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Seminário de Comando                                              REFLECTINDO… XIII
                Seminário de Comando
                              e Controlo                                              COMANDO
                               e Controlo
                                                                                   E DISCIPLINA


                                                                                   disciplina militar é uma das referências
                                                                               A  mais significativas da condição militar;
                                                                               é um elemento fundamental da “cultura” mi-
                                                                               litar. Tal como qualquer valor que caracteri-
                                                                               za uma cultura (e porque os valores culturais
                                                                               não são genéticos), a disciplina é apreendida
                                                                               durante a formação e educação do indiví-
                                                                               duo que ingressa na instituição militar; não
                                                                               se deve pretender impô-la.
                                                                                 Logo no início da carreira o militar aprende
                                                                               a compreender a disciplina, que acaba por ser
                                                                               consentida e vivida. É evidente, no entanto,
               ecorreu no dia 25 de Outubro de  EMA (DCSI), o CMG Almeida Carvalho,  que alguns anos de prestação de serviço permi-
               2006, organizado pelo Director do  abordando “A Visão Naval do C2”, segui-  tem interiorizar melhor os seus princípios.
         DCentro de Instrução de Táctica Na-  do pelo CFR Alves Francisco que abordou   Inerente à vida militar desde os tempos mais
         val, CMG Correia Andrade, e sob a égide  “Os desafios da Interoperabilidade dos  recuados, a disciplina é aceite já como uma tra-
         do Comandante Naval, VALM Vargas de  Sistemas de C2”, e em conclusão o CTEN  dição. Não é pois de surpreender que o Decreto
         Matos, o seminário subordinado ao tema  Boliqueime da Conceição que se referiu ao  que promulga o actual Regulamento de Disci-
         “Os Desafios do Comando e Controlo na  “Planeamento Estratégico de SICA’s na  plina Militar comece por transcrever uma de-
         Marinha”. O evento visou a partilha do  Marinha”. Pelo CN falaram o CFR Malha-  finição de 1913: disciplina é o laço moral que liga
         conhecimento e lançar em debate os prin-  das Teixeira (Div SIC) e o CFR Croca Favi-  entre si os diversos graus da hierarquia militar; nasce
         cipais aspectos doutrinais e procedimen-  nha (Div OPS), tendo-se referido ao “Exer-  da dedicação pelo dever e consiste na estrita e pontual
         tais, bem como abordar os desafios futu-  cício do C2 no COMNAV”. A finalizar  observância das leis e regulamentos militares.
         ros e as possíveis soluções que a tecnologia  as apresentações da manhã, em nome do   Sendo um facto natural a diversidade de
         nos oferece como contributos para o eficaz  CGPM/DGAM, o CFR Rodrigues Macha-  carácter, da maneira de ser e de sentir dos
         e completo exercício da arte do Comando  do abordou o tema “O Exercício do C2 na  elementos da instituição militar, é a discipli-
         e Controlo do Poder Naval, em todas as  DGAM e no CGPM”, ao que se seguiu um  na que os congrega no respeito pelos outros
         suas áreas de actuação.            debate animado com várias intervenções so-  valores que preenchem o Código de Honra
           Tal desiderato foi realçado nas boas-  bre os temas anteriormente expostos.  das Forças Armadas: dever, dedicação, sacri-
         -vindas, proferida pelo Comandante Na-  Após o almoço, os trabalhos reiniciaram-  fício, coragem e lealdade.
         val (CN), salientando que era seu objectivo  -se com as intervenções do 1TEN Vieira   A disciplina obriga à observância das leis
         promover o diálogo e a discussão entre to-  Serra, do Centro de Informações Opera-  e dos regulamentos militares, à obediência
         dos os elementos da comunidade operacio-  cionais da Marinha, sobre o tema “A Par-  ao comando, ao respeito pelos superiores, ao
         nal presentes neste fórum, tendo realçado,  tilha de Informação Operacional”; a que  empenho no cumprimento da missão e ao
         para o efeito, que “O Comando e o Contro-  se seguiu o CFR Teixeira Moreira do CCF,  desenvolvimento da camaradagem.
         lo são o exercício da autoridade investida  abordando “O C2 de Forças Anfíbias”; e   O desenvolvimento permanente de hábitos
         num Comandante para dirigir, coordenar,  finalizando com as apresentações do CFR  de disciplina permite criar uma atitude e um
         accionar e inspeccionar forças militares na  Moita Rodrigues da DN acerca dos “Siste-  comportamento que se revela fundamental
         execução  de Ordens ou Directivas, e que  mas Navais” e do CTEN Bulcão Sarmento  no decorrer das operações mais complexas,
         para o qual há que considerar, os novos  da DITIC relativa aos “Sistemas em desen-  durante as frequentes situações de emergên-
         Equipamentos e Sistemas, o Pessoal (a sua  volvimento”.               cia ou risco no mar e, mais importante ainda,
         formação e treino), as Infra-estruturas de   No final destas alocuções, realizou-se  nas acções de combate.
         Apoio e a Doutrina e os Procedimentos  novo debate animado onde, a tí  tulo de   O comandante adquiriu a preparação ade-
         adoptados de forma a permitir uma supe-  exemplo, o CCF, CALM Carvalho Abreu,  quada e deve ter também adquirido a expe-
         rioridade na utilização da informação no  partilhou alguns episódios vividos com o  riência necessária para o exercício do coman-
         apoio ao decisor – O Comandante”.   exercício do C2 de forças de fuzileiros em  do; deve ser um líder e tem que constituir um
           A afluência a este seminário demonstrou  missões no estrangeiro.     exemplo para os subordinados; sem dúvida,
         bem o interesse pelo tema abordado, pois   O VALM Comandante Naval encerrou  também ele, estando integrado na hierarquia,
         para os 128 lugares disponíveis inscreve-  o seminário agradecendo a todos os pre-  terá que respeitar os princípios da disciplina
         ram-se 168 participantes, representando  sentes, em especial aos palestrantes, sa-  que se referiram.
         o topo das duas vertentes operacionais da  lientando que os seus objectivos tinham   É o comandante que detém a competência
         Marinha, o Comando Naval e o Comando-  sido alcançados uma vez que houve deba-  disciplinar, no exercício da qual poderá re-
         -Geral da Polícia Marítima.        te e discussão, e que muitas questões fo-  compensar ou punir os seus subordinados.
           Para além das intervenções pessoais do  ram respondidas e muitas outras ficaram  Esta competência resulta da função de co-
         CN e do Comandante-Geral da Polícia  para futura meditação. Realçou também,  mando e não do posto do comandante.
         Marítima e Director-Geral da Autoridade  ser primordial tornar todos os sistemas o   O exercício desta competência não pode ser
         Marítima(CGPM/DGAM), durante a sessão  mais “User Friendly” possível, colmatan-  objecto de intervenções externas, pois ela é
         da manhã, foram convidadas a fazer apre-  do algumas das dificuldades impostas pela  inerente ao exercício do comando e é elemen-
         sentações e a debater os assuntos abordados,  relação entre o choque tecnológico e o cho-  to estruturante da instituição militar.
         as seguintes entidades: Pelo EMGFA (DIC-  que de gerações.                                            Z
         SI), o CALM Moraes Soares, abordando  “A                           Z                  António Emílio Sacchetti
         Visão do C2 estratégico nacional”. Pelo               (Colaboração do CITAN)                       VALM
                                                                                        REVISTA DA ARMADA U MARÇO 2007  5
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