Page 81 - Revista da Armada
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Um dia na ...
Um dia na ...
Esquadrilha de Helicópteros
Esquadrilha de Helicópteros
A baixa altitude, vindos do
Alfeite, já sob o controlo da
Tower(1), o sopro do rotor
alisando a mareta numa efé-
mera esteira de azeite, surge
na margem da vasta península
do Montijo, por trás do mas-
tro onde, no topo drapeja a
bandeira nacional, o edifício
que uma roda de leme deixa
adivinhar o Comando da
Esquadrilha de Helicópteros
(EH).
esquerda, a cerca de 6 km da Empenhados É que, entre outras inovações, uma simples
entrada da Base Aérea n.º 6, o cais afectiva e efectiva- inversão do sentido de rotação do rotor de
À onde atracam as vedetas e já no mente numa guerra cauda, acabava de trazer tais melhorias à per-
interior da cerca, o parque de estaciona- mais quente que a fria, foi integrados na formance do já consagrado «Lynx» que
mento e, à direita, o vasto conjunto han- STANAVFORLANT que sentimos na carne a podemos dizer que a Esquadrilha foi dotada
gar e placa a que se seguem outros edifí- ausência, já só entre nós, deste impres- dos mais experimentados e, simultaneamente,
cios menores, onde funcionam diversas cindível sensor e arma. dos mais evoluídos helicópteros disponíveis no
oficinas e depósitos. Convencido o governo desta premente competitivo mercado de tão sofisticadas armas.
Ultrapassado o canal que os catamarans(2) necessidade graças a um mais incisivo Pensado para operações ASW é con-
da Transtejo cruzam, faz-se ao heliporto briefing acompanhado de um vídeo mos- vertível para acções de Busca e Salvamen-
onde, na vertical dum enorme H e aproado trando o reparo de ré da “João Belo”(4) to (Search And Rescue - SAR) que hoje, no
ao vento, desce sem contactar o solo para, a hilariantemente mascarado, pela marujada, pós Guerra Fria, assumem contornos mais
cerca de 3 m, e paralelamente à margem, ini- de helicóptero, o rumo das coisas mudou. dilatados no contexto de intervenções de
ciar o Hover Taxi ao longo do Taxi Way de Iniciado o processo de ressurgimento da Manutenção ou mesmo de Imposição de
acesso ao Apron, a placa da Marinha. Componente Aérea da Armada obteve-se da Paz que vêm ocupando as Forças Arma-
Aí, entre o hangar e o talude onde ainda parte da FAP a compreensão, decorrente das, como ainda ocorre em Timor e já
se vêem as rampas previstas para os hidroa- ainda de velhos laços, que permitiu que, tinha ocorrido no Adriático.
viões da antiga Aviação Naval a Tower, por logo em 1990, se iniciasse, em Sintra, a for- Aliás, quando aí nos foi atribuído o
fonia, e o Marshall, por sinais, posicionam- mação dos novos Pilotos Navais, ainda antes comando da Força Naval Internacional, a
-no no Spot onde finalmente aterrou. de se saber quais os helicópteros a adquirir. coordenação de Operações de Helicópteros
Extinta, no ano de 1952, em favor da Quase a par iniciaram-se as obras dos constituiu uma nova e enriquecedora expe-
novel Força Aérea Portuguesa (FAP), só edifícios no local onde melhor se pudesse riência cujo sucesso contribuiu, na altura,
em 1957 se rompe o vínculo humano que conciliar vantagens logísticas e operacio- para o prestígio do Comando português(6).
veiculou a transferência duma cultura nais, naturalmente na Base Aérea do Montijo, Para que a prontidão seja uma realidade
aeronaval que permitiu o entrosamento onde uma estreita convivência vem dando insofismável e susceptível de ser, a qualquer
necessário às manobras conjuntas, lugar a uma mais frutuosa cooperação. momento, posta à prova, são diariamente,
nacionais e internacionais, em que homens Quando no dia 24-09-93, graças ao rigo- em pleno, testados homens e máquinas.
da Armada e da FAP, uns olhando o ar e roso acompanhamento e apertado controlo Foi no confortável Auditório, onde já se
outros o mar, cooperavam em nome dum do Director da então Divisão de Infra- encontravam todos os intervenientes,
passado compartilhado mas assumindo estruturas Navais(5), se inauguraram, na incluindo os pilotos, oficiais da classe de
galhardamente as suas opções. data previamente estabelecida, as insta- marinha, envergando o seu quotidiano
Curiosamente, ninguém poderia, então, lações da Esquadrilha, estava alcançada fato de voo, que, com uma rápida con-
suspeitar que o embarque de helicópteros a com um perfeito sincronismo o objectivo tagem decrescente o Oficial de Serviço às
bordo de fragatas iria revolucionar a luta A/S traçado de dotar a Armada com modernos Operações anunciou «09h20 - Início do
(Anti-Submarine Warfare - ASW) a ponto de, meios aéreos e de lhes assegurar uma base briefing!» com que de imediato arrancaram
em todo o mundo, muitos escoltadores oceâ- funcional onde, primeiro, se integrasse, os trabalhos e em que todos são de tudo
nicos (contratorpedeiros, fragatas e, por vezes, depois, se consolidasse e permanentemente inteirados antes de se distribuírem tarefas.
também corvetas(3) irem recebendo o convés se aperfeiçoasse o know-how técnico e aero- Uma jovem alferes da FAP projecta na
de voo e o hangar de que careciam e onde já naval adquiridos no Reino Unido. tela as cartas meteorológicas do dia e os
nos habituámos a vê-los com as longas pás Aí, em resultado da opção, particular- Metar’s (Meteorological Airfields Situation),
articuladas, alinhadas com a sua fuselagem. mente feliz, pelo «Super Lynx». TAF’s (Terminal Area Forecast) e expõe as
REVISTA DA ARMADA • MARÇO 2001 7