Page 232 - Revista da Armada
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Foto: Comité Olímpico de Portugal
O paquete Serpa Pinto largando de Lisboa para as Olimpiadas de Helsínquia
Jonet
em 1952 com a Delegação Portuguesa.
Ricardo Durão, sob a direcção do Professor Marques Pereira.
Tudo isto criou em mim uma responsabilidade acrescida na re-
presentação das cores da Marinha e Nacionais.
Quando fui professor de Educação Física na Escola Naval, du-
rante quatro anos, procurei incutir nos cadetes um elevado vigor
físico e curiosamente dois anos depois, uma série desses meus alu-
nos foram para os Fuzileiros onde suportaram com relativa facili-
dade o duro treino que lhes era exigido, mercê da condição física
imprimida na Escola Naval.
RA – Mas voltando aos Jogos Olímpicos é verdade que fez par-
te da maior delegação de sempre? Eu tinha nessa altura 13 anos
estava em Lisboa e fui assistir à despedida do “Serpa Pinto” na
Rocha do Conde Óbidos.
Cte. AJ – É verdade. Toda a delegação olímpica embarcou no
“Serpa Pinto” que largou do cais da Rocha e na altura registou um
grande eco nos “media” e na população. Durante a viagem íamos
fazendo diversos treinos e a preparação para o desfile inaugural.
RA – O “Serpa Pinto” serviu inclusivé como hotel para toda a
delegação em Helsínquia?
Cte. AJ – De facto assim foi, com excepção dos concorrentes ao
Pentatlo Moderno. As nossas provas eram em Hameenlinna, a cerca
de 100km da capital e foi aí que ficámos durante uma semana.
RA – Sr. Comandante pode-se afirmar que foi uma experiên-
cia inolvidável?
Cte. AJ – Realmente foi para mim uma grande honra ter partici-
pado numa competição olímpica.
RA – Que ficou na memória para sempre!
Cte. AJ – Na altura esta participação criou em mim um incenti-
vo de uma maior participação para os próximos jogos olímpicos.
Aproveitei então o facto para treinar o Pentatlo Militar que tinha
poucas diferenças do Pentatlo Moderno – A natação tinha menos
100m e o tiro era feito com arma de guerra. Durante cinco anos
venci o Pentatlo Militar, tendo igualmente nesse período registado
por duas ou três vezes a vitória no Pentatlo Moderno.
RA – A Marinha facilitou-lhe a vida para se poder dedicar mais
ao desporto?
Cte. AJ – A minha vida foi facilitada, nomeadamente pela acção
do Almirante Sarmento Rodrigues. Nesse tempo ia-se consciencia-
lizando a necessidade de uma maior preparação nas equipas de
outras modalidades, quer a nível militar quer a nível civil, comba-
tendo um pouco a hegemonia do futebol. Foi nessa altura que fiz
parte de uma equipa de esgrima no Luxemburgo e outra vez en-
globei uma equipa de tiro na Grécia.
RA – Posteriormente teve dificuldade em continuar a sua pre-
paração olímpica?
14 JULHO 2003 U REVISTA DA ARMADA