Page 82 - Revista da Armada
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A fragata “Álvares Cabral” terminou
A fragata “Álvares Cabral” terminou
o treino operacional em Inglaterra
o treino operacional em Inglaterra
A
fragata “Álvares Cabral” terminou o seu do nas necessidades que se identificam como uma resposta proporcional e gradual às acções
período de aprontamento operacional, mais prementes quando se considera o leque dos supostos agressores. Refira-se, ainda a este
cumprindo o exigente programa de de situações em que uma unidade deste tipo propósito, um episódio curioso que demonstra
treino e avaliação no Reino Unido, o “Portu- possa vir a ser empenhada. Tal inclui a simu- o detalhe que o staff do FOST coloca na exe-
guese Operational Sea Training” (POST), que lação de danos e avarias internas a bordo, que cução de todas as séries. No decorrer de uma
decorreu entre 6 de Novembro e 14 de De- venham a ocorrer por força de acções externas das muitas acções da “milícia”, é raptado um
zembro de 2006. contra o navio. suposto cidadão português, que anteriormente
A preparação de uma fragata da classe “Vas- Nas semanas de treino em terra, com a “Ál- se tinha identificado como um ex-marinheiro
co da Gama” termina com a participação no vares Cabral” atracada na Base Naval HMS que servira com o comandante do navio, em
POST, o que constituiu a validação de todo o Drake, na cidade de Plymouth, foram levados 1984, no patrulha Geba (informação certa-
processo de aprontamento do navio para as a cabo um extenso conjunto de exercícios em mente retirada do currículo que é, obrigato-
suas missões futuras. O POST funciona, de todas as áreas técnicas, de onde se destacam riamente, enviado para o FOST no âmbito da
facto, como uma auditoria literatura pré-OST!).
externa por uma entidade de Nas semanas de mar foram
excelência reconhecida – o efectuadas diversas inspecções
“Flag Officer Sea Training”, ao navio, tendo os exercícios
vulgarmente designado por incidido nas áreas da navega-
FOST. O FOST treina e certi- ção, da marinharia, das ope-
fica todos os tipos de navios rações navais, da propulsão e
de guerra, navios auxiliares energia e da limitação de ava-
e submarinos da Marinha do rias desenvolvendo-se com
Reino Unido e de outras mari- graus de complexidade cres-
nhas, para o emprego em todo cente nas áreas da luta anti-
o espectro das operações na- submarina, luta anti-aérea e
vais, quer em tempo de paz, luta de superfície, e culminan-
quer em situações de confli- do semanalmente nas designa-
to. Conceitos como segurança das guerras de 5ª feira (Weekly
para navegar e para combater, Wars) onde se efectuava a in-
técnicas de combate a incên- tegração da batalha externa
dios e alagamentos, organi- (área das operações) com a
zação geral do navio, defesa batalha interna (áreas do pro-
própria, capacidade de apoio pulsão e energia, armas e elec-
a populações sinistradas, con- trónica, logística e médica), e
dução de operações ofensivas se proporcionava o treino no
e defensivas, são amplamente âmbito de força naval.
treinados e verificados pelo A mais valia do POST si-
avaliadores do FOST durante tua-se sem dúvida no plano
o treino proporcionado ao na- do treino operacional, onde é
vio. A longa tradição do FOST possível interagir com um nú-
no treino e preparação de navios, que remonta os incêndios de porto, os de condução da pla- mero muito alargado de meios. Entre outros,
a 1958, permite-lhe dispor de um vasto leque taforma em modo normal e degradado que foram efectuados exercícios de tiro real de ar-
de ensinamentos e de doutrina que é constan- abrangeram quer a área da propulsão quer a tilharia, utilizando-se áreas próprias e spotters
temente revista e adaptada de acordo com a de produção e distribuição de energia, os de embarcados em helicópteros; operações de
evolução dos cenários onde operaram navios controlo de acessos e de visitantes e os de in- interdição marítima; exercícios de manobras e
de guerra. cidentes à prancha com engenhos explosivos. evoluções; exercícios de pilotagem; exercícios
O treino efectuado no FOST pela fragata Foi também nas semanas de terra que o navio de reboque; operações de reabastecimento
“Álvares Cabral” iniciou-se com uma inspec- participou nos exercícios de maior grau de di- no mar com diferentes tipos de navios (o rea-
ção inicial no dia 06 de Novembro, designada ficuldade, por envolverem uma percentagem bastecedor holandês “Zuiderkruis” e o inglês
por “Material Assessement and Safety Check” muito grande da guarnição e constituírem um “Black Rover”); exercícios avançados de luta
(MASC), que visa a verificação do navio nos grande desafio no plano do Comando e Con- anti-submarina com o submarino convencio-
seus aspectos básicos de segurança e estado trolo, como o “Disaster Exercise” (DISTEX) nal alemão “U-22”, integrando tarefas relacio-
do material. Esta avaliação permite estabelecer onde é prestada assistência humanitária a uma nadas com “Water Space Management” que
o patamar inicial a partir do qual o treino de população ribeirinha afectada por uma ca- colocavam problemas no plano das “Rules of
preparação do navio para combate vai evoluin- tástrofe natural, e o “Ship Protection Exercise” Engagement” (ROE) e o processo de decisão
do, exercitando-se numa primeira fase cená- (SPE), em que o navio é sujeito a uma série táctica; exercícios de luta de superfície com
rios contra ameaças simples, e posteriormente de desafios, , que vão de simples intimidações emprego de helicópteros equipados com mís-
situações de combate em ambiente de multi- a ataques vindos de terra e do rio, simulados seis anti-navio; exercícios de defesa aérea con-
ameaça integrando uma força naval. por pessoal do FOST que encarna uma força tra aeronaves do tipo “Falcon” e “Hawk”, cujos
Após o MASC, teve, assim, inicio um pro- de milícia local que se opõe à presença do na- pilotos são famosos pelo arrojo que colocam
grama de treino de seis semanas, sendo duas vio no porto. Especialmente sensível no caso nas suas acções. De salientar ainda a presen-
em terra e quatro no mar, que se desenrolou do SPE é a definição e implementação de re- ça na área e a participação do porta -aviões da
através de um programa estruturado e foca- gras de empenhamento que permitam ir dando Marinha Inglesa “Ark Royal” em alguns exer-
8 MARÇO 2007 U REVISTA DA ARMADA