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REVISTA DA ARMADA | 499
SUPERINTENDÊNCIA DO MATERIAL
edificar um futuro sustentável
ASuperintendência do Material (SM) é o órgão central de ad- intrassetorial, bem como a melhoria da estrutura organizacional
ministração e direção da Marinha a quem incumbe a admi- e dos processos logísticos. Para tal, a SM participa na definição
nistração dos recursos do material através das Direções de Abas- e na execução de planos integrados da Marinha e contribui para
tecimento, de Infraestruturas, de Navios e de Transportes. incrementar o nível de maturidade organizacional e para refor-
çar a colaboração e articulação dos diversos intervenientes nos
Para o cumprimento eficaz e eficiente da sua missão, a SM in- processos.
tervém na gestão do ciclo de vida do material naval, o qual abran-
ge as fases de: conceção; desenvolvimento; produção ou aquisi- Firmada nestas iniciativas, a SM irá implementar os objetivos
ção; operação; sustentação; e abate. A sustentação inclui o abas- estratégicos de cariz operacional, visando, por um lado, maximi-
tecimento e a manutenção, bem como atividades de atualização zar a eficiência da atividade corrente de sustentação logística da
de requisitos operacionais e de modernização de sistemas, con- Marinha e, por outro lado, viabilizar a edificação e a sustentação
trariando as obsolescências logística, tecnológica e operacional. de capacidades, numa perspetiva de futuro. A concretização des-
tes objetivos requer a definição, monitorização e atualização de
Deste modo, a SM contribui diretamente para a edificação e planos de longo prazo e a execução das ações necessárias à sua
sustentação das capacidades da componente operacional do sis- implementação.
tema de forças e da componente fixa da Marinha e da Autorida-
de Marítima Nacional. Pretende-se, pois, através da articulação e convergência das
iniciativas anteriormente elencadas, garantir o sucesso e a eficá-
A Diretiva de Planeamento da Marinha 2014 (DPM), que con- cia da missão da SM e, consequentemente, da Marinha.
tém as orientações estratégicas para a Marinha, identifica cla-
ramente os principais desafios que se colocam à Instituição, de- Em geral, traduzir os objetivos estratégicos em resultados prá-
signadamente, os referentes à geração e sustentação dos meios ticos é moroso e requer a definição de planos a prazo que nor-
materiais. Tais desafios incluem as limitações de orçamento, das teiem todo o processo de decisão. No caso da SM, tais planos
opções relativas aos programas de reequipamento da Marinha são particularmente necessários, atendendo a que a execução se
e da Base Tecnológica e Industrial de Defesa, especialmente as encontra distribuída pelos vários níveis das diversas Direções e a
relativas à construção e reparação naval. Por outro lado, a DPM que, no plano temporal, muitos dos programas se estendem por
aponta como vulnerabilidade o envelhecimento da esquadra, longos anos. Assim sendo, é fundamental que exista o fio condu-
agravado pelo défice de manutenção, com impacto na capacida- tor que garanta a continuidade da ação e a unidade de esforço.
de operacional.
As orientações da DSMAT foram delineadas tendo tal imperati-
A materialização da visão do Almirante Chefe do Estado-Maior vo em mente e combinam conhecimento e planeamento prospe-
da Armada, de “uma Marinha focada no serviço à Nação, pronta, tivos com capacidades de decisão e de resposta ágeis e flexíveis.
credível e eficiente, constituída por meios adequados e por pes- Esta postura estratégica, adotada já há algum tempo, tem pau-
soas competentes, preparadas e motivadas, capaz de valorizar latinamente vindo a revelar o seu mérito. Recentemente, viram-
permanentemente as suas capacidades e competências para as- -se os frutos positivos desta abordagem na renovação da esqua-
segurar a defesa dos Interesses de Portugal no Mar”, requer que dra, na redução do défice de manutenção e no contributo para
a Marinha esteja dotada de pessoal motivado e com elevadas aumentar a disponibilidade de meios navais, através da aquisi-
competências, de uma organização ágil e flexível e de meios tec- ção de quatro patrulhas costeiros da classe STANFLEX, em meio
nologicamente evoluídos. de vida, explorando uma oportunidade identificada na Marinha
Dinamarquesa. As negociações decorreram ao longo de 2014, o
A Diretiva Setorial do Material 2015 (DSMAT) divulga a visão do contrato foi assinado em outubro e o primeiro dos navios, bati-
Superintendente do Material e desenvolve os objetivos estraté- zado de “Tejo”, chegou à BNL no passado dia 12 de maio. Esta
gicos que se propõe alcançar, em alinhamento com os objetivos iniciativa irá permitir que, apesar da suspensão do programa de
estratégicos estabelecidos para a Marinha pela DPM. construção das Lanchas de Fiscalização Costeira, a Marinha reate
o plano de abate dos navios da classe “Cacine” e disponibilize na-
Uma leitura sumária da DSMAT permite concluir que, no seu vios para a Capacidade de Fiscalização Costeira.
período de vigência (3 anos), a SM pretende realizar um esfor-
ço de melhoria do processo de gestão dos recursos (humanos, Espera-se, ainda, que a nova Lei de Programação Militar repo-
financeiros, materiais e informacionais) que lhe são disponibi- nha alguma capacidade de investimento, muito débil nos últimos
lizados. Para o efeito, a SM identificou um conjunto de iniciati- anos, e viabilize o retomar de programas estruturantes. Alguns
vas que incluem a definição e execução de planos de formação exemplos mais paradigmáticos são a construção de novos NPO1,
e a implementação e exploração de sistemas de informação que a modernização das fragatas e a remotorização dos helicópte-
apoiem, robusteçam e agilizem o processo de decisão. Comple- ros. O primeiro programa é fundamental para renovar o dispo-
mentarmente, uma linha de ação a perseguir é o desenvolvimen- sitivo naval padrão que opera nas águas de jurisdição nacional,
to de parcerias com entidades civis e com entidades militares na- enquanto os dois últimos são críticos para repor adequados pa-
cionais e estrangeiras, designadamente nos domínios da logística drões de capacidade militar que obviem as obsolescências logís-
e da Investigação e Desenvolvimento (I&D). tica e tecnológica, inexoráveis ao fim das cerca de duas décadas
e meia de serviço que aqueles meios contabilizam.
Estas iniciativas, de cariz genético, alicerçam os objetivos de
cariz estrutural destinados a incrementar a colaboração inter e
6 AGOSTO 2015