Page 312 - Revista da Armada
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submarinos. É a concretização do 2º Progra- res. Constata-se que passadas três décadas do “Eco das Torres”, um pequeno jornal de
ma Naval do século XX. Os conteúdos dos a situação não se alterou. circulação interna, com várias secções, sen-
cursos serão novamente reestruturados e é Foram três anos de um comando sem do uma das mais apreciadas a “Chrónica da
nesse período que se assiste ao grande de- quaisquer problemas, não houve necessida- Unidade”. O termo Universidade da Lezíria,
senvolvimento da Escola de Electrotécnia, de de dar punições significativas e ... ganhei utilizado por vezes quando a voz comum
que além dos habituais cursos de formação muitos amigos. se refere ao G1EA, nasceu nas páginas do
promoverá cursos monográficos, isto é de- Voltando à nossa história de referir que em “Eco das Torres”. De salientar que o “Pré-
dicados exclusivamente a determinada téc- 1979 foi criado o Departamento de Instrução mio Almirante Pereira Crespo”, destinado
nica ou equipamento, facto que constituiu Comum ao qual competia ministrar o ensi- anualmente a distinguir o melhor colabora-
uma novidade na Marinha. São igualmente no das disciplinas e instruções não técnicas dor da Revista da Armada, foi concedido no
montados simuladores na Escola de Máqui- e a realização de cursos de aperfeiçoamento ano de 1990 ao G1EA.
nas. Mais uma vez o ensino acompanha, de em língua inglesa. No apoio à sociedade civil de referir o
perto, a evolução tecnológica. Em meados dos anos 80 começou a pla- “Plano Tejo”, já há anos em vigor, que em
Em 1975 a Escola de Sargentos é extinta near-se outra reestruturação do ensino, ago- caso de acidentes naturais, nomeadamente
assim como a classe de Oficiais do Serviço ra devido à futura incorporação das fragatas inundações, era accionado através da mo-
Geral, sendo en- bilização de meios
tão criado o Cur- anfíbios, lanchas
so de Formação e fuzileiros se-
de Oficiais Técni- diados na Quinta
cos (CFOT) que das Torres. Quan-
passa a ser minis- do das grandes
trado na Escola cheias em inver-
Naval. nos anteriores ti-
A Delegação nha sido impor-
Marítima em 1979 tante a acção da
é transferida para Marinha perante
as suas actuais uma lezíria alaga-
instalações sitas da. Também, entre
no Jardim Cons- outras medidas, a
tantino Palha. utilização da pis-
Cabe-me agora cina por agremia-
incluir um apon- ções desportivas,
tamento pessoal a disponibilidade
nesta história de de alojamentos
presença da Mari- para participantes
nha em Vila Fran- no XIRA CUP, um
ca pois, em Julho festival desporti-
de 1979, fui co- vo internacional
mandar a Escola promovido anu-
de Alunos Marinheiros (E.A.M.) que passou classe “Vasco da Gama”. Era o quarto desa- almente pela autarquia e o fornecimento de
nesse ano à situação de adstrita ao Grupo, o fio que a Marinha enfrentava no século XX. ajuda alimentar, proveniente das sobras do
que na prática significava ficar directamente O primeiro tinha sido a vinda dos navios do rancho que diariamente era encaminhada
dependente do Comandante do G1EA. “Programa Magalhães Corrêa”, o segundo para a Misericórdia de Vila Franca, proce-
A EAM dispunha de um conjunto de ins- as lições da II Guerra Mundial conjunta- dendo esta à sua distribuição, mais consoli-
trutores com larga experiência na formação mente com a entrada na NATO e o tercei- daram o prestígio da Marinha e as boas re-
de grumetes, sendo as praças da classe de fu- ro a chegada dos navios que constituíram lações com a população local.
zileiros e os oficiais e sargentos, na sua gran- a Marinha de África. Agora o problema era Um dos resultados desta situação foi,
de maioria, provenientes da então já extinta mais complexo já que abrangia áreas quase por exclusiva iniciativa da Câmara Muni-
classe de monitores, que tão boas provas vi- desconhecidas como as das novas tecnolo- cipal, a celebração das comemorações, em
nha dando na área da instrução. A Escola era gias ligadas à computarização, os mísseis, 1990, ano em que terminei o comando, do
uma muito eficaz fábrica de fazer marinheiros. as turbinas de gás e os helicópteros. Essas 65º aniversário da presença da Marinha em
Cada incorporação tinha 750 alunos e além da alterações no ensino estavam a acontecer Vila Franca.
instrução militar e cívica era-lhes, em caso de quando, em Outubro de 1988, fui coman- Os meus antecessores tinham feito um
necessidade, proporcionadas aulas de Portu- dar o G1EA. Por curiosidade refiro que sou bom trabalho e eu não fiz mais que conti-
guês e Matemática, leccionadas por professo- o único oficial que teve a honra e o privilé- nuar a tarefa, com a sorte de estar rodeado
res civis devidamente habilitados. Relembro gio de comandar a EAM e o G1EA, facto que de óptimos colaboradores.
os Juramentos de Bandeira, que reuniam lar- muito me orgulho. Na minha carreira naval, já tinha tido co-
gas centenas de familiares e amigos dos gru- Nessa época o Grupo constituía a maior mandos, haveria de ter outros, mas os dois
metes num ambiente bem demonstrativo do entre as Unidades das Forças Armadas Por- passados em Vila Franca ressaltam sempre
profundo respeito e admiração que a popu- tuguesas, formando anualmente cerca de na minha memória.
lação nutria pela sua Marinha. 5.000 homens e tendo uma população mé- O quarto desafio ia entretanto sendo ven-
Cito um episódio que merece uma refle- dia anual, de forma continuada, de cerca de cido e em Janeiro de 1991 a fragata “Vasco da
xão. Após uma dessas cerimónias os pais de 2.500 homens. A missão foi-se cumprindo e Gama”, a primeira da sua classe, é aumenta-
um dos grumetes mostraram-me a sua sa- as várias dificuldades ultrapassadas num da ao efectivo. Começa então a ser planeado
tisfação por terem assistido ao evento e dis- bom ambiente de serviço. Como era habitu- o reordenamento do parque escolar da Ma-
seram-me que o facto para eles mais notório al raramente surgiam militares com desejo rinha que levaria à extinção da sua presen-
tinha sido a Leitura dos Deveres Militares, já de destacar da Unidade e muitos moviam ça em Vila Franca. Assim, em 1993, é trans-
que desde há alguns anos só ouviam falar de influências para vir para o Grupo. Era bem ferida para o G2EA a Escola de Informações
direitos de toda a espécie e nunca de deve- patente o espírito de unidade na publicação de Combate. Esse ano também é importan-
22 SETEMBRO/OUTUBRO 2009 U REVISTA DA ARMADA