Page 300 - Revista da Armada
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Crónica de Timor
Crónica de Timor
No Distrito de Manufahi, Fuzileiros apoiam
e conduzem acções humanitárias
Em Timor, o 2º BI/BLI executa operações de segurança a fim A distribuição de livros e material esco-
de garantir um ambiente de tranquilidade na sua área de lar, a atribuição de roupas aos mais carenci-
ados, a reparação de estradas e a reabili-
responsabilidade e apoia e conduz acções humanitárias. tação de antigas instalações de tratamento
Homens e mulheres deste Batalhão dirigem os seus esforços, do café, permitindo que este produto,
nesse sentido, ajudando o povo timorense a construir a sua essencial para a sobrevivência do povo
deste distrito, volte a ser cultivado, trans-
própria Nação. Os Fuzileiros, da 3ª Força-FZ, encontram-se portado e preparado para a venda local e
integrados neste Batalhão e a partir de Same, localidade onde para a exportação, a construção de viveiros
está aquartelada a respectiva Companhia, cumprem estas de café, a recuperação de áreas públicas
destinadas à futura administração, a ajuda
missões em todo o distrito de Manufahi. em materiais diversos destinados à recons-
trução de um depósito de captação de água
averá oportunidade, certamente, continuar dependente do exterior, dos paí- colectivo, de um campo desportivo, de uma
para a merecida abordagem sobre ses doadores ou, pior ainda, dos interesses passagem aérea sobre um ribeiro facili-
Has operações de segurança que os e das influências das potências mundiais. tando o transito de crianças para a escola, o
nossos ‘Homens do Mar, do lodo e do capim’, Neste enquadramento analítico o poder, apoio à Radiodifusão Portuguesa-Antena 1
têm executado por estas bandas. no território, será necessariamente frágil de na preparação do processo e distribuição
Hoje, por acharmos oportuno, decidimos inicio podendo, em poucos anos, florescer de 5.000 rádios... são só algumas das acções
abordar e desenvolver a segunda das mis- para a prosperidade, caso a cobiça dos que servem para ilustrar o que, por aqui,
sões referidas ilustrando, com dois exem- homens não venha a perturbar a correcta tem sido realizado.
plos, aquilo que se tem feito ao nível do gestão dos recursos naturais e humanos.
apoio e condução de acções humanitárias. Certo é que, ao longo de todos estes anos
Vivendo, durante décadas, na encruzi- trespassados por inúmeros incidentes, este
lhada de conflitos de interesses e ambições povo martirizado ‘sofreu na pele’ os resulta-
territoriais das potências regionais, Timor é dos sempre desastrosos dos conflitos, fican-
presentemente um país em construção, do com marcas difíceis de apagar, pelo
onde os antagonismos parecem circuns- menos ‘até onde se estender a memória
crever-se à luta interna pelo poder. Se con- humana’.
siderar-mos que existe vontade nos políti- Ás cicatrizes deixadas como herança, mor-
cos timorenses, visível não só na forma mente as relacionadas com a habitação e com
como conduzem as campanhas nos princi- a saúde, chamamos – destruição - porquanto
pais centros urbanos como também no as casas foram incendiadas, as mulheres e
esforço despendido na tentativa de fazerem jovens violadas, outras e outros mutilados! Escola de Same após as destruições de Setembro de 1999.
chegar a sua mensagem ao interior mais Está a ser difícil, vai ser muito difícil
profundo, ficará a faltar, apenas, a capaci- esquecer o passado, pelo menos o mais É na área da saúde, que essas acções
dade para levarem por diante os seus recente. humanitárias têm surpreendido os próprios
desígnios. Aí, parece-me, Timor terá de executantes, quer pela dedicação extrema que
As acções huma- se empenham nessas tarefas, quer nos resul-
nitárias são acções tados obtidos. São Fuzileiros, ‘homens de
coordenadas e le- armas’ sujeitos a treinos operacionais inten-
vadas a efeito pelas sivos, quase sempre dirigidos para o com-
Equipas dos Assun- bate, que agora se vêm empenhados no
tos Civis e Militares socorro a doentes em fase terminal, a feridos
dos distritos onde em estado muito grave, a crianças vitimas de
ocorrem e as Com- acidentes ou das recentes atrocidades cometi-
panhias que, tam- das pelo ódio indonésio, numa demonstração
bém nesses distri- clara do desprezo pela vida humana.
tos, têm a respon- Enfim, é o coração a ditar as suas leis, a
sabilidade primária falar mais alto...
pela segurança. No
distrito de Manu- Os casos que a seguir se apresentam,
fahi são os Fuzilei- ilustram, com fidelidade, o parecer que
ros que têm essas temos vindo a apresentar e mostram tam-
obrigações, daí que bém o empenho, esforço e espírito de mis-
o título que encima são destes militares, no sentido de levarem
Apoio humanitário. a presente crónica. por diante os seus propósitos.
10 SETEMBRO/OUTUBRO 2001 • REVISTA DA ARMADA