Page 127 - Revista da Armada
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- Homem ao mar! reee por entre as serras de água, E o escaler içou-se, no maior
- Orça, orça! Chega para as com bravos e corajosos marinhei· silêncio; a manobra efectuou·se no
obras da vela grandel Grande e ros, em busca do infeliz. meio da maior tristeza, porque
gávea a barlavento! Larga a bolina - Ei-Io, ainda; lá está, lá está! todos a bordo queriam muito ao
à gávea. Carregal Ala braços! - Rema, rapazes, rema! bom do preto.
E a corveta, segur/ssima na - Ainda o vejo. Santo Deus, No alvoroço provocado pelo
manobra, como que estacou, pare- que ainda pode ser nosso! grito de Homem ao mar ninguém
cendo compreender a necessidade Mas, qual! ... Desapareceu! As tratara de indagar o que dera causa
de nAo seguir nem mais um ponto. ondas galgavam e desdobravam-se a tão triste acontecimento, mas
É uma febre, um delicio, que se com força; o sul continuava a cres- quando o escaler ia já largo sou-
apodera de uma guarnição inteira cer. Diogo, o bom Diogo, pois era bera-se entAo que o gajeiro do
ao grito de Homem ao marl Um ele, o nosso gajeiro, findara ali a sua gurupés, ao saltar do castelo às
companheiro em perigo, um irmão carreira. O escaler, no maior risco, perchas, ou por efeito da caturra-
a braços com a morte, ali, muito conseguiu ganhar o navio, cansa- dela do navio, ou por mal calculado
perto ainda, à nossa vista, e ... uma dos os remadores e encharcados, e balanço, caIra na água, fora envol-
pequena demora ... uma leve hesi- um deles, com a cabeça aberta, por· vido no cachão de proa, surdindo já
tação ... perde·se para sempre! E, que o gato da talha, ao largar da pela aJheta fora. Um moço, que o
por tudo isto, ou seja a bordo de um embarcação, lhe produzira um pro· viu cair. e que estava no castelo, foi
navio de guerra, ou a bordo de um fundo rasgão, quando desengatou. quem deu o primeiro gritai
navio paquete, o efeito é sempre o - Chega para as talhasl Pobre Diogo!
mesmo: grande alvoroço, angtlstia - Grande e gávea a barlavento!
nos que ficam, ansiedade nos que - De encontro o leme!
voam no escaler, em socorro. E o - Ala braços! Ala a bolina à (ln .RevoluÇ<1o de Setembro..
frágil barquinho, trepa e desapa- gávea. por Carlos Leopoldo dos Santos Dinis).
Bibio
«o dique da Ribeira das Naus»
Academia de Marinha acaba A história do dique tem, como diz
de editar o livro .. O Dique da "" ..... "" ....... " ... o autor, .. ( ... ) qualquer coisa de
A Ribeira das Naus_, que cor- humano. Começa por demorada
responde e amplia a comunicação concepção, gestação e parto nor-
do capitão-de-mar-e-guerra António o DIQUE mais, infância feliz, mocidade contur·
Estácio dos Reis àquela Academia, bada, indispensáveis e dolorosas
em sessão plenária de 16 de Outu- DA RlliElRA DAS NAUS operações ( ... ) alé que um dia se
bro de 1986. decide abandoná-lo, como velho que
Em exposição leve, variada e já não serve para nada ...
rigorosa, o autor dá·nos ao longo de É .. romance,. que vale a pena ler.
noventa páginas de texto, ilustrado
com mais de quatro dezenas de gra-
vuras, as vicissitudes da construção
e funcionamento da doca aberta no
local, hoje aterrado, e que constitui
a parte Oeste da parada do Ediffcio
da Marinha.
Iniciada a construção do dique Sousa Machado,
em 1788, por incumbência do minis- cap.-m.-g.
tro da Marinha Mallo e Castro ao brio
gadeiro Bartolomeu da Costa, entra receber navios durante quarenta
nele o primeiro navio - a nau Nossa anos: é uma longa série de proble· N. R. - Este livro n~o foi posto 8: venda.
Senhora da Ajuda e S. Pedro de mas, desde a porta·balel ao esgoto A _RA» agrad«e o 9xemplar oferecido.
Alc~ntara - quatro anos depois. Em da água, passando pela limpeza de
1807, no entanto, o dique deixa de lodos e canal de acesso. *********
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