Page 233 - Revista da Armada
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Atenas, Abril 1957 - O Rei Paulo da Grécia entrega um prémio ao Coman- Diekirch, Abril 1959 - Torneio Internacional de Esgrima. Desfile na Cerimónia
dante Jonet. de Abertura.
Cte. AJ – Eu já estava seleccionado para ir aos Jogos Olímpicos o que constituiu uma surpresa para os cadetes, pois nunca tinham
de Roma. Ao tempo era presidente da Federação de Pentatlo o Ge- tido esse tipo de controlo!
neral Correia Leal, que na altura me recomendou que melhorasse Cte. AJ – Era a consequência dos contactos havidos numa pre-
o tempo da natação. Para tal tive lições com o Professor Yokoshi paração mais avançada.
com o qual obtive progressos notórios. RA – Nessa altura estava no auge da sua carreira como Atleta?
Entretanto surgiu a possibilidade de fazer a viagem da “Volta ao Cte. AJ – Tinha 13 anos de federado em esgrima, tendo por curio-
Mundo” com os cadetes do curso D. Lourenço de Almeida. Embar- sidade vencido numa competição no Luxemburgo o campeão mi-
quei no “Afonso de Albuquerque”, tendo posteriormente na Índia litar de esgrima, que tinha mais anos de esgrima que eu de idade.
mudado para o “Bartolomeu Dias”. O vencedor, sueco, tinha 42 anos de idade, tendo começado a fa-
RA – Quando eu cheguei à Marinha em 1958 o Sr. Comandante zer esgrima aos 8 anos e eu tinha 32 anos de idade e praticamen-
era Professor de Educação Física e Desportos na Escola Naval. Ti- te começado aos 25.
vémos a percepção que nesta área havia objectivos a atingir e que RA – Toda essa actividade está representada em medalhas?
havia cuidados pelo controlo cardio vascular após determinados Cte. AJ – Uma colecção engraçada, numerosa, cerca de 100.
tipos de esforços mais violentos a que não estávamos habitua dos, RA – A seguir à fase de Atleta passou ao Dirigismo?
Cte. AJ – Na Marinha propriamente dita reuniu-se uma comis-
são para organizar os campeonatos desportivos da Armada na qual
faziam parte entre outros, e para além de mim, os Comandantes
Costa Pereira, Pinheiro de Azevedo e o Médico Naval Terenas La-
tino. Começaram então a disputar-se os primeiros campeonatos
das Forças Armadas. Recordo-me, por exemplo, do primeiro cam-
peonato de natação, em que eu fui o treinador, na qual a Mari-
nha obteve o primeiro lugar e de cuja equipa faziam parte atletas
como o actual Presidente do Comité Olímpico de Portugal, o Co-
mandante Vicente de Moura e outros que já nos deixaram, caso
do Comandante Burguete.
Mais tarde fui para a Direcção de Faróis em Moçambique tendo
sido chamado por duas vezes à Metrópole para treinar a equipa
de tiro da Marinha.
RA – Mas para além disso o Sr. Comandante representou a Ma-
rinha em diversos Comités ligados ao desporto ...
Cte. AJ – Eu era membro da Marinha na Comissão de Educação
Física e Desportos das Forças Armadas e integrei várias delegações
a reuniões do Conselho Internacional do Desporto Militar. Estive
no Irão, Paquistão e Marrocos entre outros países.
De uma maneira geral quando terminava uma comissão de ser-
viço normal na Marinha, acabava sempre por regressar à Educação
Física, o que foi sempre uma constante da minha vida.
Hoje em dia com 75 anos cuido da minha preparação física,
faço desporto, jogo ténis e ensino esgrima.
RA – Fazendo um balanço achou por bem empregue o tempo
ligado ao Desporto e à Educação Física?
Cte. AJ – Foi um prazer e uma satisfação muito grande por ter
conseguido manter uma boa forma física que me permitiu fazer
vários salvamentos a náufragos ao longo da minha vida. Depois
e principalmente por ter representado várias vezes o meu País em
eventos internacionais, e mais ainda por sentir ter contribuído de
uma forma efectiva para a implementação da Educação Física na
Marinha e ter sido o 1º Director do Centro de Educação Física da
Armada.
O Comandante Jonet e o Director da R.A. Z
REVISTA DA ARMADA U JULHO 2003 15