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Prontamente a “Corte-Real” accionou o de modo a responder o melhor possível, à guição à skiff que entretanto se colocara em
plano de Assistência Humanitária no Mar. aproximação da skiff. fuga. Foi uma perseguição a alta velocida-
Foram prestados cuidados médicos e dispo- No seguimento do ataque, conduzido de, a cerca de 30 nós e, meia-hora depois, a
nibilizados medicamentos, apoio técnico através de tiros de armamento ligeiro para “Corte-Real” tinha já alcançado a skiff que,
na reparação de equipamentos, incluindo a ponte do navio, conforme reportado, com dois motores de 40 cavalos e 8 piratas
o sistema rádio VHF, fornecida alimenta- posteriormente, pelo Comandante do MV a bordo, persistia em manter-se em fuga,
ção, água e cerca de 3000 litros não obstante os avisos verbais para
de combustível. A transferência parar o seguimento. Como tal não
de combustível foi efectuada utili- aconteceu, a “Corte-Real”, depois
zando tanto a semi-rígida como o de devidamente autorizada pelo
bote do navio, através do transpor- COMSNMG1, procedeu à execu-
te sucessivo de jerrycans. Esta ope- ção de tiros de aviso, primeiro para
ração de Assistência Humanitária o ar e depois para a proa da embar-
concluiu-se, já noite dentro, cerca cação, o que veio a forçar a altera-
das 2200h locais, após terminado ção do seu comportamento.
o reabastecimento de combustí- Eram 0948h locais quando a ski-
vel. A Dhow indiana, carregada ff parou com os 8 suspeitos pira-
de carvão vegetal e com destino tas de mãos no ar e mostrando um
final Sharjah, Dubai, nos Emiratos pano branco, em sinal de rendi-
Árabes Unidos, pôde então prosse- ção. Já com o bote dentro de água,
guir mar fora, em segurança e rea- a equipa de boarding rapidamen-
bastecida no essencial, prevendo te se apoderou da skiff, tomando-
efectuar uma paragem na ilha de Transferência de material para a Dhow pela semi-rígida da “Corte-Real”. -a sob controlo. Foram identifica-
Socotra, a leste da Somália, antes dos e registados os 8 tripulantes
do destino final. O Comandan- e, após busca minuciosa, foram
te da Dhow “Vishvakalyan”, em apreendidas 4 metralhadoras AK-
nome da sua tripulação, agrade- 47, 1 RPG com 3 granadas, 2 car-
ceu humildemente esta acção de gas propulsoras para RPG, diversas
salvaguarda da vida humana no munições e 2 escadas metálicas. A
mar que, conduzida pela fragata este armamento somar-se-ia muito
portuguesa, os salvou de destino outro, não fosse ter sido, propo-
incerto, em pleno Oceano Índico. sitadamente, deitado borda fora
Soube-se, entretanto, que a embar- durante a perseguição, conforme
cação alcançou, em segurança, o atestam as imagens entretanto re-
porto de Muscat, na Costa Norte colhidas e que, naturalmente, não
do Sultanato de Omã. Com a sen- pôde ser recuperado.
sação do dever cumprido, a “Cor- No final, os suspeitos piratas fo-
te-Real” prosseguiu a sua missão, ram deixados a bordo da skiff com
rumo a norte, em direcção ao Gol- Equipa médica a trocar informação na Dhow. os meios necessários para pode-
fo de Aden. “Foi a mais gratificante tare- rem demandar, em segurança, a costa
fa conduzida por todos nós desde que Norte da Somália. Pela lei portuguesa, o
cá chegamos”, comentavam muitos dos NRP “Corte-Real”, sem legitimidade para
marinheiros em conversas de corredor. os deter, nada mais poderia fazer.
E para todos nós, aqueles que andam no Pela segunda vez durante a Opera-
mar, certamente que o foi! ção Allied Protector, esta operação foi
No dia 22 de Junho, a 145 milhas a um sucesso. Pela segunda vez a acção
nordeste de Bossaso, na Somália, o NRP concreta da “Corte-Real” evitou que um
“Corte-Real” conduziu mais uma acção navio mercante fosse sequestrado e alvo
que resultou na apreensão de uma eleva- de pilhagem. BZ!
da quantidade de armas e diverso mate- O fim da Operação Allied Protector
rial passível de ser usado em acções de ocorreu a 28 de Junho, já depois do es-
pirataria. Esta eficaz operação iniciou-se treito de Bab El Mandeb, em pleno Mar
após o ataque de uma skiff, ao navio mer- Vermelho. A SNMG1 foi rendida pela
cante “Maersk Phoenix”, de pavilhão de SNMG2, nesta importante missão de
Singapura, que se encontrava a cerca de combate à pirataria, dando assim corpo
4 milhas da fragata portuguesa quando ao compromisso assumido pela NATO de
solicitou auxílio, via VHF. No momento ter uma força empenhada em permanên-
do ataque, a “Corte-Real” encontrava-se a cia nesta AOO (Area of Operations).
escoltar, para leste, no IRTC (International A “Corte-Real”, juntamente com os
Recommeded Transit Corridor), o navio restantes navios da SNMG1, navega ago-
de risco elevado MV Bolan. O “Maersk ra rumo ao Mar Mediterrâneo, estimando
Phoenix”, ao difundir o pedido de socor- atracar, no dia 9 de Julho, na base espa-
ro, recebeu, de imediato, instruções da nhola de Rota, onde, no dia 13 de Julho,
“Corte-Real” para aumentar a velocida- Equipa médica a tratar um Indiano da tripulação da Dhow. se comemorará o NAC (North Atlantic
de até à máxima disponível, e tomar todas “Maers k Phoenix”, foi efectuado o hand- Council) SEA DAY. A esperada chegada a
as medidas anti-pirataria necessárias, desig- over do MV “Bolan” para a fragata turca Lisboa, deverá ocorrer no dia 14 de Julho.
nadamente a utilização de mangueiras em “Gaziantep”, que se encontrava na área a Z
carga do circuito de incêndios e alterações 8 milhas do local da ocorrência, possibi- Colaboração do COMANDO
frequentes de rumo para ambos os bordos, litando assim à “Corte-Real” iniciar perse- DO NRP “Corte-Real”
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