Page 11 - Revista da Armada
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A segunda parte do CTPH15 não incluiu qualquer programa se-                         REVISTA DA ARMADA | 499  Fotos CAB T Carvalho
riado previamente definido, passando-se a jogar uma fase tática,
do tipo free play, em que as forças foram divididas e jogaram                                 AGOSTO 2015 11
objetivos concorrentes entre si, estando apenas restringido al-
gum uso da força. Esta fase caracterizou-se assim por uma gran-
de imprevisibilidade, em que os diferentes atores tiveram que
se adaptar ao dinamismo do cenário, que evoluiu de forma con-
tínua, súbita e muito célere, numa lógica de tentativamente o
aproximar o mais possível a uma situação real. Nesta fase, em
termos orgânicos, a força multinacional dividiu-se em cinco gru-
pos tarefas: submarinos, escoltas (sob o comando do CMG Gon-
çalves Alexandre), força anfíbia, força de desembarque e forças
especiais. Do outro lado, as forças opositoras eram compostas
pelas unidades da SNMG1, juntamente com o NRP Bérrio, o NRP
D. Carlos I, o NRP Cassiopeia e o NRP Órion, apoiadas, ainda, por
aeronaves da FAP.

CENÁRIO E OPERAÇÕES

  Em termos de cenário, foi criado um quadro fictício para o
exercício que consistiu num conflito entre três países fronteiriços
(Lustonia, Nicelenia e Algarbenia), do qual resultou uma escala-
da de violência com graves consequências para as populações
e estabilidade da região. Devido à rutura total entre as partes
envolvidas, foi decidido ao nível político destacar uma força na-
val multinacional, com o propósito de garantir o cumprimento
das resoluções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações
Unidas, de forma a proporcionar paz e estabilidade à região.

  Este cenário, jogado em ambas as partes do exercício, teve du-
rante o TACEX especial preponderância, pois foi nesta fase que as
operações atingiram o seu auge.

  O grupo tarefa da FNP logrou cumprir, na íntegra, a missão
de manter uma zona de exclusão, assegurando nessa região o
controlo do mar. Fez-se assim cumprir o embargo imposto pela
resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas a todo
o material militar destinado às forças beligerantes no país fictício
designado por Nicelenia.

  A Força de Desembarque, com dois batalhões de manobra, um
Batalhão espanhol (que integrou a Companhia de Fuzileiros Por-
tugueses nº 22) e o BLD português (integrando a Companhia Bra-
vo Espanhola), bem como uma unidade ligeira de apoio logístico
foi projetada além horizonte (over the horizon) a partir do grupo
de transporte das unidades navais da força anfíbia, com recurso a
helicópteros, lanchas de desembarque e lanchas de assalto rápi-
do. Conseguiu, deste modo, garantir o desembarque, em tempo,
depois de garantida a segurança na praia de desembarque pelas
forças especiais. O NRP Tridente, em apoio direto à força multi-
nacional, desempenhou um papel crucial, tanto na fase de pre-
paração da zona de desembarque, através da inserção das forças
especiais, como, mais tarde, na garantia do controlo do mar.

CONCLUSÃO

  O CTPH15 revelou-se uma excelente oportunidade de treino
para todos os meios empenhados, já que permitiu rentabilizar ao
máximo as capacidades do nosso sistema de forças e garantir o
aprontamento necessário nas diferentes componentes.

  A missão foi cumprida com sucesso, tendo o profissionalismo
de todos os militares envolvidos sido digno de destaque.

                                                           Colaboração do CTG 443.20
   Notas
   1 FNP (Força Naval Portuguesa) – Vide Revista da Armada número 496 (maio 2015)
   2 H elicópteros orgânicos da força naval – Lynx Mk95, Augusta Bell 212, Seahawk
     60B e Seaking (SH-3)
   3 U AV (Unmanned aerial vehicle) – Em português significa aeronaves não tripula-
     das. Estas aeronaves resultam de uma parceria da Marinha com a empresa na-
     cional TEKEVER.
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