Page 28 - Revista da Armada
P. 28

que justificou, para a sua defesa anti-aérea, a  de Defesa, Dr. Eugénio Ramos. Atracou, pe-          da qualidade do combustível e cumprimento,
posterior montagem de duas peças Oerlikon        las 1800, no Cais de Honra da BNL.                  do ponto de vista prático, das directivas comu-
MK7 de 20mm.                                                                                         nitárias, já que se trata de um navio petroleiro
                                                 AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS                       de casco simples, têm-se utilizado apenas os
   No dia 28 de Junho de 1982, terminada a sua      O navio tem um comprimento de 140,6              tanques centrais para transporte de combustí-
missão, iniciou a viagem de regresso ao Reino                                                        vel de carga.
Unido, onde chegou a 17 de Julho. No dia 18 de   metros, uma boca de 19,2 metros, um calado
Novembro do ano seguinte, o navio foi empe-      de 7,3 metros e um deslocamento de 11 500 to-          A guarnição actual é de 9 oficiais, 13 sargen-
nhado na Operação “OFFCUT”, que tinha por        neladas. O “S. Gabriel” tinha mais seis metros      tos e 49 praças, o que perfaz um total de 71 ele-
objectivo dar apoio naval às tropas britânicas   de comprimento e um deslocamento de 14 200          mentos. Destes, 12 são do sexo feminino, tendo
na força multinacional no Líbano, juntamente     toneladas.                                          sido este o primeiro navio da Armada Portu-
com o seu irmão RFA Grey Rover e com o RFA                                                           guesa a receber militares do sexo feminino na
Brambleleaf, e mais tarde o RFA Reliant.            Dispõe de 2 Motores Diesel de 15360 HP           sua guarnição.
                                                 que, engrenados ao veio propulsor, já levaram
   Pela sua participação no conflito das         o navio a velocidades de 19,5 nós. O navio pos-     AS MISSÕES DO NRP BÉRRIO
Falkland recebeu, a 17 de Agosto de 1984, em                                                             O navio já participou em inúmeras mis-
Faslane, a medalha de Honra.                     sui ainda um hélice de proa que é fundamental
                                                 para manobrar em águas restritas.                   sões, sendo as mais marcantes as que a se-
   Em 1991, sob o comando do seu último                                                              guir se mencionam. Sob o comando do seu
comandante inglês, Pat Thompson, foi objecto        Quando foi adquirido, o navio possuía 12         primeiro comandante português, o capitão-
de uma modernização. No dia 9 de Fevereiro       estações de reabastecimento, sendo 6 de RAS         -de-fragata Mário Ceríaco Dores Sousa, o
de 1993, já com 23 anos de vida, chegou a De-    líquidos e 6 de RAS sólidos. Entretanto foi         navio dirigiu-se, em 1994, até Portland para
vonport para ser desarmado. No mês seguinte,     desactivada a estação de reabastecimento de         participar na missão “SAFETY TRAINING”,
seria adquirido por Portugal, para prestar ser-  líquidos à proa e foi retirada uma das estações     onde teve a oportunidade de realizar os mais
viço na Marinha. Terá custado cerca de cinco     de reabastecimento de sólidos pesados.              diversos tipos de reabastecimentos.
milhões e meio de libras.
                                                    A sua capacidade actual de carga para rea-           Em 1995 participou na Operação “SHARP-
O NRP BÉRRIO                                     bastecimento é de 2800 CUM’s (1CUM = 1m3)           -GUARD” da UEO/NATO no Mar Adriático.
   O NRP Bérrio (A5210) veio substituir o        de diesel (F76 ou Marine Gasoil). Possui ainda      A sua missão era prestar apoio logístico aos
                                                 uma grande capacidade logística em combus-          navios que efectuavam operações de vigilância
já “velho” (mas saudoso) navio reabaste-         tível para helicópteros (F44), água, óleo lubrifi-  marítima.
cedor NRP S. Gabriel (1963-1995), que, no        cante, carga sólida e munições. A capacidade
início da década de 90, teve uma grave           própria é 1200 CUM’s de diesel (F76 ou Mari-            O primeiro “OST” (Operational Sea Training)
avaria no sistema propulsor. Na altura foi       ne Gasoil). Juntando este ao combustível para       realizado pelo navio decorreu em Plymouth
ponderada uma intervenção de fundo no            reabastecimento (2800 + 1200 = 4000 CUM’s)          entre os meses de Julho e Agosto de 1997.Em
NRP S. Gabriel e até mesmo uma constru-          o “Bérrio”, com apenas um motor e a uma             boa hora adquiriu a certificação porque, pouco
ção de raiz. A decisão tomada acabou por         velocidade de 10 nós, seria capaz de dar duas       depois, viria a ser empenhado na missão mais
ser adquirir um navio da classe “Rover”,         voltas ao mundo, cumprindo o mesmo plane-           conhecida ao serviço do país. No dia 8 de Junho
porque tinha a melhor relação de custo-          amento efectuado pelo NRP Sagres no ano pas-        de 1998, o general Espírito Santo, então CE-
-eficácia. Teve também grande peso na de-        sado (40 000 milhas náuticas, sem passar pelo       MGFA, promulgou uma directiva operacional
cisão o facto de a Marinha querer manter         Panamá).                                            para a execução de uma operação de evacua-
uma presença naval credível no mar e, por                                                            ção dos cidadãos portugueses e estrangeiros
isso, não podia estar muito tempo à espera          Depois de um período avançado de trei-           que desejassem ser retirados da Guiné-Bissau,
de um reabastecedor de esquadra.                 no o navio consegue reabastecer líquidos            face à situação de instabilidade e de insegurança
                                                 ou sólidos a dois navios em simultâneo, um          criada por um golpe militar. Foi assim activada
   O nome “Bérrio” deve-se a D. Manuel           em cada bordo.                                      a Operação Falcão, como foi então designada
de Bérrio que foi armador de uma caravela                                                            no âmbito do Plano Crocodilo. Os meios navais
portuguesa, com o mesmo nome, que, no               Por questões de estabilidade, manutenção         atribuídos foram a fragata “Vasco da Gama”, as
século XIV, foi vendida ao rei D. Manuel I.                                                          corvetas “Honório Barreto” e “João Coutinho”
Esta caravela latina, sob o comando de Ni-                                                           e o “Bérrio”. O reabastecedor levou um grupo
colau Coelho, integrou a Armada de Vasco                                                             médico-cirúrgico (1 cirurgião, 1 anestesista, 3
da Gama que, em 1498, descobriu o cami-                                                              enfermeiros e 2 auxiliares socorristas), um gru-
nho marítimo para a Índia.                                                                           po de Mergulhadores Sapadores, um grupo de
                                                                                                     morteiros e um grupo de apoio de serviços do
   O nome “Bérrio” viria a ser honrado,                                                              Corpo de Fuzileiros.
entre 1897 e 1947, por um navio que serviu
primeiro como rebocador armado e depois                                                                 O “Bérrio”, sob o comando do capitão-de-
como navio hidrográfico.                                                                             -fragata João José Ferreira Rodrigues Cancela,
                                                                                                     assegurou a sustentação logística da força en-
   No dia 31 de Março de 1993, em Ports-                                                             volvida na evacuação de civis e militares na-
mouth, perante diversas autoridades por-                                                             cionais e ainda reabasteceu a fragata “Drogu”
tuguesas e inglesas, renascia de novo o                                                              da Marinha de Guerra Francesa, que se encon-
nome “Bérrio” agora atribuído a um navio                                                             trava naquele espaço geomarítimo.
reabastecedor de esquadra.
                                                                                                        Na altura foi bem reconhecida a importân-
   O navio entrou no porto de Lisboa no dia                                                          cia do navio como a “unidade valiosa da força”,
25 de Maio de 1993. Durante o seu percurso                                                           “providenciando apoio médico, combustíveis para
no rio foi acompanhado por uma lancha de                                                             os navios e para os helicópteros e motores dos botes
fiscalização rápida e duas corvetas. Fun-                                                            dos fuzileiros, mantimentos, sobressalentes, água,
deou em frente à Doca da Marinha para re-                                                            armamento e munições. Dispunha ainda de uma
ceber o Chefe do Estado-Maior da Armada,                                                             boa capacidade de transporte de pessoal e carga e
Almirante Fuzeta da Ponte, e o Secretário
de Estado do Equipamento e Tecnologias

28 ABRIL 2011 • REVISTA DA ARMADA
   23   24   25   26   27   28   29   30   31   32   33