Page 393 - Revista da Armada
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Havia amizade e entreajuda entre os timo-  minho. Admito que não devemos ser muito  deste modo, aberta. Continuará para sempre
         renses pequenos e deserdados de então e ha-  críticos, basta pensar que nós próprios, após  aberta, na minha vida, porque sou um ho-
         via amizade entre os marinheiros presentes  a nossa própria revolução, demorámos anos  mem de emoções, ou apenas porque nesse
         naquele navio.  A memória do comandante,  a acertar o passo político e ainda estamos lon-  tempo, como está expresso na citação acima
         que já partiu em missão longínqua, é prova  ge de conseguir acertar o passo económico.   de autor desconhecido, a vida  fazia sentido.
         disso.  Tudo isto me atravessou,  num ápice, a  Isto, é claro, apesar da Comunidade Europeia,  Estávamos do lado dos bons. Sabiamos quem
         memória, na voz e no sotaque da tal senhora.  com toda a sua ajuda à estabilidade política  eram os maus. Estávamos unidos. Poucas ve-
         Estou certo que este mesmo fenómeno já se  e incentivo ao desenvolvimento económico.  zes na vida as coisas me pareceram tão cla-
         passou com os pacientes leitores destas cró-  Não serei eu, portanto, a atirar daqui a pri-  ras. Poucas vezes senti, de tão perto, a  im-
         nicas, sempre que se lembram de situações  meira pedra. Timor, estou certo, acabará por  portância  da consiciência e da vontade de
         em que acreditam que mudaram o mundo (...  achar o seu lugar e o seu carisma.  uns quantos homens livres...
         ou que o mundo lhes mudou...o coração...).   Muitas vezes volto lá, em espírito. Nunca   Parabéns a Timor, pelos primeiros dez
         É  deverás estranho, dirão muitos.  antes me senti tão útil como médico, nem  anos…
           Timor, contudo, não parece na nebelina do  tão valorizado como a pessoa que procuro                 Z
         tempo e da distância, ter encontrado o seu ca-  ser.  A velha ferida de Timor, continua, assim      Doc



                             “Teoria Geral da Estratégia”
                             “Teoria Geral da Estratégia”

              ealizou-se no dia 27 de Ou-                                             O autor salientou a importância
              tubro o lançamento do livro                                           das ligações entre o Estado, as em-
         R“Teo ria Geral da Estratégia – o                                         Fotos CAB L Figueiredo  presas e a Universidade, para o de-
         essencial ao processo estratégico”, da                                     senvolvimento da teoria essencial à
         autoria do Contra-almirante António                                        fundamentação dos processos estra-
         Silva Ribeiro. A cerimónia decorreu                                        tégicos nas relações internacionais e
         no Instituto Superior de Ciências So-                                      empresariais. Referiu-se, igualmente,
         ciais e Políticas (ISCSP), onde o autor                                    às características essenciais do mes-
         é professor catedrático convidado e                                        tre em estratégia como líder, prati-
         lecciona nos Mestrados em Estraté-                                         cante e teórico estratégico, e ao con-
         gia, Relações Internacionais e Estu-                                       tributo que o ISCSP tem dado para a
         dos Africanos.                                                             formação destes especialistas, neces-
           A obra foi apresentada pelo Professor Doutor Adria-         sários aos órgãos do Estado e às empresas.
         no Moreira, que salientou a importância dos estudos             O evento contou com a presença de cerca de duas
         estratégicos realizados no ISCSP desde 1985 e a re-           centenas de pessoas, sendo de destacar a presença do
         levância do contributo dos militares para o ensino e          Chefe do Estado-Maior da Armada e de outras relevan-
         estudo das temáticas estratégicas com interesse para          tes personalidades militares e académicas.
         Portugal.                                                                                             Z



         “Moçambique há um Século, visto pelos Colonizadores”
          “Moçambique há um Século, visto pelos Colonizadores”

               o passado dia 22 de Outubro,                                         gunda leitura crítica” “ultrapassada
               pelas 18.00 horas teve lugar                                         a época dos embalos emancipado-
         Nna Sala de Leitura da Biblio-                                            Fotos CAB L Figueiredo  res dos povos oprimidos e dos com-
         teca Central da Marinha, mais um                                           plexos-de-culpa civilizacionais das
         lançamento de novo livro das Edi-                                          nações ocidentais”. Trata-se nas pa-
         ções Culturais da Marinha.                                                 lavras do compilador de um “mosai-
           “Moçambique há um Século, vis-                                           co de representações que povoaram
         to pelos Colonizadores: campanhas                                          as mentes de pessoas importantes e
         militares, ocupação do território e                                        com elevada responsabilidade poli-
         conhecimento dos povos (1895-                                              ticas e sociais” à época e hoje um
         -1910)” é uma compilação, com no-                                          pouco esquecidos do comum dos
         tas e comentários do Professor Emé-                                        portugueses.
         rito de Sociologia do ISCTE o Doutor                                         Estiveram presentes cerca de qua-
         João Freire.                                                               tro dezenas de convidados com gran-
           Dedicado à memória de seu avô – ex-                de participação de ex-camaradas do Curso da Escola Naval do au-
         pedicionário da campanha de guerra de                tor – Oficial da Armada reformado, bem como muitos colegas do
         1895 em Moçambique – o livro inclui                  Instituto onde leccionou.
         excertos comentados de matérias abor-                 Após uma curta apresentação do Professor Doutor João Freire, pelo
         dadas em “A Guerra de África de 1895”                Presidente da Comissão Cultural da Marinha, CALM MN RES Rui de
         de António Ennes, do”Livro das Campa-                Abreu, a obra foi comentada pelo Dr. Rui Ortigão Neves, terminando
         nhas” e “Moçambique, 1896-1898” de                   a pequena cerimónia com palavras do Professor João Freire.
         Mouzinho de Albuquerque, de “A Campanha do Barué em 1902”   Seguiu-se um agradável momento de convívio, com uma sessão
         de João Azevedo Coutinho e de “Relatório sobre a Ocupação de  de autógrafos, tendo sido o mais novo colaborador das Edições
         Angoche – 1910” de Massano de Amorim.                Culturais da Marinha muito cumprimentado.
           Como o autor refere na sua Apresentação, trata-se de uma “se-                                       Z
                                                                                    REVISTA DA ARMADA U DEZEMBRO 2009  31
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