Page 169 - Revista da Armada
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veram impregnadas sempre de grande pa-
                                                                               triotismo, qualidade esta que, em sua opi-
                                                                               nião, se impunha recordar fortemente nos
                                                                               dias de hoje.
                                                                                 O auditório da Academia encontrava-se
                                                                               praticamente repleto, pois além dos ha-
                                                                               bituais membros e convidados, notava-se
                                                                               ainda a presença de amigos e familiares
                                                                               dos galardoados e da Família Paço
                                                                               d’Arcos, tendo-se sentado ainda, como
                                                                               convidada, na mesa da presidência, a
                                                                               Exmª. Srª. D. Maria da Graça Paço
                                                                               d’Arcos, viúva do escritor Joaquim Paço
                                                                               d’Arcos e ela própria, filha do Comandante
                                                                               Moura Braz, oficial já falecido e bem co-
                                                                               nhecido pelo seu notável contributo na
                                                                               edição dos trabalhos do Almirante Gago
                                                                               Coutinho.

         Entrega do Prémio “Almirante Sarmento Rodrigues” - 2001 ao Prof. Doutor Francisco Contente Domingues.  (Colaboração da Academia de Marinha)




                        “D. Sebastião e o Mar”
                        “D. Sebastião e o Mar”



               a Academia de Marinha, realizou-  Seguidamente usou, então, da palavra o  a Alcácer-Kibir fossem, na sua quase
               -se no passado dia 22 de Janeiro,  Coronel Valdez dos Santos o qual esclare-  totalidade, construídos em Portugal”.
         N uma das habituais sessões culturais,  ceu como “D. Sebastião nasceu, como a  O orador afirmou então que “quase se
         sob a presidência do CALM Rogério de  tradição popular dizia, voltado para o  pode dizer que as primeiras Leis promul-
         Oliveira, Presidente da Academia, em que  Mar e com vocação para a Marinha.  gadas por D. Sebastião, assinados pelo
         o membro emérito Coronel Nuno Valdez  Desde muito novo um dos seus maiores  seu punho, respeitavam à Marinha”.
         dos Santos apresentou uma comunicação  prazeres era afrontar as grandes tempes-  Referiu-se, ainda, a outra legislação
         sob o título “D. Sebastião e o Mar”.  tades em frágeis galés”.        deste reinado sobre construção de navios
                                                                                      e respectivo armamento e pro-
                                                                                      visões, demonstrando o interesse
                                                                                      real pelos navios e pela defesa
                                                                                      marítima da costa portuguesa,
                                                                                      continental e ultramarina, e
                                                                                      respectivas “atalaias” contra
                                                                                      mouros ou corsários.
                                                                                        Mencionou também o facto de
                                                                                      D. Sebastião nos seus escassos
                                                                                      dez anos de reinado ter planea-
                                                                                      do, quase a nível nacional,
                                                                                      manobras militares que impli-
                                                                                      cariam o emprego, em conjunto
                                                                                      de forças navais e terrestres e
                                                                                      que, no dizer de um autor mo-
                                                                                      derno era “uma singular e estra-
                                                                                      nha ideia em que transparece um
                                                                                      ramo de loucura” (!).
                                                                                        A partir de 1570-71 os conse-
                                                                                      lheiros do Rei foram, contudo,
                                                                                      substituídos por um grupo de
                                                                                      gente moça e estouvada que via,
                                                                                      na campanha militar no Norte de
                                                                                      África, a salvação da crise Na-
                                                                                      cional.
         Mesa da presidência na sessão solene e o orador Coronel Valdez dos Santos.     Seguia-se um período de per-
                                                                                      guntas e respostas nas quais
           Após abrir a sessão, o Presidente dis-  Citando leis e documentação antiga  houve oportunidade para se esclarecer
         pensou-se de apresentar à assistência o  sobre a Marinha, esclareceu como algu-  melhor aspectos marítimos e navais deste
         orador, pelo facto deste ser já bem co-  mas leis e regulamentos desse tempo  reinado que são muito pouco conhecidos
         nhecido de todos pelas suas numerosas  sobre navios foram das “mais sábias leis  da generalidade das pessoas.
         comunicações de índole histórica  das  Sebásticas”, a ponto de ser possível que
         quais fez uma breve resenha.       “dos 800 navios da malograda expedição     (Colaboração da Academia de Marinha)
                                                                                       REVISTA DA ARMADA • MAIO 2002  23
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