Page 133 - Revista da Armada
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Lançamento do livro
Lançamento do livro
“Sagres - Construindo a Lenda”
“Sagres - Construindo a Lenda”
ecorreu no passado dia 4 de Março, A primeira, porque a obra respeita ao navio perpetuarão no tempo, sejam quais forem as
no Pavilhão das Galeotas, no Museu mais antigo e emblemático ao serviço da nos- conjunturas que o País venha a atravessar. A
Dde Marinha a cerimónia de lançamen- sa Marinha, por onde passaram todas as gera- não ser que Portugal abandone ou renegue
to do livro “Sagres - Construindo a Lenda”, ções de oficiais da Armada que frequentaram a força da sua História e da sua vocação uni-
da autoria do Comandante António Manuel os cursos tradicionais da Escola Naval e se en- versalista, assentes nas sólidas raízes culturais,
Gonçalves. Presidiu à cerimónia o Secretário contram presentemente no activo, começan- económicas e sociais que o ligam ao mar, sin-
de Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos do por V.Ex.ª, Sr. Alm. CEMA, e terminando no ceramente não vejo razões para pensar de
do Mar, Dr. João Mira Gomes, e contou com mais moderno guarda-marinha. outro modo.
a presença do Chefe do Devo, no entanto, co-
Estado-Maior da Arma- meçar por dizer que
da, Almirante Fernando Foto Rui Salta quem deveria estar aqui
Melo Gomes, o Presiden- no meu lugar, de pleno e
te da Vodafone Portugal, merecido direito, seria o
Dr. António Carrapatoso, seu primeiro Comandan-
entidade que patrocinou te, Alm. Silva Horta, que,
a edição do livro, entre só por motivo de se en-
muitos convidados. contrar fora do País, não
Abriu a sessão o Presi- pode estar hoje entre nós
dente da Comissão Cul- a cumprir esta missão,
tural da Marinha, CALM a qual certamente de-
MN Rui de Abreu, que sempenharia com muito
depois de cumprimentar maior brilho e saber do
e agradecer a presença que eu.
das personalidades da Porém, já que tive esta
mesa e da assistência, te- grata oportunidade, pro-
ceu um breve comentário curarei não desmerecer
sobre a biografia do Co- as expectativas de V.Exas
mandante António Gon- Mesa da Presidência. relativamente ao interesse
çalves e sobre o livro ago- deste importante evento,
ra editado pela CCM que, como referiu, “muito A segunda, por ter tido a honra e o grande evocativo de um carismático navio que repre-
honra a editora”. privilégio de ter sido Comandante deste navio, senta expressivas parcelas da História de três
Classificando a obra “Sagres – Construindo durante cerca de três anos e meio, dos quais Marinhas, ao longo das últimas sete décadas,
a Lenda” como “obra exaustiva, da paixão de guardo as melhores recordações de toda a mi- e em que naturalmente se realça a da Marinha
um marinheiro pelo navio que fez seu”, salien- nha carreira profissional; portuguesa, tão rica e detalhadamente descrita
tou depois o facto do seu autor ser licenciado A terceira, porque entendo que o seu autor na obra em apreço.
em História e Mestre em Historia dos Desco- teve o indiscutível talento e mérito de produzir Na verdade, com os seus actuais 71 anos de
brimentos e da Expansão idade, o navio já passou
Portuguesa, em paralelo por quatro nacionalidades
com a sua carreira naval. e teve três nomes: a ale-
E não obstante ser Foto CAB L Figueiredo mã, sua nacionalidade de
ainda um jovem oficial, origem, responsável pelo
acrescentou, ter já no seu seu projecto, construção e
activo duas obras sobre lançamento à água em 30
dois navios emblemáticos de Outubro de 1937, com
da Marinha – o “Creoula” o nome de “Albert Leo
e agora esta completís- Schlageter”, e onde per-
sima biografia da nossa maneceu ao serviço da
“Sagres”, “fruto de onze Marinha alemã até 1945,
anos de trabalho” e que portanto, num total de 8
“ambos Livro e Autor pas- anos; a norte-americana,
sarão à posteridade”. até 1948, em que este-
Falou de seguida o Al- ve a aguardar 3 anos por
mirante J.M. Castanho uma decisão sobre o seu
Paes sobre a obra “Sagres futuro; a brasileira, onde
– Construindo a lenda” e foi rebaptizado com o
o seu autor. nome de “Guanabara” e
Depois de cumprimen- Aspecto da assistência. se manteve ao serviço da
tar a Mesa e a assistência afirmou: uma obra, a todos os títulos notável, que cons- Marinha brasileira até 1961 (mais 13 anos); e,
Recebido o honroso convite do Senhor Presi- titui uma referência marcante, e certamente de por fim, a portuguesa, com o tradicional nome
dente da Comissão Cultural da Marinha para co- consulta obrigatória, para qualquer estudioso de “Sagres”, o mesmo da velha barca sua ante-
mentar esta obra e o seu conteúdo, por ocasião futuro que a queira continuar ao longo dos cessora, assim se mantendo ao serviço da Ma-
do respectivo lançamento, é com o maior gosto muitos anos que o navio ainda terá para viver, rinha portuguesa já lá vão 47 anos.
que o vou fazer, por três ordens de razões: pressupondo que a sua utilidade e missões se Os cuidados primários que lhe têm sido
REVISTA DA ARMADA U ABRIL 2009 23