zer presas nas proximidlldes da ilha
a caminho de Lisboa. As três naus de
guir obter as especiarias que deseja- de Z"nzibar que era um dos centros
Afonso de Albuquerque. que tam-
vam e que. por outro lado. niio conse- comerciais mais importantes daquela
guia escoar. devido à guerra. a pi- bém se encontravam carregadas, dei- costa.
menta que tinha nos seus portos. re- xaram a Índia pouco depois. Porém, Mantendo-se a cruzar com a sua
solveu propor negociações de paz a SÓ duas chegaram a Portugal dado nau entre a ilha e o contine nte. du-
Francisco de Albuquerque. Feita que uma se perdeu na barra de Quí- rante cerca de dois meses. conseguiu
esta . põde ir uma nau portuguesa car- loa. Por fim , a 31 de Janeiro de 1504. apresar mais de vinte zambucos (em-
foi a vez de partir Francisco de Albu-
regar a Cranganor. barcações semelhantes aos paraus in-
querque na companhia de Nicolau
Tudo parecia resolvido. quando o dianos) carregados de mantimentos e
Coelho (que comandara a «Gé rrio»
feitor de Cochim. estupidamente, outras mercadorias. Quando aque-
na primeira viagem de Vasco da
mandou tomar à (orça um tone de Cu- les. por saberem da sua presença. dei-
Gama). E nada mais se soube a seu
licute carregado de pimenta. em cuja xaram de aparecer, dirigiu-se para
respeito. Desapareceram ambos na
captura fomm mortos alguns malaba- Zanzibar onde fundeou. Pouco de-
viagem sem deixar O mais pequeno
res. Tanto bastou para que o Sarno- pois recebia um recado do sultão da
rasto. Pesquisas feitas posteriormen-
rim interrompesse o fornecimento de . ilha intima Ilda-o a devolver todas as
te na costa de África e na ilha de S.
pimenta e recomeçasse a guerra con- mercadorias que tinha apresado e a
Lourenço (Madagascar) para os en-
tra os portugueses e contra Cochim . entregar a artilharia da sua nau o que,
contrar, n,io deram qualquer resulta-
Procurando desesperadamente do. Tiveram a sina dos muitos navios obviamente. recusou.
obter a pimenta que faltava para Vendo Rodrigues Ravasco que
e marinheiros que o mar, por vezes.
completar o carregamento das suas junto à praia estava embarcando mui-
engole e sepulta nas suas profundezas
naus. Francisco de Albuquerque sem que ninguém saiba onde. nem ta gente de armas em zambucos para
mandou recado aos comerciantes do quando, nem como isso aconteccu. o ir atacar, rcsolveu antecipar-se aos
interior para que a fossem levar a cer- desígnios do inimigo, mandando ar-
to local. afastado de Cochim . onde m:n o batel da nau com um «berço»
enviou uma c.navela e um batel para ZANZIBAR (Oulono de 1503) (pequeno canhão) e embarcar nele
a recolher. Porém, quando estes se cerca de trinta soldados. entre os
dirigiam para O referido local. foram As armadas que todos os anos iam quais alguns espingardeiros. capita·
atacados por quarenta paraus de Ca- à Índia, depois de passar o cabo da neados por Gomes Carrasco, a quem
licute que estavam emboscados à sua Boa Esperança. subiam para norte ao deu ordem de ir combater a flotitha
espera. Travou-se ent:io um furioso tongo da costa oriental da África até inimiga. antes que ela tivesse tempo
combate em-que, apesilrda superiori- às proximidades do cabo Guardafui. para se organizar. (De realçar, mais
dade da artilharia da caravela, os por- donde soltavam rumo para a ilha de uma vcz. o judicioso aproveitamento
tugueses estiveram em risco de ser Angediva (mais tarde. Goa). que os Portugueses faziam dos batéis
derrotados. É de crer que, entretan- Durante esse extenso percurso as das suas naus para fins militares).
to, o vento tivesse caído e que, por ditas armadas aproveitavam geral- . Chegando o batel de Gomes Car-
isso. só o batel tenha podido regres- mente a ocasião, não só para fazer rasco perto dos zambucos inimigos.
sar ,I Cochim para pedir socorro. aguada e meter frescos e lenha . como começou a disparar sobre eleso berço
Mais uma vez. teve Francisco de AI- também para submetcr ao domínio e ns espingardas. causando-lhes mui-
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