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veram impregnadas sempre de grande pa-
triotismo, qualidade esta que, em sua opi-
nião, se impunha recordar fortemente nos
dias de hoje.
O auditório da Academia encontrava-se
praticamente repleto, pois além dos ha-
bituais membros e convidados, notava-se
ainda a presença de amigos e familiares
dos galardoados e da Família Paço
d’Arcos, tendo-se sentado ainda, como
convidada, na mesa da presidência, a
Exmª. Srª. D. Maria da Graça Paço
d’Arcos, viúva do escritor Joaquim Paço
d’Arcos e ela própria, filha do Comandante
Moura Braz, oficial já falecido e bem co-
nhecido pelo seu notável contributo na
edição dos trabalhos do Almirante Gago
Coutinho.
Entrega do Prémio “Almirante Sarmento Rodrigues” - 2001 ao Prof. Doutor Francisco Contente Domingues. (Colaboração da Academia de Marinha)
“D. Sebastião e o Mar”
“D. Sebastião e o Mar”
a Academia de Marinha, realizou- Seguidamente usou, então, da palavra o a Alcácer-Kibir fossem, na sua quase
-se no passado dia 22 de Janeiro, Coronel Valdez dos Santos o qual esclare- totalidade, construídos em Portugal”.
N uma das habituais sessões culturais, ceu como “D. Sebastião nasceu, como a O orador afirmou então que “quase se
sob a presidência do CALM Rogério de tradição popular dizia, voltado para o pode dizer que as primeiras Leis promul-
Oliveira, Presidente da Academia, em que Mar e com vocação para a Marinha. gadas por D. Sebastião, assinados pelo
o membro emérito Coronel Nuno Valdez Desde muito novo um dos seus maiores seu punho, respeitavam à Marinha”.
dos Santos apresentou uma comunicação prazeres era afrontar as grandes tempes- Referiu-se, ainda, a outra legislação
sob o título “D. Sebastião e o Mar”. tades em frágeis galés”. deste reinado sobre construção de navios
e respectivo armamento e pro-
visões, demonstrando o interesse
real pelos navios e pela defesa
marítima da costa portuguesa,
continental e ultramarina, e
respectivas “atalaias” contra
mouros ou corsários.
Mencionou também o facto de
D. Sebastião nos seus escassos
dez anos de reinado ter planea-
do, quase a nível nacional,
manobras militares que impli-
cariam o emprego, em conjunto
de forças navais e terrestres e
que, no dizer de um autor mo-
derno era “uma singular e estra-
nha ideia em que transparece um
ramo de loucura” (!).
A partir de 1570-71 os conse-
lheiros do Rei foram, contudo,
substituídos por um grupo de
gente moça e estouvada que via,
na campanha militar no Norte de
África, a salvação da crise Na-
cional.
Mesa da presidência na sessão solene e o orador Coronel Valdez dos Santos. Seguia-se um período de per-
guntas e respostas nas quais
Após abrir a sessão, o Presidente dis- Citando leis e documentação antiga houve oportunidade para se esclarecer
pensou-se de apresentar à assistência o sobre a Marinha, esclareceu como algu- melhor aspectos marítimos e navais deste
orador, pelo facto deste ser já bem co- mas leis e regulamentos desse tempo reinado que são muito pouco conhecidos
nhecido de todos pelas suas numerosas sobre navios foram das “mais sábias leis da generalidade das pessoas.
comunicações de índole histórica das Sebásticas”, a ponto de ser possível que
quais fez uma breve resenha. “dos 800 navios da malograda expedição (Colaboração da Academia de Marinha)
REVISTA DA ARMADA • MAIO 2002 23