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Comemoração do Cinquentenário da partida
do 1º Destacamento de Fuzileiros Especiais para Angola
Fevereiro é, como sabi- 2TEN Pascoal Rodrigues com os marinheiros João Santinhos, Ludgero Silva e Mário formadores de fuzileiros e
do, o mês do calendá- Claudino. uma referência para a classe.
rio com o menor nú- Desfile do 1º curso de fuzileiros no Corpo de Marinheiros.
mero de dias. Contudo, este Desfile do DFE1 em Luanda à chegada. Foi no Grupo Nº 2 de Es-
facto não impossibilita esses Momento de embarque a bordo da fragata Diogo Gomes. colas da Armada (GN2EA)
dias de comportarem gran- – antigo Corpo de Marinhei-
des acontecimentos. Prova ros e atualmente Escola de
disso, a recriação na Arma- Tecnologias Navais (ETNA)
da, em fevereiro de 1960, dos – que decorreu o 1º Curso de
Fuzileiros. Fuzileiros Especiais, dividi-
do em dois turnos: o primei-
Alterações na política de ro, desenvolvido entre 5 de
Defesa Nacional, fruto de junho e 5 de agosto de 1961,
mudanças ocorridas na con- foi frequentado por 36 pra-
juntura internacional na dé- ças; o segundo teve início a
cada de 50, ditaram como 14 de agosto e terminou a 14
primeira prioridade a inter- de outubro do mesmo ano,
venção em África. cursado por 6 oficiais subal-
ternos (5 oficiais da classe de
A nível da Marinha, as Marinha e 1 de Administra-
consequências dessa políti- ção Naval) e 42 praças. Des-
ca ditam a origem dos Co- tinava-se a constituir o 1º
mandos Navais de Angola e Destacamento de Fuzileiros
Moçambique, do Comando Especiais (DFE-1) [Portaria
da Defesa Marítima da Gui- nº 18774 de 13 de outubro
né, e ainda a constituição de de 1961].
unidades de infantaria, de-
signadas como unidades de Em 9 de novembro de
desembarque, de assalto ou 1961, partiu para Angola, a
anfíbias, mais tarde denomi- bordo de um avião Douglas
nadas unidades de fuzileiros. DC6 da FAP, a primeira uni-
Foi neste contexto estratégico dade de fuzileiros – DFE-1
que o Comodoro Armando – constituída por 2 oficiais
Júlio Roboredo e Silva, ofi- (1TEN Coelho Metzner e
cial general de grande visão, 2TEN Oliveira Rego), 4 sar-
aguçada inteligência e espíri- gentos, 8 marinheiros e 61
to de iniciativa, determinou grumetes, totalizando 75 ele-
o ressurgimento dos Fuzilei- mentos.
ros na Armada.
O DFE-1 iniciou a sua co-
Na sequência de uma in- missão de serviço no âmbito
formação dirigida ao Che- de operações de reocupação
fe do Estado-Maior da Ar- militar do Norte de Angola,
mada, foram seleccionados embarcando na fragata “Dio-
quatro militares para fre- go Gomes”. Após 15 dias de
quentarem, em Inglaterra, o exercícios e treino anfíbios,
Commando Course no período com desembarques em botes,
de 2 de agosto a 30 de setem- a unidade estava preparada a
bro de 1960. operar como um todo ou di-
vidida por grupos de assal-
A equipa de voluntários to, ou até em secções, esqua-
que seguiu para Inglaterra dras/equipas, caso a situação
foi constituída por um ofi- assim o exigisse.
cial de Marinha, 2º tenen-
te Alberto Manuel Barreto Estes elementos desloca-
Pascoal Rodrigues, e por três vam-se em botes pneumá-
marinheiros monitores, Lud- ticos Zodiac, no início, pos-
gero Silva – o Piçarra –, João teriormente Zebro III e por
Cândida Santinhos e Mário vezes embarcações de fibra
Claudino, todos eles jovens, ou lanchas – podendo ainda
generosos e motivados. Os ser lançados de helicóptero
resultados obtidos no curso (Alouette III). Geralmente, as
atestam o empenho e a qua- operações de assalto e golpes
lidade daqueles que viriam de mão iniciavam-se a meio
a ser os responsáveis pela da noite, sendo os percursos
instrução a ser ministrada feitos através de rios ou la-
em Portugal – os primeiros gos, com embarques/desem-
4 FEVEREIRO 2012 • REVISTA DA ARMADA