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A “Sagres” e os seus Irmãos
A “Sagres” e os seus Irmãos
6. 3ª Parte – Sagres reira, então Ministro da Presidência, teve
Foto CTEN António Gonçalves conhecimento de que a Marinha Brasileira
havia parado o Guanabara, e que estaria
possivelmente na disposição de vender o
navio. O seu principal objectivo era que a
Marinha Portuguesa não pusesse definitiva-
mente fim aos veleiros, quando aparente-
mente tudo apontava nesse sentido. Pouco
tempo depois já o Comandante Tengarrinha
Pires, se encontrava no Rio de Janeiro para
uma primeira observação do navio. Foram
então encetados os primeiros contactos
com vista a saber qual o verdadeiro estado
em que se encontrava o Guanabara, e quais
as condições exigidas de forma a viabili-
zar a sua cedência à Marinha Portuguesa.
Quando se soube que o próprio presidente
do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira
(31/1/56 – 31/1/61), pretendia oferecer o
A Sagres a navegar no Mar das Caraíbas. navio a Portugal, tudo pareceu muito bem
encaminhado. Não se concretizando de
om o avançado estado de degrada- primeira hipótese colocava riscos difíceis imediato a transferência do navio, devi-
ção do antigo navio-escola Sagres, de poderem ser assumidos; a segunda iria do a circunstâncias várias, pouco tempo
Ce depois do acidente em 1957, que tornar as viagens de instrução muito pouco depois Jânio Quadros foi eleito presiden-
levou à perda do navio te do Brasil (31/1/61 –
alemão Pamir, nove anos 25/8/61). Rodeado por
mais novo, muitos defen- algumas pessoas que de-
diam que o tempo de uma (Arquivo Almirante Horta) fendiam a manutenção
marinha com veleiros era do Guanabara na Ma-
coisa do passado. E que, rinha Brasileira, e mes-
por isso, se deveria apos- mo a sua recuperação
tar numa renovação vira- para poder continuar a
da para navios com ou- navegar, o presidente
tras características e mais Jânio Quadros desistiu
modernos. Uma prova da da intenção do seu an-
importância dos grandes tecessor, de oferecer o
veleiros na formação ma- navio a Portugal. Mas,
rinheira, pelos que defen- ainda assim, foi toma-
diam a sua manutenção, da, durante o seu cur-
residia no facto de muitas to mandato, a decisão
marinhas terem ao seu ser- de vender o navio, tal-
viço navios-escolas, com vez devido ao facto de
estas características. E ha- existir um princípio de
via poucos anos, em 1958, acordo entre as autori-
que a Marinha Alemã ha- Primeira guarnição do navio-escola Sagres, no Funchal - 1962. dades dos dois países,
via construído de raiz o
seu veleiro Gorch Fock, de acordo com os proveitosas e quase
mesmos planos do Guanabara. inúteis; a terceira Comandantes da “Sagres”
A situação em que se encontrava o antigo era considerada de Capitão-tenente Henrique da Silva Horta FEV1962 – SET1965
navio-escola Sagres só permitia uma de três todo inviável, face Capitão-de-fragata Daniel Farrajota Rocheta SET1965 – OUT1969
saídas, na altura devidamente equacionadas à falta de meios e Capitão-de-fragata José Ferreira da Costa OUT1969 – NOV1973
Capitão-de-mar-e-guerra Eurico Serradas Duarte
NOV1973 – MAI1974
e ponderadas: a continuação da sua utiliza- aos custos ineren- Capitão-de-fragata José Ferreira da Costa MAI1974 – MAI1975
ção em grandes viagens oceânicas, com os tes à construção de Capitão-de-mar-e-guerra Fernando Miranda Gomes MAI1975 – NOV1976
riscos daí decorrentes; viagens de instrução um navio novo. Capitão-de-fragata José Martins e Silva NOV1976 – JAN1980
curtas e essencialmente costeiras, por for- No entanto a Capitão-de-fragata Engrácio Lopes Cavalheiro JAN1980 – AGO1982
DEZ1982 – ABR1986
ma a minimizar os riscos; ou, finalmente, aquisição do Gua- Capitão-de-fragata António Homem de Gouveia ABR1986 – OUT1989
Capitão-de-fragata José Castanho Paes
a construção de um novo navio-escola, hi- nabara à Marinha Capitão-de-mar-e-guerra José Malhão Pereira OUT1989 – JAN1993
pótese para a qual o governo alemão, que Brasileira revestiu- Capitão-de-fragata José Rodrigues Leite JAN1993 – OUT1995
recentemente havia construído o seu Gorch se de algumas pe- Capitão-de-fragata Duarte Castro Centeno OUT1995 – OUT1998
Fock, tentou despertar o interesse de Por- ripécias. Em 1959 Capitão-de-fragata António Dias Pinheiro OUT1998 – SET2001
Capitão-de-fragata António Rocha Carrilho
SET2001 –
tugal, oferecendo os respectivos planos. A o Dr. Teotónio Pe-
14 DEZEMBRO 2004 U REVISTA DA ARMADA