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REVISTA DA ARMADA | 493

HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS

DIA MUNDIAL DA DIABETES

No passado dia 14 de novembro foi comemorado o Dia Mun-               O Serviço de Endocrinologia do Hospital das Forças Armadas faz
     dial da Diabetes.                                              o seguimento de cerca de 4000 diabéticos beneficiários dos Siste-
   Decorreram a nível mundial inúmeras iniciativas de sensibiliza-  mas de saúde das Forças Armadas e Forças de Segurança. Sendo a
ção para esta doença que afeta atualmente cerca de 387 milhões      Diabetes uma doença pluridisciplinar com um importante impac-
de indivíduos, o que corresponde a aproximadamente 8,3% da          to individual e social, o Serviço de Endocrinologia do HFAR, num
população mundial. O projeto de divulgação tenta sensibilizar a     trabalho conjunto com a Unidade de Nutrição e Dietética, o Servi-
população para esta doença e evitar o aumento expectável de         ço de Cardiologia e o Serviço de Oftalmologia, não quiseram dei-
mais 205 milhões novos casos até 2035.                              xar passar esta data despercebida. Foi assim comemorado o Dia
                                                                    da Diabetes no HFAR, através de iniciativas de rastreio, do ponto
   A realidade da Diabetes em Portugal é sobreponível ao cenário    de vista nutricional, da Diabetes, e das suas complicações associa-
mundial, estimando-se que existam mais de um milhão de adul-        das, como é o caso da doença cardíaca e oftalmológica.
tos diabéticos no nosso país, o que corresponde a cerca de 13%
da nossa população. Não menos preocupante é que, à semelhan-          No Dia da Diabetes no HFAR foram rastreados mais de 150
ça do que acontece a nível mundial, mais de 40% dos Diabéticos      utentes, com avaliação da glicémia, colesterol total, pressão arte-
não estão diagnosticados, colocando em risco um tratamento          rial (PA), perímetro abdominal, peso e composição corporal. Para
precoce e adequado da doença.                                       todos eles foram calculados os riscos a 10 anos de vir a ter Dia-
                                                                    betes (FINNISH) e de ter um evento cardiovascular fatal (SCORE).
   A Diabetes Mellitus tipo 2 é uma doença crónica que se caracte-
riza por níveis de glicémia elevados no sangue e está associada a     Na população avaliada, 71% tinha excesso de peso (índice da
um aumento de mortalidade e morbilidade. Em 2014, a Diabetes        Massa Corporal ≥ 25Kg/m2) e 12,7% apresentaram valores de gli-
foi responsável por 4,9 milhões de mortes a nível mundial e esti-   cémia elevados (mas ainda sem critérios de Diabetes).
ma-se que a cada sete segundos, uma pessoa no mundo morra por
esta doença. Em Portugal, em 2012, a Diabetes representou cerca       Relativamente à avaliação da Pressão Arterial, 38,2% dos uten-
de sete anos de vida perdida em cada óbito por Diabetes.            tes apresentavam PA sistólica > 140 mmHg e 12,7% PA diastólica>
                                                                    90 mmHg, valores a partir dos quais se considera um diagnóstico
   As complicações da Diabetes resultam de lesão ocular, renal,     de hipertensão arterial (ou eventualmente uma hipertensão não
neurológica e vascular. A Diabetes é a primeira causa de cegueira,  controlada nos doentes já medicados). Na avaliação do Coleste-
de insuficiência renal terminal e de amputação não traumática       rol total, 46,1% dos utentes rastreados apresentavam valores aci-
dos membros inferiores, para além de aumentar o risco de even-      ma do valor de referência (< 200 mg/dl).
tos cardiovasculares em cerca de 4 vezes, em relação a um indiví-
duo saudável. A elevada morbimortalidade associada à Diabetes         Os dados recolhidos no Dia da Diabetes no HFAR vêm enfati-
faz com que seja um verdadeiro problema de saúde pública com        zar a importância da promoção de estilos de vida saudáveis, bem
elevado impacto socioeconómico. Em 2013, os gastos associados       como o cuidado no rastreio da Diabetes e no controlo dos restan-
a esta doença foram de aproximadamente 1500 milhões de eu-          tes fatores de risco cardiovascular.
ros, o que corresponde a cerca de 10% dos gastos na saúde para
esse ano (1% do PIB português).

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