Page 137 - Revista da Armada
P. 137

VIGIA DA HISTÓRIA                                                                             9



                                              Os Cartazes
                                              Os Cartazes

              ogo no início do seu estabelecimento na Índia os portugue-  vessem, mesmo quando tivessem capitão inglês ou arvorassem
              ses passaram a exercer um controlo apertado da navegação  bandeira inglesa.
         Lnaqueles mares, só sendo permitida a navegação aos navios   Anos mais tarde a prática deveria continuar a ser usada já que
         portadores de uma autorização, passada pelas autoridades por-  o Vice Rei Marquês de Távora, nas ordens dadas ao Capitão de
         tuguesas, autorização essa designada por “cartaz”.   Mar e Guerra Bernardo Carneiro de Alcáçova, estabelecia, em
           Funcionando como um salvo conduto, nem sempre o cartaz  Novembro de 1751, o seguinte:
         impedia que a embarcação que o detinha fosse objecto de sa-  “E porque muitas vezes as embarcações, que não podem na-
         que, apresamento e, por vezes até, de destruição por parte dos  vegar sem o nosso cartaz, se valem da bandeira de alguma das
         navios portugueses que, frequentemente, andavam “às presas”,  Nações da Europa, trazendo também Capitão, ou Piloto da mes-
         actividade essa que, quando praticada pelos nossos opositores,  ma Nação para inculcarem ser o navio seu, e carregando por sua
         era designada por pirataria.                         conta, se suceder encontrar alguma embarcação sem cartaz nos-
           A prática de utilização de cartazes, que se prolongou por mais  so fareis que se vos apresente o livro da carga, e se for escrito em
         de 250 anos foi forçosamente objecto de acções que a pretendiam  língua Mourisca, ou Gentílica, entendereis não ser de Europeus
         anular isto quando, como por vezes sucedia, não se conseguiam  ... (e o apresareis).
         obter os “cartazes” pelo suborno de um qualquer funcionário.  É bem possível que, tal como acontecia com os navios negrei-
           Uma das maneiras pela qual se procurou evitar a necessidade  ros portugueses que navegavam com passaportes falseados,
         de obtenção de cartaz consistiu no embarque, nas embarcações  também nalgum país asiático, em que era público e notório que
         das nações asiáticas, de um capitão ou piloto europeu quando,  o embarque de capitão e o arvorar da bandeira europeus se des-
         por vezes e até cumulativamente, não arvoraram bandeira de  tinava à não obrigatoriedade do uso do cartaz, existia o ditado
         país europeu, quase sempre a bandeira inglesa.       “Para português ver”.
           O estratagema não deixou de ser percebido pelos portugue-                                           Z
         ses, isso mesmo ressalta da ordem do Rei, de Março de 1697,   Fontes:                       Com. E. Gomes
         para o Vice-Rei ordenando-lhe que deveria mandar apresar to-  Livro das Monções 61 – Viagem para a Índia dos Marqueses de Távora por
         dos os navios que, devendo ser obrigados a ter cartaz, o não ti-  Francisco Raymundo de Moraes Pereira, LISBOA 1753

                                                    NOTÍCIA



                      “SAGA - ÓPERA EXTRAVAGANTE” RECEBE PRÉMIO DA APCT

         ¬ Para além do manifesto suces-                                       te com uma opção estética que vem construindo
         so que o espectáculo “Saga – Ópe-                                     inventivamente há mais de 30 anos, mas que não
         ra Extravagante” obteve junto do                                      exclui a surpresa e, por vezes mesmo, o assom-
         público em geral, aquando da sua                                      bro”. Para a qualidade e mérito deste espec-
         apresentação em 2008, o reconhe-                                      táculo o júri destacou ainda a “vibrante e co-
         cimento é agora expresso  na atri-                                    movente partitura operática de Jorge Salgueiro,
         buição do Prémio da Crítica 2008                                      a que se acrescentava uma impressiva presença
         da Associação Portuguesa de Crí-                                      de 60 músicos da Banda da Armada”.
         ticos de Teatro ao encenador João                                              O reconhecimento público da
         Brites, director artístico d’O Bando,                                        excelência deste trabalho apenas
         companhia de teatro à qual a Ban-                                            vem reforçar a convicção, de to-
         da da Armada se uniu para rea lizar                                          dos quantos nele se empenharam,
         esta “produção ousada que irrompeu                                           acerca do valor da cultura portu-
         no claustro interior do Museu de Ma-                                         guesa, da literatura, do teatro e da
         rinha (em Belém) e que se revelou ori-                                       música, reunidos neste espectá-
         ginal na concepção, arrojada na rea-                                         culo de forma ímpar, valores es-
         lização cenográfica, bem como festiva                                         ses intrínsecos à actividade pro-
         na componente musical e na voz de                                            fissional da Banda da Armada e
         cantores líricos, populares e de heavy/rock”, como refere a nota de          que, uma vez mais, contribuíram
         imprensa da APCT.                                                            para o enaltecimento do prestígio
           Na justificação crítica do prémio pode ainda ler-se que “a din-             da nossa Marinha.
         tinção atribuída pelo júri da APCT a João Brites sublinha o que, no seu                       Jorge Pereira
         trabalho criativo realizado em 2008 com O Bando, se revelou consisten-                            1SAR B




                               LANÇAMENTO DO LIVRO “A LARANJA MACULADA”

            Realiza-se no dia 16 de Abril no Clube Militar Naval, o lançamento do livro “A Laranja Maculada”da autoria do CALM João
          Nobre de Carvalho. O prefácio é do Almirante Castanho Paes e a apresentação será feita pelo VALM Silva da Fonseca.

                                                                                        REVISTA DA ARMADA U ABRIL 2009  27
   132   133   134   135   136   137   138   139   140   141   142