Page 4 - Revista da Armada
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NRP ÁLVARES CABRAL NA OPERAÇÃO ATALANTA
A MISSÃO de Omã e a grande parte do Oceano Ín- Fotos Júlio Tito 1ª PARTE
dico, incluindo a República das Seychelles
A Fragata Álvares Cabral foi designada e a parte norte do canal de Moçambique, flagelo da pirataria está estimado em 7 mil
para integrar a Força Naval da União Eu- numa dimensão comparável à do Mar Me- milhões de dólares, custos associados, en-
ropeia (EUNAVFOR) e ao mesmo tempo a diterrâneo. tre outros, ao aumento de velocidade para
Força Marítima Europeia (EUROMARFOR), dificultar as abordagens, ao aumento dos
na Operação ATALANTA 2013 no Ocea- ENQUADRAMENTO prémios de seguro e à adoção de diversas
no Índico, no período de 6 de abril a 6 de medidas de auto-proteção, entre as quais
agosto de 2013, assumindo as funções de A atividade de pirataria tem vindo a ser se encontra o embarque de equipas pri-
navio-almirante. desenvolvida por grupos criminosos que vadas de segurança. Este elevado impacto
O objetivo primordial para esta missão é a apresam e assumem o controlo de navios financeiro reflete-se naturalmente no custo
proteção dos navios que transportam dos fretes que cruzam esta área e posterior-
ajuda alimentar para a Somália no âm- que transitam na área de operações e que, mente tem um efeito direto no comércio
bito do World Food Program (WFP) e posteriormente, exigem avultadas quantias,
os navios de apoio logístico à African cifradas em largos milhões de euros, pela e no preço dos produtos e bens que
Union Mission in Somalia (AMISOM). libertação dos tripulantes, navios e respeti- transitam nesta área do globo, como
Adicionalmente, e de uma forma mais vas cargas. As tripulações sequestradas en- por exemplo o petróleo.
abrangente, a operação pretende: pro- frentam longos períodos de cativeiro, com
teger a navegação mercante no geral, uma média de cinco meses, podendo, no Atenta a este problema de dimensão
agindo assim como efeito dissuasor da entanto, atingir períodos superiores a dois mundial, em dezembro de 2008, a
pirataria; impedir os ataques; e, sempre anos e meio, consoante a maior ou menor UE criou a EUNAVFOR – Operação
que possível, deter os suspeitos piratas rapidez nas negociações dos resgates. ATALANTA, no âmbito da Política
de forma a poderem ser presentes a jul- de Defesa e Segurança Comum, de
gamento. Por ano cruzam o Golfo de Áden cerca de acordo com diversas resoluções do
22000 navios e o impacto financeiro indu- Conselho de Segurança das Nações
Com a atribuição da Álvares Cabral, zido pela necessidade de proteção contra o Unidas e no respeito da Convenção
esta é a terceira integração de navios das Nações Unidas sobre o Direito do
da Marinha Portuguesa na EUNAVFOR Mar.
e tem como particularidade de espe-
cial relevo, o facto de Portugal assu- Em março de 2012, a UE prolongou
mir pela segunda vez o comando da o mandato da Operação Atalanta,
força naval, para o qual foi designado estendendo-o até dezembro de 2014.
o Comodoro Jorge Novo Palma e um Ao mesmo tempo, alargou a área de
Estado-Maior multinacional embarca- operações, passando a incluir a zona
do que apoia o comandante da força costeira (em terra) e as águas interio-
e que é composto por 24 militares de res da Somália, o que permitiu à EU-
Portugal, Bélgica, Alemanha, Espanha, NAVFOR conduzir com sucesso a pri-
Finlândia, França, Grécia, Letónia, Ho- meira ação de disrupção a um ponto
landa e Suécia. O período do comando de apoio logístico de piratas na costa
nacional coincide com o período de da Somália.
empenhamento do navio e o comodo-
ro português assume simultaneamen- APRONTAMENTO
te a função de comandante da Força DO NAVIO
Tarefa da EUNAVFOR (CTF 465) e do
Grupo Tarefa da EUROMARFOR (CTG Antes de iniciar a participação na
461.01 - COMGRUEUROMARFOR) Operação ATALANTA, a fragata Ál-
vares Cabral passou, primeiro, por
A operação em terra é comandada um longo período de manutenção,
a partir do Quartel-general em Nor- e posteriormente, por uma fase in-
thwood, no Reino Unido. A compo- tensa de treino e certificação, con-
sição da força varia em função das duzida inicialmente em Portugal e
contribuições dos Estados Membros e posteriormente em Plymouth, no
tem em consideração a meteorologia na Reino Unido, onde o navio foi pre-
área, pretendendo-se que entre monções, parado de forma abrangente para a
com mar mais calmo e mais permissivo à condução de todo o tipo de operações
operação dos piratas, a força possa dispor no mar.
de maior número de navios. Assim, entre Por outro lado, houve necessidade de
períodos de monção e inter-monção, a adaptar e treinar a guarnição para a es-
composição da força oscila normalmente pecificidade da missão de combate à
entre 4 a 8 navios de superfície, apoiados pirataria, nomeadamente a organização
por um conjunto de aeronaves de patrulha de bordo, com o objetivo de desenvol-
marítima que, por norma varia entre 3 e 5. ver capacidades necessárias à ação de
Maritime Security Operations (MSO).
A área de operações onde a Álvares Ca- Para o efeito, foram edificadas, no âm-
bral irá operar estende-se do Sul do Mar bito das operações de superfície e con-
Vermelho, ao Golfo de Áden, ao Golfo tra-pirataria, entre outras, capacidades
4 MAIO 2013 • REVISTA DA ARMADA específicas para missões de escolta de