Page 228 - Revista da Armada
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Batalhas e combates
da Marinha portuguesa (XXVII)
CHAULIDABUL (Abril de 1517) ,
Partir do governo de Afonso de
Albuquerque, a situação políti-
Aco-militar da costa indiana alte-
rou-se profundamente. A guerra com o
Samorim de Calicut tenninara. Para isso,
tinham contribuído, sobretudo, o incên-
dio da cidade quando do ataque do
marechal D. Fernando Coutinho (1509)
e a morte do velho Samorim que f ra
substituído por um irmão favorável aos
Portugueses. Apesar das intrigas dos reis
de Cochim e de Cananar, interessados
na continuação da guerra, Albuquerque
fizera a paz com ele e obtivera auloriza-
ção para construir uma fortaleza junto da
cidade (1514). Para sul de Goa, apenas
havia relações tensas com Coulão, por
causa da destruição da nossa feitoria,
alguns anos antes (1505), mas estavam DECÃO
em vias de normalizar-se. Para norte de
Goa, os Portugueses mantinham. dum
modo geral, boas relações com todas as
cidades, incluindo Diu, onde continuava
a funcionar a nossa feitoria. Somente
com Dabul se mantinha o estado de guer- \@-C~'t
ra desde que D. Francisco de Almeida
atacara a cidade (1509).
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Em 1517, à data em que Lopo Soares • \ <
de Albergaria partiu para o Mar Verme- ,
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lho. a unica preocupação de natureza
militar na COSia indiana era a defesa de "M < ./ \
Goa contra os repetidos alaques do Idal-
cão que ainda não se conformara com a
perda da cidade. No mar. não havia pra-
ticamente nada a temer. Por essa razão,
o capitão de Goa, D. GOlerre, depois da , DABUL
partida do governador, limitou-se a t~J
organizar uma pequena annada de sete
fustas, destinada a patrulhar a costa 10 '" ,,'
norte, cujo comando confiou a seu
sobrinho D. João de Monroi.
Convirá recordar que nos primeiros
anos da conquista da Índia os Portugue-
ses utilizaram principalmente as carave-
las como navios de guerra. Porém, a
partir do governo de Afonso de Albu- as annadas portuguesas da Índia deve- podiam ser mais facilmente construídas
querque, passaram a dar preferência aos riam passar a ser constituidas exclusiva- com recursos locais; durante a «mon-
navios de remo: galés, galeotas, fustas, mente por galés. ção,., ou quando desnecessárias, podiam
ele. O próprio Albuquerque escrevia ao As principais vantagens das galés e, ser varadas em terra, sem se deteriora-
rei, em 1514, emitindo a opinião de que, sobretudo, das fustas (pequenas galés) rem nem fazer despesa; tendo menor
uma vez destruída a annada do Sultão. sobre as caravelas eram as seguintes: calado, podiam mais facilmente fran-
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