Page 342 - Revista da Armada
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danha foi para as imediações do cabo   India.  A terceira  nau da sua armada   Bibliografia: ~ Dl'scobriml'nlo e COllqllista
             Guardafui,  conforme  o  regimento  atrasara-se tanto que não conseguira   tia  flldia  pt"los  POflllgul'Sf"S»  de  Fl'múo  topes
                                                                                 tlf Castan/reda . • Dicadas» de Joâode 8/,rros.
             que tinha, onde permaneceu durante   vencer  o canal de  Momçabique.  Fa-
             algum tempo dando caça às «naus de  zendo a viagem «por fora» da ilha de
             Meca».  Por fim,  dada a grande difi-  S. Lourenço, foi ter a Cochim.
             culdade  que  tinha  de  fazer  aguada
             numa  zona  inteiramente  dominada              Sa/urniflo Monteiro,
             pelos Árabes,  decidiu  seguir para  a                     cap.·m.g.   .***********




                                                     Voz da Abita







                                               nas quentes e boas praias do Algar-               o
   •         CARTAS AO DIRECTOR                ve,  vou para o interior.  Portanto, até
                                               à volta ...  se não for antes, como por   Do capitão José A. Rebelo, pre-
                Dos nossos leitores e amigos re-
                                               lá se diz.                         sidente  da  Agência  de  Setúbal  da
             cebemos a  seguinte correspondên-
                                                  Fins de Agosto.                 Liga  dos  Combatentes,  uma  carta
             cia:
                                                  Já  voltei.  Fartei-me de trabalhar   com  uma  fotocôpia  de  uma  página
                Do  " Pezinhos»,  cabo  M,  lis-  na quinta onde asilei,  limpei os pul-  da  «Ilustração  Portugueza»,  de
             boa, acarta que transcrevemos:    môes do ar viciado com que fui para   1919, com  uma reportagem sobre o
                Fins de Julho de 1987.         lá,  fiz uma cura de ...  boas pingas do   Centro de Aviação Maritima, no Bom
                Vou  de  ferias.  Para  uma  aldeia   Dão.  Vi muitas pessoas conhecidas   Sucesso.
             milenária, alcandorada nas faldas da   -antigamente pobres e hoje cheias   Entre as várias  coisas nela rela-
             serra do Caramulo.  Os vencimentos   de dinheiro, em especial os emigran-  tadas, chama a atenção para a exis-
             de um militar, sobretudo na situação   tes-; vi outras que eram remedia-  tência de um pombal onde se encon-
             da  reforma,  não  dão  para  mais.  E   das  -hoje  a  viver  sabe  Deus   tra  uma  enorme  colecção de  pom-
             mesmo assim, e porque tenho lá fa-  como- com as  terras a monte por   bos-correios,  habilmente  ensina-
             milia que me proporciona uma esta-  não ter quem as .trabalhe; vi que as   dos!. . .).
             dia muito económica!              estradas  continuam  aos  soluços,
                Há quem diga que os reformados   com bocados bons e outros maus; vi   N. R. - Agradecendo a colaboração des-
             e aposentados estão sempre de fé-  milhares  de  automóveis com matrí-  te nosso estimado leitor, esclarecemos que os
             rias. Puro engano! Férias é mudar de   cula estrangeira, pertença de traba-  aviões desse tempo não IInham posto de tele-
                                                                                  grafia a bordo. Por;sso. quando voavam sobre
             ambiente; ir para  a praia ou para o   lhadores  emigrados  que  há  alguns
                                                                                  o mar, levavam uma gaiola com pombos·cor-
             campo; fazer excursões no país ou   anos atrás nem bicicleta sonhavam   relos  que.  em  caso  de  amaragem  forçada.
             no estrangeiro; fugir da barafunda da   ter; vi muitos pinhais devorados pelo   eram  sollos pela  respectiva  tripulação  para
             cidade e arredores,  da poluição, do   fogo,  vi que a sinalização das estra-  Iransportar uma  mensagem a pedir socorro
             barulho  e  da  má-criação  das  pes-  das contínua a ser deficiente -pois,   na qual se indicava a hora e o local do aciden-
                                                                                  le. Os pombos vinham para o pombal. no Gen-
             soas em geral; estar de papo para o   só assim se explica que um amigo,
                                                                                  Iro. ealierareliradaamensagem.
             ar, deitado nas areias de uma praia;   que não é analfabeto, vindo do Porto   Diz o c!alm. Malheiro do Vale.  que enlrou
             descansar  à sombra dos pinheiros ..   para a Mealhada fosse parar a Avei-  para a Aviação Naval muito mais larde (1937).
                Não  é  ficar no  local em que se   ro(I)-; vi que a gente mais velha das   que ainda exislia o tal pombal. mas apenas paI
                                                                                  saudosismo. como recordação do passado.
             vive,  a ver a debandada dos felizar-  aldeias  ainda dá  a  salvação  (bons-
                                                                                     Diz também que se lembra de ouvir con-
             dos  que podem  optar por uma  da-  -dias ou boas-tardes) quando passa   tar,  a esse propós;IO. não se sabe se com ver-
             quelas soluções ou mesmo ir para as   por nós,  ao contrário da gente nova   dade ou mem/ra.  que.  em  21  de Agosto  de
             termas tratar do reumático; não e an-  que não liga a essas coisas. Enfim, vi   1918, um hidroavião  H  Tellle(~.  pilotado pelo
             dar à deriva pelas ruas da cidade a   muita coisa, sobretudo a melhoria do   2.  "-ten.  Azerado de  Vasconcelos. levando o
                                                                                  I. "-mar. arl. Samos Gosta como observador.
             olhar para  as montras ou a coçar o   nível de vida de grande parte da po-  desapareceu nomar. emcondiçôes que ainda
             «rabon  nos bancos dos jardins a ler   pulação, mas vi também muita coisa   hoje são um  mistério. Fazia.  na ocasião.  um
             o jornal de ponta a ponta  ..     má,  em  especial no que respeita a   voo  em  serviço  de  palrulha  aml·submarina
                A verdade e que todos, os refor-  educaçao, segurança das pessoas e   (estava·se na I Grande Guerra). Geme que vi-
                                                                                  via nacosla afirmava ler ouvido um grande es-
             mados  talv.,ez  mais  que  ninguém,   bens,  que  antigamente  era  quase
                                                                                  lrondo no mar. O hidro foi enconlrado par um
             precisamos de férias.             absoluta e hoje começa a ser muito   barco de pesca. ainda a fluluar. sendo o pilolO
                Só que há quem as possa ter e   precária; vi o país a morrer nas suas   retirado  já  morto.  afundando-se.  pouco  de-
             quem  não  possa  (a  concessão  do   tradições de hospitalidade, de corte-  pois. com a praça. Teria o avião largado algu-
             subsídio respectivo só a alguns, aju-  sia e de respeito.  Vi finalmente, com   ma bomba das que levava contra um submari-
                                                                                  no  ? Teria sido abalido por eSle?
             da a fazeresta distinção).        desgosto,  que  começa  a  imperar o
                                                                                     E vem a mais que provavellenda ...  Pas-
                Pois, ao contrário de toda a gente   errado principio de muito tens, muito   sados  dias  sobre  esse  lamenlável  evento.
             que  se  preza,  que vai tostar a pele   "ales; nada tens, nada vales  ..   consla ter sido recebida por alguém uma carta
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