Page 112 - Revista da Armada
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Fotografias Antigas, Inéditas ou Curiosas
A Biblioteca da Marinha foi instituída por D. Maria II, em Decreto de 7 de Janeiro de 1845, com o intuito de diffundir as luzes da
Instrucção, e os conhecimentos das Sciencias e Litteratura, como instrumentos proprios para promover a prosperidade publica: E Tendo
ora particular attenção á Classe da Marinha do Estado.
Com o estabelecimento da Biblioteca da Marinha procurou remediar-se a falta da Biblioteca da Real Academia dos Guardas-
Marinhas, criada em 1802, que não regressara do Brasil, depois de para ali ter sido transferida, aquando da ida da Côrte para o Rio
de Janeiro, em 1807, durante as Invasões Francesas.
Instalada no andar nobre do Arsenal da Marinha, a Biblioteca ocupava, juntamente com a Escola Naval e o Museu, uma vasta
área que incluía a Sala do Risco. Foi seu primeiro bibliotecário o Capitão-de-fragata D. Gastão Fausto da Câmara Coutinho, no-
meado por Portaria de 9 de Maio de 1835, que empregou, inicialmente, a sua actividade na escolha do local onde devia funcionar
a Biblioteca. Escolhidas as salas, a fotografia acima apresentada corresponde à sala de leitura, tratou de as mobilar indo buscar as
estantes e algumas das mesas ao “Depósito das Corporações Extintas”, assim se chamava o local no convento de S. Francisco, onde
se reuniram os livros recolhidos das bibliotecas dos conventos após a sua extinção em 1834. Foi aí que D. Gastão levou a cabo a
tarefa de seleccionar os oito mil volumes que viriam a constituir o primeiro fundo da Biblioteca. Este fundo, que contem algumas
das obras mais antigas e valiosas da actual Biblioteca Central da Marinha, inclui temas de Geografia, História, Teologia, Filosofia
e Literatura Clássica, em edições dos mais famosos impressores europeus.
Em 1981, a Biblioteca foi transferida para edifício próprio junto do Mosteiro dos Jerónimos, em Belém, como mostra a figura de baixo.
Foto CAB L Figueiredo