Page 209 - Revista da Armada
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VIGIA DA HISTÓRIA                                                                         11



                                       Código de Sinais
                                        Código de Sinais

              anto na Biblioteca Central de Marinha, como na Biblioteca da  deria representar o zero e uma última designada “Igual a todas” que
              Ajuda, existem dois manuscritos iguais que julgo ser dos pri-  representava o algarismo da bandeira içada conjuntamente. No que se
         Tmeiros códigos de sinais em uso em Portugal.  (1)   refere aos sinais nocturnos este código prevê a utilização de 10 sinais,
           Datados de 1796 e 1797 têm por título  “Signaes que a Raynha Nos-  9 de fachos (ou fogueiras) e 1 de fachos e foguetes.
         sa Senhora Manda Estabelecer, e executar em algumas Fortalezas, e   O uso de galhardetes não se encontra contemplado excepto para uma
         outros sítios”.                                      única situação. Pela utilização de uma bandeira, ou associando duas,
           Apesar de terem o mesmo objectivo, informar da aproximação de  elaborou-se uma tabela com 49 itens dos quais 4 ( o 43, 44, 45 e 46) não
         navios a Lisboa, são de conteúdo bem diferente. Em qualquer deles se  se encontram preenchidos. Os itens de 1 a 30 são informativos, referin-
         encontra estabelecido que os sinais, de bandeiras durante o dia e por  do-se a navios que se aproximam, de que tipo são, do seu número, a
         fachos ou fogueiras durante a noite, se iniciariam no Farol do Cabo da  que rumo seguem, de que nacionalidade etc ...
         Roca e transmitidos sucessivamente entre o Forte do Cabo da Roca, o   Os itens de 31 a 41 constituem perguntas, sobre as informações pres-
         Forte das Três Pedras, o Forte dos Oitavos, o Farol da Guia, a Fortale-  tadas, acerca da distância a que se encontram, para onde navegam, se
         za de Cascais, o Forte de S. António, a Fortaleza de S. Julião da Barra,  se aproximaram entretanto e ainda quanto à preparação da defesa. As
         o Forte das Maias, o Forte de Caxias, a Torre de Belém, a Cordoaria, o  respostas a estas perguntas encontram-se à parte, resumindo-se a Sim
         Forte de Alcântara, a Torre das Chagas, o navio que servia de cábrea, um  (Bandeira Igual a Todas) e Não (Bandeira de Cifra) e se for necessário
         guindaste da Ribeira, o observatório da Casa das Formas e o Castelo de  indicação de número, à bandeira correspondente ao número juntamen-
         S. Jorge e bem assim a comunicação até ao palácio de Queluz.  te com um galhardete para significar tratar-se de resposta.
           Para o período nocturno considerava-se ainda a possibilidade de si-  Os sinais 47 e 49 representam ordens, relacionadas com a defesa do
         nalização entre o Farol do Cabo Espichel , a Serra da Arrábida, o Cas-  porto.
         telo de Almada e por fim o Castelo de S. Jorge.        O procedimento de reconhecimento dos sinais também se encontra
           O código de 1796 estabelecia a necessidade de uma vara transver-  igualmente regulado. Em ambos os códigos se salienta que o estipulado
         sal, ao pau da bandeira, para, no caso de falta de vento, se disporem  não invalida as ordens que o Quartel General do Exército estabelecer
         as bandeiras, estabelecia igualmente a necessidade de, nos locais sem  quanto às comunicações das vigias para o Norte do Cabo da Roca.
         gente, haver três homens efectivos para estes serviços, definindo-se   O código de 1797 deve ter tido aplicabilidade e interesse pois, no
         também que, nalguns locais, não se poderiam fazer fogos ou utilizar  seu número de 29 de Agosto de 1801, a Gazeta de Lisboa publicava o
         fachos, casos do Arsenal e da Cábrea e que na Torre das Chagas se de-  seguinte anúncio:
         veriam usar tigelas ou pequenos alguidares com o material usado para   “Regimento de Sinais da Entrada dos navios no porto de Lisboa, no-
         as luminárias.                                       vamente acrescentado com a explicação dos cinco números de 42 a 47
                                                                                              (2)
           As recomendações que se acabam de referir fazem supor que todo  (o que não tem o que corre impresso há dias)  como também os sinais
         o processo era novo e, até então, não praticado.     particulares, praticados nessa ocasião no sítio de Buenos Aires.
           O código de 1796 incluía 3 bandeiras e 3 galhardetes, sendo as ban-  Fontes: Cod. 49-II-51 e Cod 49-II-52 da Biblioteca da Ajuda, Bibliote-
         deiras utilizadas para informar quanto ao número de navios avistados  ca Central da Marinha.  RDd 4 31 e RDd 4 32.
         e os galhardetes para inquirir sobre o avistamento de navios, a sua na-                               Z
         cionalidade e rumo seguido.                                                                 Com. E. Gomes
           No que se refere aos sinais nocturnos encontravam-se previstos 4. O   Notas:
                                                               (1)   É conhecida a utilização anterior de sinais, efectuados por tiros de artilharia, en-
         código de 1797, que se me afigura veio revogar o anterior, já que a sua   tre navios da mesma armada, sinais esses integrados no regimento do capitão mor
         utilização simultânea se afigura impossível, inclui 11 bandeiras, de que   dessas armadas.
         9 representam os algarismos de 1 a 9, uma designada por “Cifra” po-  (2)   Os exemplares analisados têm falta dos cinco artigos 43 a 46 inclusivé.


                Instituto dos Estudos Superiores Militares
                Instituto dos Estudos Superiores Militares
           Apresentação do 2º Curso Complementar Naval de Guerra do ano lectivo 2008-2009

               o passado dia 4 de Maio, no Ins tituto                          do a primeira vez que vai ocorrer duas edições
               dos Estudos Superiores Militares,                               num ano lectivo.
         N teve lugar a apresentação do 2º Curso                                 Frequentam o curso 10 oficiais, dos quais 5
         Complementar Naval de Guerra do Ano Lec-                              CFR e 1 CTEN da classe Marinha, 4 CFR das
         tivo 2008-2009.                                                       classes Médico Naval, Fuzileiro e Engenheiros
           A cerimónia, realizada no Anfiteatro “Gene-                          Navais, ramo AEL e MEC.
         ral Ivens Ferraz”, foi presidida pelo VALM Sa-                           O CCNG é um curso de qualificação que se
         bino Guerreiro, Director do IESM. Assistiram os                       destina “habilitar os oficiais superiores para o
         CALM Mourão Ezequiel Subdirector e Director                           exercício de funções de nível superior na estru-
         do Departamento de Investigação e Doutrina,                           tura orgânica aprovada”. Sendo um “curso de
         MGEN Rovisco Duarte Subdirector e Chefe de                            formação específica”, visa “desenvolver as com-
         Departamento de Ensino, MGEN PILAV Allen Revez Subdirector e Di-  petências necessárias para o exercício de funções de comando, direcção e
         rector do Departamento de Cursos, os Coordenadores da área de ensino,  chefia nos postos de CMG bem como funções de maior nível de respon-
         Chefe do Serviço de Apoio e professores do corpo docente. A apresen-  sabilidade no posto de CFR”. O curso insere-se no modelo de formação
         tação esteve a cargo pelo Director do Curso seguida de breves palavras  dos Oficiais Marinha, assegurando o desenvolvimento de competências
         do Almirante Director do IESM.                       supletivas às conferidas pelo Curso de Promoção a Oficial Superior, arti-
           O Curso irá decorrer durante 12 semanas lectivas e o seu encerramen-  culando-se com o Curso de Promoção a Oficial General, de forma a ga-
         to será em 24JUL09. Constitui a 14ª edição, 4.ª realizada pelo IESM, sen-  rantir um adequado continuum de formação ao longo da carreira.  Z
                                                                                      REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2009  27
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