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Almirante ALFLOT (Almirante de la Flota). Não obstante o planeamento de treino a acção de comando com uma estrutura
Em Dezembro de 2005 assiste-se ao fim da aprovado, segundo a doutrina da EMF o de relações públicas que possa capitalizar
Operação Resolute Behaviour e à retirada empenhamento em RWO tem precedên- em termos de opinião pública os inerentes
do Índico e de Dezembro de 2005 a Setem- cia sobre o calendário de exercícios e dividendos de imagem para a EMF, para as
bro de 2007 a EMF cumpre o seu calendário parecem estar relativamente próximos da Forças Armadas e para Portugal.
de exercícios e não participa em RWO. aprovação por parte dos países novos em-
penhamentos em Operações Reais. Con- QUE FUTURO?
O BIÉNIO EM CURSO, SET 2007 cretamente, na última reunião do Comité
A SET 2009 Político-Militar em 30 de Abril em Roma, O provável empenhamento sob a bandei-
foi declarado o apoio de principio a um ra da UE na Operação Atalanta, enquanto
Em Setembro de 2007 o Almirante ALFLOT empenhamento da EMF no Corno de Áfri- factor de uma maior aproximação entre a
Vice-Almirante Armada Vadillo passa o Co- ca. Este regresso ao Índico, para colaborar estrutura militar da UE e a EMF pode vir a
mando da EMF ao Almirante CINCNAV, Vi- no combate ao crescente fenómeno da pi- ser mais um vector de força, catalisador da
ce-Almirante Giuseppe Lèrtora (Comandante rataria, prevê-se que possa ser concretiza- possibilidade da EMF vir a ser o embrião de
in Capo della Squadra Navale Italiana). do através de uma oferta da EMF à União uma Força Marítima Europeia “alargada”,
Cedo após a transferência de comando Europeia com meios navais e capacidade que no âmbito da PESD possa dotar a União
nota-se um grande esforço do Almirante de comando que permita participar e co- de uma capacidade naval efectiva, comum
CEMF e das autoridades italianas em bus- mandar a TF empenhada na Operação Ata- a todos os estados-membros.
ca de alternativas para empenho da Força lanta actualmente em curso, desde que o A EMF possui valências específicas de
em Operações Reais. Estas diligências, en- mandato da UE para a operação seja pro- grande relevo e que permitem um espaço
contram uma resposta afirmativa por parte longado após Dezembro de 2009. de actuação próprio e complementar ao pi-
das nações e a EMF volta ao mar, em RWO, O comando de Portugal vai assim ocorrer lar atlântico da defesa e à NATO.
cerca de 2 anos depois do Índico e menos num momento em que a EMF já atingiu a Em termos militares é visível que a EMF
de 6 meses após a Itá- atravessa um período de
lia assumir o comando. franco desenvolvimen-
Desta feita a EMF passa to, afirmação e divulga-
a operar sob a égide da ção da sua imagem nos
ONU, comandando a “fora” internacionais.
Componente Naval da Ao mesmo tempo os re-
Força de Interposição centes empenhamentos
das Nações Unidas no em operações reais e os
Líbano. Esta missão, his- previsíveis num futuro
tórica por ser a primeira próximo, continuam a
missão de paz com co- apontar para a viabili-
mando directo da estru- dade, sustentabilidade,
tura da ONU no mar e actualidade e validade
por ser a primeira vez do conceito base subja-
que a EMF opera sob a cente à sua criação.
égide desta organização Também na vertente
prolonga-se por 1 ano, político-militar pare-
de Março de 2008 a Fe- ce haver espaço para o
vereiro de 2009. desenvolvimento e re-
A Operação Impartial Behaviour (OIB) maioridade, em que se perspectivam gran- forço da EMF como garante da segurança
(“nick name” da participação da EMF na des desafios e que coincide ainda com as nos mares e como actor de paz na gestão
UNIFIL) aumenta significativamente a expe- esperadas celebrações do 15° aniversario da de conflitos locais ou regionais.
riência da EMF em operações reais e valida assinatura dos documentos constitutivos da Não obstante o clima aparentemente
mais uma vez o conceito de facilidade de EMF em Lisboa, em 15 de Maio de 1995. favorável persistem questões a resolver e
emprego, de interoperabilidade e de exce- Na perspectiva indicada, os próximos 2 parece incontornável, a necessidade de
lente relação custo/eficácia desta força. anos sob comando nacional, serão um im- solucionar o ainda pendente “dossier”
O comando Italiano da EMF decorre de portante período de continuação da afirma- Grécia/Turquia o qual condiciona de for-
Setembro de 2007 a Setembro de 2009 e ção da EMF, da sua capacidade operacional ma indelével o futuro.
durante estes 2 anos, para além da OIB a e da sua visibilidade a nível internacional. Nas actuais condições propícias ao de-
EMF efectua ainda 2 exercícios de guerra de Este facto, aconselha a investir substancial senvolvimento e fortalecimento da EMF
minas e um exercício de cooperação com e consideravelmente na participação portu- considera-se ainda fundamental iniciar uma
a Marinha da Argélia. guesa por forma a que as Forças Armadas e profunda reflexão no seio dos 4 estados-
em concreto o COMEUROMARFOR (Co- -membros que possa vir a produzir uma vi-
O 2° COMANDO PORTUGUÊS, mandante Naval) possa dispor de recursos são concertada sobre as linhas mestras a se-
SET 2009 A SET 2011 que lhe permitam um desempenho conso- guir e sobre a EMF do futuro. Torna-se assim
nante com o nível das responsabilidades imperioso a (re)colocação desta questão no
No próximo mês de Setembro o coman- que vai assumir. A Marinha Portuguesa, centro do debate das quatro Nações, através
do da EMF passa da Itália para Portugal de- pela sua parte, dispõe dos meios para asse- das agendas dos Comités Político-Militar e
vendo ser entregue pelo actual CINCNAV, gurar a participação nacional, agora refor- Interministerial de modo a aproveitar uma
Vice-Almirante Luigi Mantelli em cerimó- çados pela recente aquisição das fragatas oportunidade conjuntural favorável ao au-
nia formal em Lisboa ao Comandante Na- da classe “Bartolomeu Dias”, e dispõe de mento do peso-específico e da influência
val, Vice-Almirante Saldanha Lopes. Para comprovada experiência capaz de supor- da EMF e consequentemente de Portugal
os 2 anos de comando nacional encon- tar o Comando. na cena internacional.
tra-se aprovado o Plano de Treino da EMF Também, a exposição mediática que Z
(EMFTP ), que servirá de guia às actividades pode ser prevista, aconselha a mobilizar Nuno Sobral Domingues
e exercícios da força. os recursos necessários de modo a apoiar CFR
REVISTA DA ARMADA U AGOSTO 2009 11