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Navio-Escola “Sagres”
Volta ao Mundo 2010
8ª PARTE
alonga missão do NRP “Sagres”
prossegue pelos mares interio- seu desempe-
res dos arquipélagos filipino e nho académi-
indonésio. co, uma opor-
tunidade de
A tirada entre Xangai e Díli era a que colocar em prá-
nos preocupava mais por ser realizada tica muitos dos
em plena época alta de tufões e ainda conhecimentos
contra a monção de sudoeste. Como adquiridos, mas
tal, foi planeada com uma velocida- sobretudo uma
de baixa que permitisse compensar a partilha de ex-
corrente contrária e algum desvio que periências que
fosse necessário para evitar o poder em muito valo-
destrutivo das tempestades tropicais. rizará a sua for-
Os factores necessários para a ocorrên- mação.
cia de uma tempestade tropical são a Após o em-
energia, que é dada pela elevada tem- barque, navegá-
peratura da água do mar, a aceleração mos à vela com
de Curiolis, que provoca a circulação, destino ao en-
e uma instabilidade atmosférica
que a inicie. Destes factores e nes-
ta tirada, aquele que nós podemos clave timorense de Oecussi onde
“controlar” é o Curiolis pois esta fundeámos durante algumas ho-
aceleração diminui com a latitu- ras. Ai visitámos o Padrão de Lifau
de, sendo nula no equador. Posto que assinala o ponto onde desem-
isto, navegámos na orla dos cau- barcaram os primeiros portugue-
dais da corrente, buscando com ses em 1515, e recebemos a visita
sucesso contracorrentes favorá- das irmãs portuguesas da Divina
veis e navegando rapidamente Providência e algumas dezenas
para Sul. Foi uma aposta ganha de jovens adolescentes apoiados
pois as quatro tempestades tro- por esta organização religiosa. Por
picais que surgiram durante este fim embarcámos o Embaixador de
período estiveram sempre cerca Portugal em Timor-Leste, Luís Bar-
de dois dias atrás de nós, o que reira de Sousa, que realizou con-
significa uma distância safa tendo Vista de uma praia de Timor. nosco o trânsito até Díli.
em conta a nossa velocidade de Apesar do curto espaço de tem-
8 a 9 nós. Com toda esta pressa po disponível, foram realizados
justificada adiantámo-nos muito vários exercícios e manobras,
relativamente à nossa previsão de salientando-se, por um lado, os
chegada. Passámos dois dias jun- complexos exercícios de Limita-
to à ilha de Ataúro a rentabilizar ção de Avarias e por outro a na-
o nosso avanço na beneficiação vegação à vela. Realizámos ainda,
de vernizes e pinturas e no treino junto ao ilhéu de Jacu, a desafian-
da guarnição. te manobra de virar por davante,
Em Timor, a Cooperação Técni- com sucesso. Por duas vezes ga-
co-Militar Portuguesa (CTM) esta- nhámos barlavento até ao Cristo
va a terminar a formação de 150 Rei e percorremos toda a marginal
militares da Componente Naval da cidade, oferecendo o espectá-
das Falentil – Forças de Defesa de Passagem por Liquiçá. culo que todo o pano proporciona
Timor-Leste (F-FDTL). Tendo em e mostrando uma grande bandeira
conta o avanço ganho, recebemos de Portugal. Ao final do dia fomos
ordens para fazer um embarque fundear em frente à residência do
de treino e prémio para os melho- nosso embaixador de forma a re-
res alunos das várias áreas – uma forçar e dar mais visibilidade à
reedição da Operação Mar Aber- nossa presença em Díli.
to, desta feita na Ásia. Para o efei-
to, na manhã do dia 9 de Setem- Manhã cedo, a 12 de Setembro
bro, o navio fundeou no interior entrámos na baía da capital pela
da baia de Díli, onde foram em- segunda vez e fizemo-nos mui-
barcados 22 militares das F-FDTL to suavemente ao cais. Era uma
e alguns instrutores da nossa Ma- manobra sensivel pois não havia
rinha. Para os militares timoren- piloto nem rebocadores mas a
ses tratou-se de um prémio pelo Militares das F-FDTL que embarcaram no NRP “Sagres”. barca correspondeu lindamente,
dignificando estes navegadores
12 NOVEMBRO 2010 • Revista da aRmada