Page 17 - Revista da Armada
P. 17
1TEN MÓNICA PEREIRA MARTINS
1TEN MÓNICA PEREIRA MARTINS
Primeira Piloto Naval
emo-la, agora, diante de nós envergando na «Vasco da Gama». miar. Ficámos aprovados cerca de oito e eu era
o fato de Piloto da Aviação Naval mas RA – Quanto mais não seja pelo monitor do o mais antigo e a Armada convocou-me. Foi
Tconhecemo-nos em 1998, ainda era ca- circuito de televisão existente na ponte... uma questão de sorte.
dete, já no 4º ano, a que é e afinal sempre será TEN PM – E pessoalmente, pois como ofi- RA – Sempre necessária mas ser o mais anti-
a primeira mulher Piloto da Armada, uma das cial de abordagem fiz diversos voos de treino go é, convenhamos, um mérito. E depois?
três primeiras mulheres a frequentar a Escola de guincho. Já tinha um grande contacto com TEN PM – Foi, mais uma vez, tudo feito na
Naval onde, então, dávamos corpo a uma ideia o Helicóptero e com alguns pilotos, já sabia Força Aérea, a Asa Fixa e o Héli. No início, em
tão peregrina como o Colóquio fundador das as missões que faziam. Já não tinha dúvidas Janeiro 2004, na Ota, tivemos, com mais cator-
Jornadas do Mar. Recorda-se? que queria e foi então que concorri. Só havia ze PIL. (Pilotos Contratados da FAP), a Teoria
1º Tenente Pereira Martins – Cla- e em Junho de 2004 fomos para a
ro! Muito bem. Base Aérea n.º 11, em Beja, fazer,
RA – Como foi, Senhora Tenen- até Fevereiro de 2005, na Esquadra
te, a sua carreira até aqui? 101, a Asa Fixa...
TEN PM – Entrei para a Escola RA – Em que avião?
Naval em 1994 e depois, como As- TEN PM – No Epsilon, uma aero-
pirante, até Agosto de 1999 estive nave de instrução e acrobacia.
a estagiar na fragata «Comandante RA – Presumimos que grandes
João Belo», depois de terminado o emoções...
Estágio, já promovida ao posto de TEN PM – Sim, nós não fize-
Guarda-marinha destaquei para a mos acrobacia mas num ou nou-
corveta «João Roby» e depois na tro momento de relaxe o nosso
fragata «Vasco da Gama»... Instrutor fez algumas manobras
RA – Ah! Isso deve ter sido uma acrobáticas.
belíssima experiência. Mas diga- RA – Lado a lado? E a largada?
nos, em que funções? TEN PM – Não, no Epsilon o Ins-
TEN PM – Na «Roby», entre A 1TEN Mónica Pereira Martins. trutor vai atrás, às vezes é... melhor.
Outubro de 1999 e Maio de 2001, fui Chefe duas vagas para a Classe de Marinha e éramos Mas depende das missões.
do Serviço de Operações, portanto além de cerca de vinte. A largada e a Meia Asa foi, claro, muito fes-
fazer quartos à ponte, como todos os oficiais RA – E como foi feita a selecção? tejada... com um grande banho... três vezes...
de Marinha, era responsável pela operação TEN PM – Foi tudo feito na Força Aérea. Nos um em cada largada.
das Armas a Fiscalização da Pesca e a Busca exames psicotécnicos passámos todos mas nos RA – A nós rasgaram-nos a camisa toda, só
e Salvamento. médicos, pensados para jovens de 17 anos, já fiquei com o colarinho que guardo, não po-
RA – E na «Vasco da Gama»? não foi assim e a informação final era apenas dia deixar de ser, como uma relíquia. Há pou-
TEN PM – Aí, depois de termos feito o OST, apto ou inapto. Tudo feito no Hospital do Lu- co, no carro, ouvi o «Volare... nel blu dipinto
o Operational Sea Training, em Inglaterra, di blu... felice di stare la su...» é, não é?
participei em duas STANAVFORLANT’s Conhece?
onde além de Oficial de Quarto à ponte, TEN PM – Conheço e de facto... era as-
fui Adjunto do Oficial Navegador e Res- sim que se sentia o meu instrutor na FAP
ponsável pelas Equipas de Abordagem, que tirava imenso gozo nos momentos em
assim como Chefe de uma das Equipas. que tomava os comandos e eu me sinto.
Isto em 2002 e 2003. Nos sentimos todos...
RA – E por onde andaram? RA – Acreditamos bem.
TEN PM – Em função do 11 de Setem- TEN PM – É uma fase muito gira. É tudo
bro de 2001 e a pedido dos Estados Uni- novo. Nunca tinha voado. Aprendemos as
dos, invocando o artigo 5.º da NATO, Manobras Básicas, a Recuperação de Ati-
permanecemos no Mediterrâneo Oriental tudes Anormais, por aí fora até que pas-
envolvidos na operação «Active Endea- sámos à Esquadra 552 onde tirámos, em
vour», ao largo da Síria, e depois nas ac- oito meses, o Curso Básico de Helicóp-
tividades correntes desta Força Naval. A 1TEN Mónica Pereira Martins e o 1TEN Mendes Coimbra tero, no Alouette III.
duran te o curso de especialização.
RA – E fizeram abordagens? RA – O Héli da Guerra de África...
TEN PM – De facto apenas duas e mesmo TEN PM – Em Outubro de 2005 concluímos
assim com a concordância, como decorre da o Brevet da FAP e recebemos as Asas, a asa...
Lei, do Capitão do navio mercante pois, em dupla, que me foi colocada pelo meu instrutor
águas internacionais, apenas interrogávamos de Epsilon, o CAP PILAV Natalino Pereira!
os navios. Tratava-se de afirmar uma presen- RA – Aí o regresso à Armada...
ça naval. TEN PM – Sim. Agora tratava-se da Qualifi-
RA – E como foi o salto para os Helicóp- cação no Super Lynx Mk 95 com que opera-
teros? mos. O Comandante Antunes Dias foi o nos-
TEN PM – No Estágio de Aspirante visitámos so Instrutor, ele que foi, desde o início, nosso
a Esquadrilha mas só em 2.º Tenentes é que po- tutor naval.
deríamos concorrer. De qualquer modo tive RA – Ah! Portanto o contacto com a Esqua-
oportunidade de contactar com as operações drilha manteve-se sempre...
dos Hélis enquanto Oficial de Quarto à Ponte TEN PM – Sim, sim. Aqui o curso durou um
REVISTA DA ARMADA U JANEIRO 2007 15