Page 380 - Revista da Armada
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o cap.-m.-g. J.A. de Sousa Mendes, teve a genti- O equipamento - girobússula, asdic, transmissores-
leza, que muito agradecemos, de nos facultar 08 ori- -receptores, sondador e odómetro -era tudo do melhor
ginais do 2. o volume da obra em preparação «75 Anos para a época.
no Mar», na qual, mercê de um trabalho de investi- Máquinas - 2 grupos de turbinas a vapor, 33.000
gação de alguns anOI, faz a história dos navios da CV ao veio, 3 caldeiras e 2 hélices, dando a velocida-
Armada, entre 08 anos de 1910 e 1985. Será assim de máxima de 36 nós. A autonomia era de 5.000 mi-
a continuação da valia.t •• ima obra da autoria do fa- lhas a 15 nós.
lecido cap.-m.-g. António Marques Esparteuo _Trás A lotação era de 184 homens, oficiais. sargentos
Séculos no Mar (1640 a 1910). composta de 32 volu- e praças.
mes e largamente dUundida na nossa Marinha. *
Escolhemo. este volume porque' o que trata dos
contratorpedeiros da cla ••• • Vouga., que considero TEMPO DE VIDA DOS NAVIOS
as mais sofisticadu máquinu da guerra da nossa Ar- Às vezes, como diz o povo, 05 últimos ~ão os pri-
mada dos último. tempos. I.to sem desprimor de ou- meiros e assim o «Douro» que foi o último a entrar ao
tros que também prestaram relevantes serviços ao serviço foi também o primeira a ser abatido. Tal como
Pais - avisol, submarinos. fragatas, corvetas etc. - qualquer ser humano nasceu em 1936 e morreu em
cujos nome. jamais serio esquecidos. 1959. Teve portanto 23 anos de vida.
Mas às vezes o ditado funciona ... ao contráriol É o
* caso do ccVouga» que sendo o primeiro a entrar ao ser-
viço foi o último a ser abatido (n. 1933 m. 1967 - 34
Esta classe de navios, a que alguém (Mauricio de anos de vida). Dos restantes, o «Dãml viveu 25 anos
Oliveira?), com muita propriedade e imaginação cha- (n. 1935 m. 1960), o «Tejo» 30 (n. 1935 m. 1965) e o
mou os galgos do mar, era constituida por 5 unidades IcLima» 32 (n. 1933 m. 1965).
- cNouga», ccLima», IcDãm), ccTejm) e cIDouro», todos bap-
tizados com nomes de rios de Portugal. *
O primeiro, construido em estaleiro inglês, foi au-
SSOEC aUE DESEMPENHARAM
mentado ao efectivo dos navios da Armada em Junho
de 1933, o segundo em Outubro do mesmo ano, tam- Não é possível, tantas foram eles, enumerar os ser-
bém em Inglaterra e os três últimos, construídos em viços prestados à Marinha e ao Pais, por estes 5 ma-
estaleiro nacional, respectivamente em Janeiro e Ou- ravilhosos navios, durante as cerca de 3 décadas em
tubro de 1935 e em Fevereiro de 1936. que se mantiveram em actividade.
Quer isto dizer que em 3 anos, apenas, se construi- Missões de soberania, diplomáticas, de assistên-
ram 7 navios deste tipo, contando com dois que foram cia no mar -a navios e aviões -, de salvamento de náu-
cedidos à Colômbia. fragos durante a 2.a Grande Guerra, de escolta a
Praticamente eram iguais, por dentro e por fora, navios transportando altas individualidades, exercí-
e só era possível identificá-los pelo seu indicativo, pin- cios de conjunto a nivel nacional e intemacional...en-
tado no costado. fim, não há nada que eles não tenham feitol Alguns
Belos navios, com compartimentos forrados a ma- -ccVouga», ccLima», «Dão» e «Tejo» -, já a dar as últimas,
deira, de formas finas e elegante silhueta, deslocavam ainda cheiraram a guerra do ultramar, na Guiné.
1.500 tons., tinham 100 m de comprimento por 9 de Continuando a comparar os navios com as pessoas,
boca e um calado máximo de 3.5 m. direi que cada um (navio ou pessoa) é para o que nas-
Quanto a armamento: 4 peças de 120 mm, 3 anti- ce, e, no caso concreto dos contratorpedeiros em cau-
-aóreas de 40, 2 reparos quádruplos de tubos lança- sa, não há dúvida que nasceram para actuar entre o
-torpedos de 503 mm, duas calhas lança-bombas de Continente, a Madeira e Açores, o tão badalado trjhl-
profundidade e 2 morteiros lança-bombas. gula estratégico do Atl~tico.
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