Page 6 - Revista da Armada
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DIA DA MARINHA
para a prosperidade global como para a portuguesa, têm estado apenas, que a nossa missão é contribuir para a defesa militar de
na origem do significativo empenhamento operacional das nossas Portugal, o apoio à política externa e a garantia do uso do mar.
unidades navais, de fuzileiros e de mergulhadores, bem como dos
meios da Direcção-Geral da Autoridade Marítima, do Comando- Balizado por essa nobre missão, formulei, no início do meu
-Geral da Polícia Marítima e do Instituto Hidrográfico. mandato como Chefe do Estado-Maior da Armada e Autorida-
de Marítima Nacional, a minha visão para a Marinha: a de uma
A Marinha de “duplo-uso” tem como ponto fundamen- instituição indispensável para a acção do Estado no mar.
tal o desempenho de funções típicas de Guardas Costeiras,
função que a Marinha desempenha desde o século XIX, o Uma Marinha que saiba, em tempo de grande exigência, as-
que tem permitido uma assinalável economia de recursos sumir uma postura proactiva capaz de contribuir para dinamizar
humanos e financeiros, que dispensam a criação de estrutu- a acção do Estado Português no mar que é seu.
ras duplicadoras, incomportáveis para o País.
Uma Marinha que consiga, através de uma postura coope-
Ainda no domínio operacional, gostaria de destacar rativa determinada e determinante, promover a intervenção
alguns dos empenhamen- de todos os departamentos públicos com competências que se
tos actuais e futuros:
exercem no mar, bem como da
• Estamos – presentemente sociedade civil em geral.
e por um período de 4 meses
– a comandar a operação naval Uma Marinha que, por
da União Europeia na costa da via da Autoridade Marítima,
Somália – OPERAÇÃO ATA- sendo mais abrangente do
LANTA, visando, essencial- que resultaria das suas fun-
mente, proteger os navios do ções como ramo das Forças
Programa Alimentar Mundial Armadas, continue alicer-
e combater a pirataria; çada numa doutrina estra-
tégica sólida e a conhecer
•Vamos integrar, em Se- sempre o melhor rumo para
tembro, a operação OCEAN a permanente transformação
SHIELD da NATO, também numa instituição cada vez
na costa somali e com propósi- mais indispensável à acção
tos semelhantes à operação da do Estado no mar, garantin-
União Europeia que já referi; do com o uso multifacetado
dos seus meios, a vigilância
•Continuamos envolvidos e a fiscalização, desde o li-
na campanha relativa à exten- toral até ao limite das áreas
são da nossa plataforma con- de jurisdição. Nesta óptica,
tinental, através do empenha- conforme refiro na minha
mento activo e dedicado dos Directiva de Política Naval,
nossos navios hidrográficos; considero muito importante
incrementar as acções que
• Vamos enviar a Sagres concorrem para a consoli-
a Cabo Verde, no quadro da dação e a afirmação da Au-
Iniciativa Mar Aberto, na qual toridade Marítima Nacional,
procuramos continuar a pôr dentro do seu quadro específico de competências.
em prática um modelo de cooperação inovador, indo ao en- A resposta a este alargado leque de atribuições no
contro das necessidades dos Países de Língua Portuguesa, no mar constitui, para nós, um desafio acrescido, tendo em
ambiente marítimo; consideração o papel que o mar pode – e deve – desem-
penhar no futuro de Portugal. Sendo o nosso factor fí-
• Finalmente, no âmbito das competências próprias que me sico com maior potencial de desenvolvimento, tem que
estão atribuídas como Autoridade Marítima Nacional, continu- ser encarado como um “mar de oportunidades”, nele se
amos empenhados em prestar um serviço cada vez melhor a buscando uma opção de futuro que permita responder
todos os navegantes e às comunidades ribeirinhas, colocando às apoquentações do presente.
ao seu serviço todos os meios da Direcção-Geral da Autorida- Portugal só foi grande quando soube tirar partido do
de Marítima, com realce para as suas 28 capitanias espalhadas mar, com visão, planeamento estratégico e investimento!
pelo continente e regiões autónomas. Saibamos fazê-lo outra vez, cientes de que a aposta no mar
é uma aposta no nosso futuro e na nossa identidade!
Em época de restrições, este é um produto operacional O País pode contar com a sua Marinha para, no quadro
que nos orgulha e nos motiva a continuar. Ele é a nossa das suas competências, contribuir para um efectivo regresso
razão de ser, pelo que tudo faremos para, sempre que pos- de Portugal ao mar, empenhando-se no cumprimento eficaz e
sível, o incrementar. eficiente de todas as tarefas que lhe forem cometidas. Muitas
vezes longe da vista, mas sempre perto do sentir da nação!
Senhor Ministro da Defesa Nacional, Excelências, Viva a Marinha! Viva Portugal!
Todas as iniciativas e os projectos que abordei, nos domínios
genético, estrutural e operacional, visam a adequação contínua Fotos: 1SAR FZ Pereira José Carlos Saldanha Lopes
da Marinha aos requisitos impostos pela missão que nos está CAB FZ Carmo Almirante
cometida. E, deixem-me dizer-vos, é uma missão enorme. No
entanto, tudo pode ser enunciado de forma simples se se disser,
6 JUNHO 2011 • REVISTA DA ARMADA