Page 29 - Revista da Armada
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POIS!
No decurso do séc. XVII os conflitos entre o Estado da Índia e Tendo mandado o secretário recolher o documento à Torre do
os Reis Vizinhos eram frequentes e, não raramente, estavam Tombo de Goa, foi por este informado que o original, escrito em
relacionados com a navegação que os portugueses pretendiam, português e em persa, afinal não se encontrava assinado. Peran-
a todo o custo, controlar. te tal situação o Vice-rei instruiu o secretário no sentido de pôr
naquele documento os selos das armas reais de modo que desse
A não utilização de cartazes (salvo condutos) emitidos pelas a impressão de ali estarem postos há muitos anos e que infor-
autoridades portuguesas garantiam a navegação dos navios dou- masse também que era costume enviar os originais para Lisboa
tras nações sendo, normalmente, a falta deles motivo suficiente para serem presentes ao Rei de Portugal.
para a sua apreensão pelos navios da armada da Índia.
Apesar das diligências efectuadas pelo Vice-rei para que o em-
É neste contexto que, nos finais de 1630, um embaixador do baixador assinasse o documento existente, este negou argumen-
Idalxá chegou a Goa trazendo cartas do seu Rei para o Vice-rei. tando não estar mandatado para o fazer.
Segundo o que o Vice-rei escreve tais cartas manifestavam a es- Comentando todo este processo o Vice-rei, em carta de 6 de
tranheza daquele potentado quanto ao facto de, até ao presente, Janeiro de 1631, comenta que os mouros “ são enganosos “ e não
o Vice-rei não ter manifestado pesar pela morte do seu pai, o an- tinham “ fé, palavra, nem verdade “.
terior Rei, nem tão pouco o ter felicitado por ter cingido a coroa.
Com. E. Gomes
Para além de ser portador das cartas referidas, trazia ainda o
embaixador como missão obter a devolução de duas naus, e res- N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico
pectivas cargas, que os portugueses haviam capturado em Mogor.
Fonte
Relativamente a este último assunto o Vice-rei terá afirmado Livro das Monções nº 14 in Boletim da Filmoteca Ultramarina Portuguesa nº 7.
que tal dependeria da análise do tratado de paz celebrado en-
tre as duas nações face ao que o embaixador terá, então, pedido
para ver o tratado em causa.
JUNHO 2014 29