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Capitão-de-Mar-e-Guerra António da Cunha Aragão.
Nessa altura, outra fragata inimiga era
atingida e substituída por uma nova
unidade.
Ao assumir o comando, o Imediato,
Capitão-de-Fragata Pinto da Cruz viu-se
confrontado com a destruição prematura
da instalação propulsora, pois o Chefe do
Serviço de Máquinas (que perdera as
comunicações com a ponte) entendera a
ordem de abertura das válvulas de fundo
para alagar os paióis a ré como o início do
plano de destruição do navio. Não lhe
restou, então, outra alternativa senão
ordenar o encalhe do navio fora do local
previamente estabelecido (frente à praia
de Bambolim e não à de Dona Paula), o
que aconteceu por volta das 1235.
Verificou, entretanto, o 2º Tenente
Sarmento Gouveia que alguém içara Mas com a torre directora inoperativa, condições de incorporar a defesa em
uma bandeira branca numa das adriças. os circuitos eléctricos avariados, os terra), tendo o Comandante sido trans-
Como estava enrolada na verga de sinais monta-cargas das peças de vante fora de portado numa viatura ao Hospital
(o que tornava praticamente impossível acção e as duas peças de ré encravadas, Escolar de Pangim.
o seu avistamento pelos navios indianos, o “Afonso de Albuquerque” tinha esgo- Cerca das 1300 do dia 19, a guarnição
que prosseguiram o fogo) a adriça par- tado a sua capacidade combatente (efec- foi, por fim, aprisionada. O Comandante
tiu-se quando se tentou arriá-la, acaban- tuara cerca de 400 tiros, tendo infligido das forças indianas deslocou-se pessoal-
do por ser retirada e destruída pelo 1º 18 baixas – 5 mortos e 13 feridos – ao mente ao Hospital Escolar de Pangim
Tenente Martins Gonçalves. inimigo), pelo que, cerca das 1250, foi para visitar o Comandante Aragão e
dada ordem de iniciar o abandono do inteirar-se do estado dos restantes feri-
navio. A bandeira nacional permaneceu dos.
içada. No início de 1962, o “Afonso de
O fogo inimigo prosseguia com grande Albuquerque” seria rebocado para
intensidade, não só em torno do navio Bombaim e, posteriormente, vendido
como também sobre a praia. Mesmo para sucata, após dele terem sido reti-
assim, um grupo de oficiais, sargentos e radas algumas peças, que se encontram
praças regressou ao navio, sempre em exposição num museu naval daquela
debaixo de fogo, numa vã tentativa de cidade.
encontrar uma embarcação que pudesse
transportar o Comandante por mar até ACÇÃO DA LANCHA DE
Mormugão. FISCALIZAÇÃO “VEGA” DURANTE
Em terra, o Capitão dos Portos de A INVASÃO DE DIU
Mormugão(1), Capitão-Tenente Abel de
Oliveira, indicou como local de reunião à Tendo saído de Diu em 17 de De-
guarnição do “Afonso de Albuquerque” zembro, a lancha de fiscalização “Vega”
o Clube Militar Naval, em Caranzalem fundeou frente a Nagoá às 2200 do
(ao abandonar o navio, - a maioria a mesmo dia.
nado - o pessoal não pôde transportar Na madrugada do dia 18, por volta
consigo mais do que algumas armas das 0140, foram ouvidos tiros em terra
1º grumete telegrafista Rosário da Piedade. individuais, pelo que não estava em pela praça de serviço. Alertado por esta,
REVISTA DA ARMADA • DEZEMBRO 2001 21