Page 9 - Revista da Armada

esta nova capacidade assentasse num conceito
de projecção rápida, interoperável com outras
componentes de uma Força Naval.
Na pressecução do conceito da «Marinha
de duplo uso», os requisitos definidos para esta
capacidade englobaram a possibilidade de em-
prego em ações de interesse público, no âmbito
da fiscalização, da segurança marítima e da na-
vegação, articuladas quer com outros organis-
mos, como o Instituto Hidrográfico, quer com
outras instituições, como o Sistema de Autori-
dade Marítima.
Assim, de forma a materializar a edificação
desta capacidade, e atendendo ao fato da Facul-
dade de Engenharia da Universidade do Porto
(FEUP) se encontrar a operar e desenvolver sis-
temas de veículos autónomos submarinos em
parceria com universidades e institutuições eu-
ropeias e americanas, em 2005 a Marinha es-
tabeleceu um protocolo de cooperação com a
Universidade do Porto.
De forma a consubstanciar esta parceria,
foram apresentados a financiamento projetos
conjuntos quer ao nível do MDN, quer ao ní-
vel NATO, através do NATO Undersea Research
Center (NURC), quer ainda ao nível daAgência
Europeia de Defesa (EDA)1.
De entre estes projetos destaca-se o SeaCon
– Sistema de treino, demonstração e desenvol-
vimento de conceitos de operação de múlti-
plos veículos autónomos submarinos, financia-
do pelo MDN e o que terminou em Março de
2011, após 2 anos de desenvolvimento.
O PROJETO SEACON
O projeto teve como objetivo o desenvol-
vimento de veículos autónomos submarinos,
apoiados por um sistema de comando e contro-
lo desenvolvido pela Faculdade de Engenharia
Universidade do Porto (FEUP), o que permitiria
o treino e formação dos elementos do Destaca-
mento de Guerra de Minas (DGM) com recurso
a veículos de baixo custo, sem expor a riscos des- incorpora ainda Gateways MANTA, desenvol-
necessários os sistemas adquiridos no mercado
O projeto previa como produto final o de-
senvolvimento do Sistema SeaCon, totalmente
projectado e construído em Portugal. Este objec-
tivo foi amplamente alcançado tendo-se mes-
mo ultrapassado as expectativas iniciais.Assim,
o Sistema SeaCon é constituído pelos seguintes
componentes:
• 3 veículos submarinos autónomos: Sistema
de comando e controlo de múltiplos veículos
heterogéneos para instalação em computadores
MANTA gateway
 Dimensões: 43cm x 25 cm x 34 cm
 Peso: 9Kg
 Autonomia: 8 h
 Comunicações Wireless: WiFi (2.4 and 5 Ghz), GSM/HSDPA
 Comunicações acústicas: Micro-modem
 Posicionamento: GPS
portáteis, composto por módulos para apoio a
todas as fases de missão: planeamento, treino,
supervisão e análise de missão.
• Sistema de comando e controlo de múlti-
plos veículos heterogéneos para instalação em
computadores portáteis, composto por módulos
para apoio a todas as fases de missão: planea-
mento, treino, supervisão e análise de missão.
Para além dos produtos previstos no projeto,
decorrente dos trabalhos efetuados, o sistema
vidas pela FEUP, que funcionam como um hub
para comunicações acústicas e rádio. Destaca-
-se que estas Gateways permitem endereçar
dados, de forma transparente, entre pontos he-
terogéneos de uma rede, entrando em linha de
conta com a largura de banda e a distância.
Este projeto de I&D permitiu à Marinha par-
ticipar no desenho dos requisitos operacionais
dos sistemas, para que estes pudessem passar de
projetos de I&D para produtos passíveis de ser
utilizados em operações reais, apresentando as- veículo ou para sistemas de apoio à operação
pectos inovadores em relação à oferta existente externos ao veículo.
no mercado, nomeadamente:
SEACON AUV configuração base
 Dimensões:110 cm x 16 cm
 Peso: 18 Kg
 Profundidade máxima: 50 m
 Autonomia: até 8 horas
 Sensores: Conductividade,
Temperatura, Profundidade
 Comunicações Wireless: WiFi,
GSM/HSDPA
 Comunicações Acústicas: Micro-
modem
 Navegação: IMU, LBL, GPS
NEPTUS C2
 Plataformas: PCs e Telemóveis
Android
 Comunicações: redes locais, WiFi,
GSM/HSDPA, modem acústico
 Web access: embedded web server
 Veículos heterogéneos: autónomos
e remotamente controlados
subsuperfície superfície e aéreos
• Operações em rede – combinando pro-
tocolos avançados de comunicações rádio e
acústicas com suporte para redes tolerantes a
disrupções de conectividade (DTN), permite a
cobertura de comunicações acústicas e de su-
perfície numa extensa área.
• Interoperabilidade – o sistema suporta a
interoperabilidade com outros veículos (su-
perfície, submarinos ou aéreos) e outros siste-
mas de C2.
• Operações de múltiplos veículos – permite
o controlo de múltiplos veículos assim como a
interacção com múltiplos operadores.
Operações com iniciativa mista – a iniciati-
va mista permite diferentes níveis de interação
com os operadores desde o planeamento, pas-
sando pela execução, controlo e replaneamen-
to de missões.
Sistema Aberto – permite modos avançados
de programação para autonomia de bordo do
Decorrente do Projeto SeaCon foi possível
e­stabelecer e consolidar parcerias internacio-
nais de especial relevância nesta
área do conhecimento, nomea-
damente com o NURC2, NPS3,
NUWC4 e US Coast Guard po-
tenciando futuros projetos no âm-
bito da NATO (ex: Defence Agains
Terrorism – Harbour Protection) ou
EDA (ex: NECSAVE5)
Em complemento à relevân-
cia na edificação da Capacida-
de de Guerra de Minas, o projeto
apresenta especial significância
em missões de utilidade pública
como sejam:
REVISTA DA ARMADA • FEVEREIRO 2012 9