Page 14 - Revista da Armada
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Pontes e outras grandes divas da canção por-      Almirante José Saldanha Lopes, e recebendo
tuguesa. O público pedia um “encore” e a ban-     as honras militares prestadas pelas Forças em
da tinha um número extra que não podia dei-       Parada. Deu-se então início à cerimónia militar
xar de estar presente num concerto do Dia da      com a imposição de condecorações a entida-
Marinha em Setúbal. Refiro-me ao “Rio Azul”,      des e a militares e civis que, de algum modo,
canção de Mário Regalado e Laureano Rocha,        se distinguiram ao serviço da Marinha ou por
popularizada pelo grupo musical popular “Os       acções por ela reconhecidas como relevantes e
Galés”, que nos anos Cinquenta teve o seu pe-     notáveis relacionadas com o mar ou com a vida
ríodo de glória. “Quem é que tem um rio azul      marítima em geral. Destaca-se a condecoração
igual ao teu...?” – pergunta o poeta e cantou     do Destacamento de Acções Especiais com a
Sofia Vitória, numa homenagem à cidade do         Ordem do Infante D. Henrique e a atribuição
Sado, que este ano acolheu a nossa Marinha.       da Medalha da Cruz Naval de 1ª classe, a títu-
Como é tradicional, o fecho foi da “Marcha        lo póstumo, ao Dr. Ireneu da Silva Ferreira da
dos Marinheiros”, sempre cantada ou traute-       Cruz. O insigne médico e cidadão setubalense
ada pelo público presente.                        dedicou uma parte da sua vida ao estudo de
                                                  assuntos relacionados com o mar, coleccionan-
O DIA 22 DE MAIO                                  do diversos objectos relacionados com a activi-
                                                  dade marítima e a arte náutica. Contavam-se
   Apesar da data do Dia da Marinha ser 20        no seu espólio múltiplas obras de arte, entre as
de Maio, as cerimónias mais significativas têm    quais um magnífico quadro de Luís Tomasini
de ser transferidas para o domingo mais pró-      que doou ao Museu de Marinha. Foi receber a
ximo, de forma a poderem ser feitas no centro     condecoração, em nome do Dr. Ireneu, a viúva
da cidade, sem perturbarem o seu quotidiano       Sr.ª Dona Maria Teresa Cruz.
vertiginoso, e permitirem uma ampla partici-
pação de todos os que querem juntar-se à festa.      Terminada a cerimónia das condecorações
Este ano ocorreram no domingo, dia 22 e co-       militares, seguiu-se a comovida homenagem
meçaram com a tradicional missa de sufrágio       aos militares, militarizados e civis falecidos que
por todos os militares, militarizados e civis da  serviram na Marinha, com uma especial e sen-
Marinha já falecidos celebrada na igreja de S.    tida evocação proferida pelo Capelão-Chefe da
Julião, por D. Gilberto Canavarro dos Reis, Bis-  Marinha, Padre Ilídio Costa, após a qual o Almi-
po de Setúbal, acolitado pelo pároco Padre Rui    rante Saldanha Lopes proferiu uma alocução.
Rosmaninho, Padre José Ilídio Costa, capelão-
-chefe da Marinha, e pelo Padre Rui Valério,         As primeiras palavras do CEMA foram
capelão da Escola Naval.                          para expressar o orgulho que sente em coman-
                                                  dar todos aqueles que – “com abnegação, co-
   A cerimónia militar, momento alto de to-       ragem e competência” – servem o país “nesta
das as comemorações, teve lugar na Avenida        briosa instituição” que é a Marinha. Dirigiu-se
Jaime Rebelo, presidida pelo Ministro da De-      em seguida à Sr.ª Presidente da Câmara de
fesa Nacional, Prof. Doutor Augusto Santos        Setúbal, a quem agradeceu a forma generosa e
Silva. Estiveram presentes a Sr.ª Presidente da   participativa como apoiou a iniciativa de trazer
Câmara Municipal de Setúbal, Dr.ª Maria das       o Dia da Marinha a Setúbal, e ao Ministro da
Dores Meira; o Secretário de Estado da Defesa     Defesa Nacional, cuja presença tomava como
Nacional e dos Assuntos do Mar, Dr. Marcos        um sinal de apoio às linhas de rumo traçadas
da Cunha Perestrello de Vasconcellos; e diver-    para a Marinha. De seguida enviou uma par-
sas outras entidades civis e militares, antigos   ticular saudação a todos os que se encontram
Chefes do Estado-Maior da Armada e repre-         em missões no exterior, passando em rápida
sentantes do Exército e da Força Aérea.           revista a dimensão da relação portuguesa com
                                                  o mar e as exigências que a mesma acarreta. E,
   As Forças em Parada, comandadas pelo           analisando a situação presente, o CEMA ex-
CMG José António Croca Favinha, integra-          pressou a consciência das dificuldades por que
vam a Banda e Fanfarra da Armada, um bloco        passa o país, mas salientou que algumas das
de 15 estandartes de unidades e organismos        limitações impostas, se prolongadas no tem-
da Marinha, com a respectiva escolta de honra     po, serão insustentáveis e têm consequências
constituída por um pelotão de cadetes da Es-      na estrutura das Forças Armadas. Manifestou
cola Naval, e três batalhões de forças apeadas,   o seu regozijo pela entrada recente ao serviço
organizados a duas companhias, e comanda-         de uma fragata, dois submarinos e o navio
dos pelos CFR Conceição Lopes, CFR FZ Go-         de patrulha oceânico NRP Viana do Castelo,
mes Tavares e CFR FZ Mariano Alves.               contudo – salientou –, continua na ordem do
                                                  dia o “arrastamento de alguns programas que
   O Ministro da Defesa Nacional aproximou-       visam a substituição de meios navais” que, nal-
-se da tribuna cerca das 11h30, sendo recebi-
do pelo Chefe do Estado-Maior da Armada,

14 JUNHO 2011 • REVISTA DA ARMADA
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