Page 265 - Revista da Armada
P. 265

Almirante ALFLOT (Almirante de la Flota).   Não obstante o planeamento de treino  a acção de comando com uma estrutura
         Em Dezembro de 2005 assiste-se ao fim da  aprovado, segundo a doutrina da EMF o  de relações públicas que possa capitalizar
         Operação Resolute Behaviour e à retirada  empenhamento em RWO tem precedên-  em termos de opinião pública os inerentes
         do Índico e de Dezembro de 2005 a Setem-  cia sobre o calendário de exercícios  e  dividendos de imagem para a EMF, para as
         bro de 2007 a EMF cumpre o seu calendário  parecem estar relativamente próximos da  Forças Armadas e para Portugal.
         de exercícios e não participa em RWO.  aprovação por parte dos países novos em-
                                            penhamentos em Operações Reais. Con- QUE FUTURO?
         O BIÉNIO EM CURSO, SET 2007        cretamente, na última reunião do Comité
         A SET 2009                         Político-Militar em 30 de Abril em Roma,   O provável empenhamento sob a bandei-
                                            foi declarado o apoio de principio a um  ra da UE na Operação Atalanta, enquanto
           Em Setembro de 2007 o Almirante ALFLOT  empenhamento da EMF no Corno de Áfri-  factor de uma maior aproximação entre a
         Vice-Almirante Armada Vadillo passa o Co-  ca. Este regresso ao Índico, para colaborar  estrutura militar da UE e a EMF pode vir a
         mando da EMF ao Almirante CINCNAV, Vi-  no combate ao crescente fenómeno da pi-  ser mais um vector de força, catalisador da
         ce-Almirante Giuseppe Lèrtora (Comandante  rataria, prevê-se que possa ser concretiza-  possibilidade da EMF vir a ser o embrião de
         in Capo della Squadra Navale Italiana).   do através de uma oferta da EMF à União  uma Força Marítima Europeia “alargada”,
           Cedo após a transferência de comando  Europeia com meios navais e capacidade  que no âmbito da PESD possa dotar a União
         nota-se um grande esforço do Almirante  de comando que permita participar e co-  de uma capacidade naval efectiva, comum
         CEMF e das autoridades italianas em bus-  mandar a TF empenhada na Operação Ata-  a todos os estados-membros.
         ca de alternativas para empenho da Força  lanta actualmente em curso, desde que o   A EMF possui valências específicas de
         em Operações Reais. Estas diligências, en-  mandato da UE para a  operação seja pro-  grande relevo e que permitem um espaço
         contram uma resposta afirmativa por parte  longado após Dezembro de 2009.  de actuação próprio e complementar ao pi-
         das nações e a EMF volta ao mar, em RWO,   O comando de Portugal vai assim ocorrer  lar atlântico da defesa e à NATO.
         cerca de 2 anos depois do Índico e menos  num momento em que a EMF já atingiu a   Em termos militares é visível que a EMF
         de 6 meses após a Itá-                                                               atravessa um período de
         lia assumir o comando.                                                               franco desenvolvimen-
         Desta feita a EMF passa                                                              to, afirmação e divulga-
         a operar sob a égide da                                                              ção da sua imagem nos
         ONU,  comandando a                                                                   “fora” internacionais.
         Componente Naval da                                                                  Ao mesmo tempo os re-
         Força de Interposição                                                                centes empenhamentos
         das Nações Unidas no                                                                 em operações reais e os
         Líbano. Esta missão, his-                                                            previsíveis num futuro
         tórica por ser a primeira                                                            próximo, continuam a
         missão de paz com co-                                                                apontar para a viabili-
         mando directo da estru-                                                              dade,  sustentabilidade,
         tura da ONU no mar e                                                                 actualidade e  validade
         por ser a primeira vez                                                               do conceito base subja-
         que a EMF opera sob a                                                                cente à sua criação.
         égide desta organização                                                                Também na vertente
         prolonga-se por 1 ano,                                                               político-militar pare-
         de Março de 2008 a Fe-                                                               ce haver espaço para o
         vereiro de 2009.                                                                     desenvolvimento e re-
           A Operação Impartial Behaviour (OIB)  maioridade, em que se perspectivam gran-  forço da EMF como garante da segurança
         (“nick name” da participação da EMF na  des desafios e que coincide ainda com as  nos mares e como actor de paz na gestão
         UNIFIL) aumenta significativamente a expe-  esperadas celebrações do 15° aniversario da  de conflitos locais ou regionais.
         riência da EMF em operações reais e valida  assinatura dos documentos constitutivos da   Não obstante o clima aparentemente
         mais uma vez o conceito de facilidade de  EMF em Lisboa, em 15 de Maio de 1995.  favorável persistem questões a resolver e
         emprego, de interoperabilidade e de exce-  Na perspectiva indicada, os próximos 2  parece incontornável, a necessidade de
         lente relação custo/eficácia desta força.  anos sob comando nacional, serão um im-  solucionar o ainda pendente “dossier”
           O comando Italiano da EMF decorre de  portante período de continuação da afirma-  Grécia/Turquia o qual condiciona de for-
         Setembro de 2007 a Setembro de 2009 e  ção da EMF, da sua capacidade operacional  ma indelével o futuro.
         durante estes 2 anos, para além da OIB a  e da sua visibilidade a nível internacional.   Nas actuais condições propícias ao de-
         EMF efectua ainda 2 exercícios de guerra de  Este facto, aconselha a investir substancial  senvolvimento e fortalecimento da EMF
         minas e um exercício de cooperação com  e consideravelmente na participação portu-  considera-se ainda fundamental iniciar uma
         a Marinha da Argélia.              guesa por forma a que as Forças Armadas e  profunda reflexão no seio dos 4 estados-
                                            em concreto o COMEUROMARFOR (Co-   -membros que possa vir a produzir uma vi-
         O 2° COMANDO PORTUGUÊS,            mandante Naval) possa dispor de recursos  são concertada sobre as linhas mestras a se-
         SET 2009 A SET 2011                que lhe permitam um desempenho conso-  guir e sobre a EMF do futuro. Torna-se assim
                                            nante com o nível das responsabilidades  imperioso a (re)colocação desta questão no
           No próximo mês de Setembro o coman-  que vai assumir. A Marinha Portuguesa,  centro do debate das quatro Nações, através
         do da EMF passa da Itália para Portugal de-  pela sua parte, dispõe dos meios para asse-  das agendas dos Comités Político-Militar e
         vendo ser entregue pelo actual CINCNAV,  gurar a participação nacional, agora refor-  Interministerial de modo a aproveitar uma
         Vice-Almirante Luigi Mantelli em cerimó-  çados pela recente aquisição das fragatas  oportunidade conjuntural favorável ao  au-
         nia formal em Lisboa ao Comandante Na-  da classe “Bartolomeu Dias”, e dispõe de  mento do peso-específico e da influência
         val, Vice-Almirante Saldanha Lopes. Para  comprovada experiência capaz de supor-  da EMF e consequentemente de Portugal
         os 2 anos de comando nacional encon-  tar o Comando.                  na cena internacional.
         tra-se aprovado o Plano de Treino da EMF    Também, a exposição mediática que                         Z
         (EMFTP ), que servirá de guia às actividades  pode ser prevista, aconselha a mobilizar   Nuno Sobral Domingues
         e exercícios da força.             os recursos necessários de modo a apoiar                          CFR
                                                                                     REVISTA DA ARMADA U AGOSTO 2009  11
   260   261   262   263   264   265   266   267   268   269   270