Page 6 - Revista da Armada
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a nível intermédio. Ninguém pode ser especia- submarino” a funcionar em roda livre. da missão da Marinha.
lista em todos os sectores, embora, felizmente, Os que verdadeiramente servem o País na Ma- Haverá muitos sectores do Estado que se pos-
haja muitos servidores da Marinha com profun-
dos conhecimentos em variados campos. O que rinha e não se servem da Marinha, têm reacções sam gabar do mesmo?
conta, de facto, é a agregação das competências de tristeza porque sabem que é dificílimo lutar O que nós somos e sabemos foi-nos transmi-
e a sua coordenação. No mar, sabemos que te- contra o “complexo do submarino”. As rectifi-
mos que contar uns com os outros e todos têm cações e desmentidos em catadupa exigem re- tido por gerações de oficiais, sargentos e praças
uma função importante a desempenhar, que cursos não disponíveis e encontram os destina- que nos antecederam, nos nossos estabelecimen-
contribui para o resultado final. tários com a capacidade para ouvir já esbatida. tos de ensino e através da sua convivência diária.
Os esclarecimentos contínuos perdem efeito e Estamos certos e seguros de que vamos transmitir
Parece ser de concluir que a actividade da Ma- credibilidade. às gerações seguintes uma herança que lhes vai
rinha, tal como a microbiologia molecular, é algo permitir assumir responsavelmente os destinos da
de longínquo para o comum cidadão, não haven- Na minha perspectiva, temos que reagir com Marinha, consoante os meios atribuídos.
do contacto diário com as situações e nenhuma serenidade, criando cada vez mais e melhores
sensibilidade para as questões envolventes, ape- capacidades com os meios ao dispor. Parale- Haverá muitos sectores do Estado com esta
sar de aparentar ser um tema fácil e próximo. Para lamente, há que aproveitar todas as oportuni- postura?
a esmagadora maioria das pessoas, a ida à praia, dades para mostrar a Marinha, tal como ela é
ver os navios nos portos, às vezes com ar de fes- realmente. Poderia, ainda, continuar a fazer interrogações
ta, os filmes de acção e uns livros romanceados deste tipo.Todavia, parece avisado ser económi-
somam a totalidade do seu saber sobre as coisas Temos muitos motivos para nos orgulharmos co. Mas, tenho uma resposta sólida para estas
do mar. Há, também, os que andam no mar, com da nossa Marinha. perguntas. Seriam pouquíssimos os sectores do
uma preparação mais do que duvidosa. Estado que a elas responderiam afirmativamen-
Os nossos maiores navios, com todo o pessoal te. Seriam mesmo raros.
Todavia, muita gente nem sequer se apercebe formado nas nossas escolas, com a manutenção
que não tem um mínimo de conhecimentos téc- feita no nossoArsenal (recentemente transforma- Termino com uma última pergunta, esta dirigi-
nicos, que lhe permita opinar sobre os assuntos do em sociedade anónima, com capitais exclusi- da a nós próprios. Estamos satisfeitos e devemos
directamente ligados à acção da Marinha, apesar vamente públicos), com o treino proporcionado ser indiferentes às críticas? Desta vez, a resposta
de poder ter os melhores desígnios. Outros há pela nossa organização operacional, apoiado é um rotundo não.
que pretendem alcançar protagonismo arriscan- por estruturas por nós concebidas, sujeitam-se
do julgamentos e sentenças, sem nenhum estudo a avaliações internas e externas (entidades inde- Temos defeitos, pelo que a procura da exce-
ou prova dada. Nunca navegaram a sério, nada pendentes e no estrangeiro) que cobrem todas lência deve ser uma constante.Todas as críticas
ou quase nada sabem do mar, não conhecem a as vertentes, regressando com classificações ao bem fundamentadas devem ser apreciadas e cor-
organização da Marinha, nem as capacidades melhor nível internacional. Quer isto dizer que rigidas. O Estado-Maior da Armada está sempre
instaladas, mas acham que podem analisar as se os navios pertencessem a quaisquer das Ma- a estudar novas reformulações e medidas a apli-
tarefas dos meios navais. Uns por ignorância, rinhas mais conceituadas do mundo, não te- car. O sentido crítico interno, com rigor, sempre
outros por vaidade, todos sofrem do “complexo riam notas superiores. Trata-se do produto final foi bem recebido na Marinha.
do submarino”. Julgam que enxergam o subma- conseguido.
rino, mas, na verdade, tal como o observador in- Só nos sentimos bem na Marinha se mere-
competente, confundem facilmente um objecto Haverá muitos sectores do Estado que possam cermos o respeito e a confiança dos portugue-
flutuante inofensivo com um casco ou um pe- dizer algo semelhante? ses.Vale a pena lutar pelo reconhecimento des-
riscópio dum submarino. Porém, o pior mal é te nobre povo, encontrando as fórmulas para o
que gritam CERTSUB e há muito bom português Os militares da Marinha aos vários níveis, en- informar com verdade e mostrando, constan-
que acredita, porque também não consegue ver quadrados por chefias que dão bons exemplos, temente, o que fazemos e o que somos capa-
bem, nem tem obrigação.Toma-se por verdadei- estão permanentemente empenhados em servir zes de fazer.
ro um contacto que é falso. É o “complexo do bem, sem olhar a horas e a sacrifícios. São cen-
tenas os que, mesmo na situação de reserva e Ter presente o “complexo do submarino” pas-
até na reforma, se oferecem para trabalhar, sem sou a ser uma preocupação. Procurar vacina é
outra recompensa que não seja a satisfação de uma obrigação.
poderem contribuir para o eficaz cumprimento
V. Lopo Cajarabille
VALM
Juramento de Bandeira do Curso “Almirante Pereira Crespo”
No passado dia 24 de Setembro os Aspirantes a oficial do 5.º ano da Escola
Naval, cujo curso tem como patrono o Almirante Pereira Crespo, presta-
ram continência, pela primeira vez com a sua espada, ao Chefe do Esta-
do-Maior da Armada, Almirante Melo Gomes.
Nesse dia ocorreu a cerimónia anual de carácter militar, mais relevante da Es-
cola Naval, quando, ao terminarem o ciclo académico, os Aspirantes recebem as
Espadas, que simbolizam a investidura da Autoridade para comandar, e efectuam
o Juramento de Bandeira, que os vincula à Condição Militar.
A cerimónia iniciou-se com a imposição de condecorações a militares, segui-
da da entrega de prémios escolares aos alunos finalistas que mais se destacaram
durante o curso. Sucedeu-se a entrega das espadas e de um exemplar de “Os Lu-
síadas”, recordando a responsabilidade de proteger e preservar o imenso patri-
mónio cultural que é a língua portuguesa, conforme foi referido na alocução do
Comandante do Corpo de Alunos, Capitão-de-fragata Pacheco dos Santos, que
exortou os Aspirantes do Curso “Almirante Pereira Crespo” a servirem a Marinha,
em prol de Portugal, tendo sempre presente o lema “A Pátria Honrai que a Pátria
vos contempla”.
Após o Juramento de Bandeira realizou-se o desfile do Batalhão escolar que
prestou continência ao Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada.
(Colaboração de ESCOLA NAVAL)
6 NOVEMBRO 2010 • Revista da aRmada