Page 386 - Revista da Armada
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ENTREVISTA
O Combate da “Vega”
O Combate da “Vega”
Visto da Fortaleza de Diu.
Visto da Fortaleza de Diu.
Livro “A Queda da Índia Portuguesa”-Editorial Intervenção
DIU
Coronel Dias Antunes era em 1961, diziam: “WEST POINT – 1954 – REJECTED”.! unir. Mas de facto o ambiente era excep-
Alferes do Exército, e tinha sido Material antiquado, velho e com efectivos cional. Basta acrescentar que, ainda este
O destacado para uma Companhia de em pessoal cada vez menores! ano, na noite de 17 para 18 de Dezembro
Infantaria, para o longínquo distrito de Diu, nos continuaremos a reunir, como vimos
no então Estado da Índia Portuguesa. É nesta R. A. – Qual era de uma maneira geral, fazendo nos últimos vinte anos! Com o
situação que se encontra na altura do ataque o relacionamento dos militares com a pessoal da Marinha, desde o então
da União Indiana e foi testemunha do com- sociedade civil? Primeiro-Tenente Geraldes Freire, mais
bate da lancha “VEGA”. tarde Seixas Serra e a finalizar Oliveira e
D. A. –A relação entre nós e a popu- Carmo, com todos eles a amizade e con-
R. A. – Em que ano chegou a Diu e em lação civil era a melhor possível, de uma fraternização eram uma constante.
que situação? sincera fraternidade e amizade. Confir-
mámos isso depois da rendição. R. A. – Quando é que notaram altera-
D. A. - Cheguei a Diu em 15 de Junho ções por parte da União Indiana?
de 1960, integrado na Companhia de R. A. – Qual era o efectivo militar
Caçadores nº 3, tendo ficado colocado nessa altura? D. A. –Três meses antes começam a
como Comandante do Pelotão de notar-se os primeiros sintomas de que algo
Acompanhamento (Armas Pesadas), o D. A. – Para além da minha se estava a preparar, com contínuos
qual ficou instalado na Fortaleza. Companhia, havia também o pessoal da sobrevoos de Diu por parte de aviões mi-
Bataria de Artilharia, da PSP, Guarda litares, os quais imaginávamos que estariam
R. A. – Naquela altura, qual era a situação Fiscal, algum pessoal do Comando e, fotografando em pormenor todo aquele
em Diu e na Índia Portuguesa em geral? claro, o Pessoal da Marinha constituído pequeno território. Numa linha de caminho
pela guarnição da lancha “VEGA”, e 3 de ferro que corria cerca da fronteira, tam-
D. A. – De uma grande tranquilidade. O homens da lancha “Folque” dos serviços bém detectámos o transporte inusitado de
Governador, Sr. General Vassalo e Silva hidrográficos, num total aproximado de tropas, canhões etc., num aparato militar
estava a fazer um excelente trabalho e, eco- 350 homens. Pessoal civil, natural da tremendo. O Comando recebeu infor-
nomicamente, a Índia Portuguesa era das Metrópole, não havia ninguém. mações que lhe confirmavam a deslocação
poucas províncias ultramarinas que não para os arredores de Diu de tropas e mate-
constituía encargo para o governo português. rial de guerra (efectivos calculados em
Já sob o ponto de vista militar a situação era R. A. – Havia grande confraternização cerca de 4.500 homens).
difícil. Sem entrar em mais pormenores basta entre os ramos?
que lhe diga que os cunhetes das munições R. A. – Em Diu havia um plano para
de Morteiro de que dispúnhamos, tinham na D. A. –A natural defesa para um grupo enfrentar as Forças Indianas em caso de
tampa uns carimbos, de cor vermelha, que pequeno, numa terra tão pequena é a de se invasão?
24 DEZEMBRO 2001 • REVISTA DA ARMADA