Page 382 - Revista da Armada
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liberado, por ter sido gravemente atingido por grana- No 4cVougall - 40 nos mares de Cabo Verde, em
das disparadas dos fortes do Alto do Duque e de 20-2-40, do cargueiro holandês 44Alkmmarll, torpedea-
Almada_ (foi desencalhado por rebocadores e ficou em do por um submarino alemão.
fabricas na Doca de Alcântara até 23-3-38); na barra No "Lima»· 110, em 8·7-42, do paquete inglês «Avi-
de Setúbal, em 15-7-58 (desencalhou pelos seus pró- la Star»; 30, em 11-10-42, do navio inglês KAshbyll; 119,
prios meios, com ligeiras avarias). em 28-1-43, dos navios americanos «Julia Ward Homell
«TejoN - no Tamisa, Inglaterra, em 28-10-57 (enca- e «City of Flinb, todos torpedeados por submarinos
lhou em lodo ao largar de Greenwich com o «Vouga» alemães nos mares dos Açores.
e o "Lima», depois de terem escoltado desde Lisboa No «04011 . 20 em 16-7·40, próximo de Ponta Del-
o «Bartolomeu DiasN que conduziu o Presidente da Re· gada, do navio mercante inglês «British Fame», afun·
pública e comitiva, na sua visita oficial ao Reino Uni- dado por um submarino italiano (os náufragos iam já
do). Entrou em doca seca em Chemess, verificando-se numa baleeira do navio, rebocada por um gasolina da
não ter avarias, seguindo isolado para Lisboa. Capitania do Porto de P. Delgada).
No 44Tejo» - 11 no mar dos Açores, em 5-11-41, do
TEMPORAIS QUE SUPORTARAM palhabote 44Carvalho)) (o navio encontrava-se em difi-
culdades e os seus 11 passageiros passaram para o
De acordo com o que rezam as crónicas - registos
HTejo))); 28, também no mar dos Açores, em 7·9-42, do
oficiais e relatórios consultados pelo comandante Sou- americano 44Jack Carhens)), torpedeado por um subma-
sa Mendes, - não foram muitos os temporais que es·
rino desconhecido.
tes 5 navios sofreram durante a sua vida. É referido
com o «Lima)) um dos valentes, no mar dos Açores, *
num salvamento de náufragos, em 28-1-43, em que o RECORDES
navio deu balanços enormes chegando a inclinações
Do que ficou dito pode deduzir-se que:
de 67 graus! Constam também alguns no «Dão», «Te-
O oficial com mais tempo de comando destes na-
jo» e «Douroll, tendo num deste último havido balan- vios, foi o cap.-ten. Sarmento Rodrigues, no nLimall (3
ços de 60 graus.
anos e 9 meses);
Para os não marinheiros, que não fazem a mínima
Navio que se manteve mais tempo ao serviço - o
ideia do que se sofre nestas condições de tempo, di-
«Vouga» com 34 anos (com menos é o «Douroll, ape-
rei apenas que com balanços superiores a 45 graus já
nas 23);
se anda melhor de pé nas amuradas do que no pavi-
Navio que deu o maior balanço - o 44Limall com 67
mento (respectivamente paredes interiores e sobrado, graus;
para quem não conhece a terminologia naval).
Navio que ieve mais comandantes -«Lima» com 37
Acrescento ainda que quem fez os registos usava
(com menos foi o «Douro)) com 18);
concerteza óculos cor de rosa pois, lembro-me como Navio com maior número de acidentes - uLima))
se fosse hoje, apanhei no «Tejo», algumas tareias que
com 4 abalroamentos e 1 encalhe (com menos foi o
não tiveram honras de figural nos registos e que bem
4Nouga)), sem nenhum);
o mereciam. Numa delas estivemos 2/3 dias sem co-
Navio que salvou mais náufragos -«Lima)) com 259
mida cozinhada porque as panelas se não aguentavam (menos o 44Douro)) com nenhum).
em pé nos fogões e noutra, para transitar no convés,
Unhamos que ir agarrados a uma alça suspensa dum
cabo de vaivém fixado no sentido longitudinal do na- *
vio e, mesmo assim, um homem enrolado numa vaga
Todos sabem que, a par das coisas desagradáveis
que galgou o convés foi atirado violentamente contra
por que passam os marinheiros embarcados, também
um lança-bombas, ao qual se agarrou para não ir bor-
há momentos de descontracção e cenas de bom hu-
da fora, ficando muito mal tratado.
mar. E, é curioso que algumas ficam como tradições
O sar.-aj. Repolho, que trabalha na redacção da re-
dos navios em que se passaram, irradiando dali para
vista, contou que no llDaurOIl, em 1950, navegando em
os outros e para terra. Não constam dos registos ofi-
socorro do navio bacalhoeiro «Cova da Iri8ll, 700 mi·
ciais mas correm pelas cAmaras dos oficiais, alojamen-
lhas a norte dos Açores, andaram 8 dias sem poder
tos dos sargentos e cobertas das praças, fazendo as
cozinhar, tendo o navio sofrido grossas avarias - ba- delicias de quem as ouve.
laústres partidos, jangadas ao mar, carro dos torpedos
Vejamos algumas que aconteceram no «Tejoll ...
também ao mar, etc.!
O navio, estava em comissão de serviço de assis-
Por estes exemplos concluo que muitos outros tem·
tência à navegação, mar1tima e aérea, nos Açores.
porais, dos autênticos, ficaram nos tinteiros dos cro- Comandava-o um oficial muito dinâmico e desemba·
nistas destes navios. Sempre foi assim na nossa
raçado, acerca do qual.o chefe dos pilotos de Ponta
Marinha, somos muito modestos em tudo ... Até nisto!
Delgada dizia que, nos muitos anos de serviço que ti·
nha naquele porto, nunca tinha visto comandante al-
SALVAMENTO DE NÁUFRAGOS gum - da Marinha de Guerra ou Mercante - com mais
Durante a 2.a Grande Guerra muitos foram os náu- geito para manobrar com naviosl
fragos que se salvaram graças ao esforço e abnega- Esse oficial era da Aviação Naval e estava apenas
ção dos nossos marinheiros (sem esquecer os que a fazer os tirocínios de mar a que era obrigado por leI.
então serviam na Aviação Naval). Só nos contratorpe- Pois, como aviador era exactamente a mesma coisa.
deiros, foram: Brincava com os aviões, fossem eles pequenos ou
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