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Reencontro da Marinha do Tejo
                    Reencontro da Marinha do Tejo

         A                                  nómica e social, tendo em 1722 sido subs-  acção foi fundamental para a concretização
              Marinha do Tejo, nome que ficou lem-
              brado ao longo dos tempos, identifi-
                                            tituída a antiga estrutura de madeira por  da sua iniciativa - a institucionalização da
              cava as embarcações e a comunidade  pedra, obra paga pelos donos dos barcos e  Marinha do Tejo, ter falado na qualidade de
         de marítimos e de artífices que navegavam  bateiras da vila e do seu termo.  Presidente da Associação dos Proprietários
         e residiam nas suas margens, além
         de ter tido um desempenho rele-                                              do Tejo, foi a vez do Presidente do
         vante durante o período da Expan-                                            Centro Náutico Moitense, Mestre
         são, especialmente no transporte                                             Fotos de CAB L Figueiredo e Arrais das Embarcações Típicas
                                                                                      João Gregório, entregar ao Dr. João
         de apoio logístico aos navios que,                                           Mira Gomes, Secretário de Estado,
         partindo de Lisboa deram novos                                               ao Almirante Melo Gomes, Che-
         mundos ao mundo, interveio em                                                fe do Estado-Maior da Armada e
         acontecimentos determinantes na                                              ao Professor Carvalho Rodrigues
         História de Portugal.                                                        o barrete e a faixa, insígnias de
           Mencione-se o facto de quando                                              fragateiro.
         do cerco a Lisboa, em 1383, uma                                                Seguiu-se a alocução do Almi-
         das suas embarcações ter conse-                                              rante CEMA que se referiu à im-
         guido furar o bloqueio castelhano                                            portância histórica da Marinha do
         e desembarcar na cidade sitiada,                                             Tejo, saudou os promotores do seu
         D. Nuno Álvares Pereira, futuro                                              renascimento e afirmou a disponi-
         Condestável do Reino. Seria so-                                              bilidade da Marinha para através
         bretudo, em inícios do século XIX,                                           do Museu, continuar a apoiar os
         durante as invasões francesas que                                            seus propósitos, na plena certeza
         aquela Marinha confirmou plena-                                               que estaremos a contribuir para o
         mente o seu valor e arreigado por-                                           reconhecimento público de uma
         tuguesismo ao conseguir manter                                               entidade com uma história rica
         livre o acesso a Lisboa, a partir do                                         mas ainda pouco conhecida mas
         rio, transportando pessoal e mate-                                           também para que os cidadãos
         rial para serem empregues na luta                                            sintam a relevância do mar no
         contra o invasor e simultaneamen-                                            seu provir.
         te provocando-lhe sérios revezes                                               Com umas breves palavras o
         com as famosas canhoneiras flu-                                               Secretário de Estado terminou o
         viais, acções estas que foram de-                                            período dos discursos das indivi-
         cisivas para a defesa e protecção                                            dualidades que faziam parte da
         da cidade.                                                                   mesa de honra. No topo do cais e
           Com o objectivo de preservar                                               à esquerda desta mesa encontra-
         o significado histórico-cultural da                                           vam-se as entidades directamen-
         Marinha do Tejo e dinamizar a                                                te associadas à Marinha do Tejo,
         sua acção o Secretário de Estado                                             entre as quais o seu Almirante,
         da Defesa Nacional e dos Assun-                                              ALM Castanho Paes, o Presidente
         tos da Mar promulgou o despa-                                                da Academia de Marinha, VALM
         cho 15899/2008 de 20 de Maio, o                                              Ferraz Sacchetti, o representante
         qual, sucintamente, determina que                                            do Presidente da Sociedade de
         a Marinha, no seu Museu, consti-                                             Geografia de Lisboa, CALM Bas-
         tua um pólo vivo da Marinha do                                               tos Saldanha, o Director do Mu-
         Tejo e a criação de uma Comis-                                               seu de Marinha, CMG Rodrigues
         são que avalie e delibere sobre a                                            Pereira, o Capitão do Porto de
         concepção secular das embarca-                                               Lisboa CMG Augusta Silveira e o
         ções típicas do Tejo e estabeleça                                            Presidente da Associação Naval
         um regulamento próprio que defi-                                              Sarilhense, Sr. José Fernandes.
         na normas e regras que permitam                                                A cerimónia na Moita ficou con-
         delimitar as características dessas                                          cluída com a assinatura do Livro de
         embarcações. Este despacho de-                                               Registos pelos proprietários e arrais
         termina também que a Marinha do                                              das embarcações e a entrega das
         Tejo seja constituída pelas embar-                                           respectivas cadernetas e distintivos.
         cações, proprietários e arrais que                                           Estiveram presentes 45 embarca-
         anualmente se encontrem regista-                                             ções: 22 catraios e 23 canoas do
         dos no respectivo livro, o qual será                                         Tejo, entre as quais a “Boneca”,
         mantido em exposição pública no                                              pertença do Grupo de Amigos do
         Museu de Marinha.                                                            Museu de Marinha.
           Foi na sequência do referido despacho   O evento teve início com uma mensa-  Seguiu-se então o embarque das altas indi-
         que, no passado dia 28 de Junho, se rea-  gem de boas vindas proferida pelo Dr. João  vidualidades e convidados nas várias embar-
         lizou a cerimónia do “Reencontro da Ma-  Lobo, Presidente da Câmara da Moita, a que  cações que navegaram com destino à Doca
         rinha do Tejo” no histórico cais da Vila da  se seguiu a assinatura do termo de abertu-  da Marinha, local onde se realizou um almo-
         Moita, que ao longo dos séculos desempe-  ra do Livro de Registos da Marinha do Tejo.  ço oferecido pelo Almirante CEMA.
         nhou um papel de grande importância eco-  Após o Professor Carvalho Rodrigues, cuja                   Z
                                                                                       REVISTA DA ARMADA U AGOSTO 2008  7
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