Page 11 - Revista da Armada
P. 11
Notícias do “Arpão”
Faz tempo que nas páginas desta Revista,
se não dão notícias da construção do es- realizar mais um período de provas em águas operação desta feita não em ambiente de labo-
taleiro HDW número 384, futuro N.R.P. profundas e outro, nas imediações de Kiel, de- ratório, de oficina ou de sala de aula, mas no
“Arpão”; com efeito, a última vez que foi men- dicado a testes às capacidades do sistema ESM espaço confinado de um submarino.
cionada referimos o seu empenhamento como e à obtenção da assinatura magnética do navio
plataforma de apoio à realização do período (e posterior correcção utilizando o sistema de Por último, na sexta semana, são leccionados
deTreino a Cais daquela que viria a ser a guar- desmagnetização instalado a bordo). os procedimentos para efectuar diversas mano-
nição do N.R.P. “Tridente”. bras, desde a largada até à atracação, bem como
Perguntará o leitor: que fará o navio nos pe- o estabelecimento das diversas condições de
Liberto desta tarefa – e enquanto actividades ríodos intermédios? prontidão do navio.
marcantes no processo de aceitação e entra-
da ao serviço do N.R.P. “Tridente”, concitaram Não são, por certo, períodos de inacti- A este período seguir-se-ão dois outros, de
sobre este as atenções e o colocaram na ribal- vidade. cariz essencialmente prático: o primeiro, com
ta – foi preparado para continuar as Provas de a duração de três semanas e que corresponde a
Mar, nomeadamente as relativas ao Sistema de Porque a utilização do navio e, consequen- um treino a cais, durante o qual se simulam saí-
Combate ISUS. temente, dos sistemas e equipamentos nele das diárias do navio, com a guarnição a borda-
instalados obedece à observação de um ca- das. São igualmente treinados, repetidas vezes,
Para o efeito, o “Arpão” zarpou de Kiel a 17 lendário de acções de manutenção planea-
do transacto mês de Maio, navegando rumo da (preventiva) que importa exercícios diversos na área
às já familiares águas do Skagerrak, tendo ini- cumprir para que não expi- da segurança em imersão (si-
ciado a realização das provas nas áreas de rem garantias antes do pra- mulação de procedimentos
exercício para submarinos existentes a Sul de zo previsto contratualmen- e vozes), esclarecimento e
Kristiansand – Noruega; nestas o navio pode te, o navio – tal como o seu compilação da situação en-
mergulhar até às profundidades extremas exi- antecessor – observa perío- volvente do navio nas com-
gidas para testar e aceitar os di- dos de imobilização com ponentes aérea, de superfície
versos sistemas de bordo. vista à realização destas e submarina (com recurso às
acções. A oportunidade é também aproveita- capacidades de simulação do
Nestas paragens permaneceu da para reparar ou corrigir falhas e avarias so- Sistema de Combate ISUS) e
até final do mês, tendo depois fridas pelos equipamentos e órgãos de bordo, Limitação de Avarias.
aparelhado e rumado a Bergen corrigir deficiências detectadas no decorrer
onde, no polígono acústico de das provas ou implementar soluções técnicas No momento em que o
Heggernes, foi medida a sua as- com vista a uma maior eficiência do navio e leitor nos lê decorre o segun-
sinatura acústica. Estas medições seus sistemas. do dos períodos referidos, o
empenharam o navio durante Treino de Mar. A exemplo
quatro dias, nelas participando, Entretanto, para aquela que será a sua guar- do que se já realizou para a
como em todas as outras, aliás, nição entrou-se na recta final do longo período guarnição do N.R.P. “Triden-
a guarnição da HDW, membros de treino a que tem sido sujeita. te”, terá a duração de seis se-
da Delegação na Alemanha da manas, cumprir-se-á nas áreas de
Missão de Construção dos Sub- De facto, iniciou-se no final de Agosto, mais exercício a Sul de Kristiansand e
marinos e técnicos da HDW precisamente no passado dia 23, o período de decorrerá entre 7 de Novembro e
pertencentes às áreas técnicas formação designado por “System Instruction”. 17 de Dezembro próximos.
que superintendem os sistemas Este período de formação, com a duração de Culmina com um dia de ava-
em teste. seis semanas, tem como objectivo nuclear a liação tendente à certificação da
integração do conhecimento especializado de- guarnição.
Estas provas consistem na execução de di- tido pelos formandos (adquirido ao longo dos Mas não se esgotam aqui as
versas corridas, a diversos regimes do aparelho variados cursos dedicados a cada um dos sis- actividades a que estará sujeito o “Arpão”; num
propulsor e configurações variadas de funcio- temas ou equipamentos de bordo) permitindo- período de duas semanas entre osTreinos a Cais
namento dos vários sistemas e equipamentos -lhes obter uma visão global e integradora; além e no Mar, o navio regressará a Heggernes onde
– nomeadamente aqueles passíveis de produzir disso, as visitas diárias a bordo, na companhia serão concluídas as provas acústicas que fica-
mais ruído durante o seu funcionamento. dos instrutores da HDW e em período pós au- ram por realizar.
las, permitem aos formandos não só a identifi- Entretanto, durante os períodos de imobiliza-
São provas difíceis de efectuar dada não só cação e localização dos componentes, órgãos ção que ainda ocorrerão adiantar-se-ão as acti-
a proximidade do polígono a áreas de navega- e equipamentos, como também relembrar a sua vidades de aprestamento final de forma a que,
ção e actividade marítima intensa, como tam- tão cedo quanto o permita a evolução dos traba-
bém da dependência que os resultados têm das lhos e provas a realizar, o Estado Português tome
condições ambientais, nem sempre de feição posse desta unidade e a Marinha possa contar
para que se atinjam as condições prévias es- na lista das suas Unidades Navais Prontas com
tabelecidas contratualmente para a execução mais um submarino.
destas provas. Fica assim quase concluído um longo e am-
bicioso projecto só possível pela concertação
Cumprido, no possível, o calendário de pro- de vontades e esforços conjuntos de variados
vas previsto o navio regressou a Kristiansand organismos e unidades da Marinha, do Minis-
onde, entre 7 de Junho e 17 de Julho, conti- tério da Defesa Nacional e do tecido indus-
nuou a ser sujeito às provas que faltavam ain- trial da EMPORDEF (referimo-nos à Arsenal
da realizar. do Alfeite, S.A.), numa demonstração da im-
portância capital da manutenção da Capaci-
O regresso a Kiel, após 17 de Julho, não sig- dade Submarina para a defesa dos recursos e
nificou, no entanto, que todas as provas foram interesses do País.
realizadas.
A verdade é que, devido a não se consegui-
rem reunir as condições prévias para realização (Colaboração do COMANDO DO NRP “ARPÃO”)
de algumas dentre elas, o navio deverá ainda
Revista da aRmada • NOVEMBRO 2010 11