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descobertas portuguesas, foi em tempos longínquos conhecida
por ilha de Fernando Pó. Relatam os escritos que foi em meados
do século XV, mais concretamente em 1472, na tentativa de en-
contrar uma nova rota para as Índias, que o navegador português
Fernão do Pó descobriu aquele pedaço de terra no meio do mar,
ilha que durante anos tomou o nome do seu descobridor. Embo-
ra carecesse de uma investigação histórica aprofundada e isen-
ta, testemunhos locais relatam que não há memória de que um
navio da nossa Marinha tivesse alguma vez tocado novamente
aquele porto desde o tratado de El Pardo, assinado em 1778, ano
em que o reino português e os portugueses ali estabelecidos, na
então designada ilha de Fernão do Pó, cederam aos espanhóis
uma região de importante influência no Golfo da Guiné, em troca
de outras colónias na costa brasileira, à época pertença dos es-
panhóis. Apesar da curta estadia no porto, houve oportunidade
para receber a bordo a visita do cônsul honorário de Portugal em
Malabo, Dr. Manuel Azevedo, e o assessor técnico da cooperação
portuguesa, Dr. Guilherme Zeverino, bem como uma pequena
representação da diáspora portuguesa, que ali vive e trabalha.
VISITA A LUANDA militares de ambas as marinhas, e treino de socorrismo de comba-
te, destinado aos fuzileiros navais angolanos. O NPO Figueira da
Depois de largar de Malabo no dia 26 de maio, o Figueira da Foz Foz apoiou ainda a missão empresarial da idD – Plataforma das
rumou a Sul, para o Ambriz, região onde se situa a base de fuzi- indústrias de Defesa Nacionais, à república de Angola, onde esti-
leiros navais de Angola, 60 milhas a norte de Luanda. Ao terceiro veram presentes em exposição a bordo os produtos de diversas
dia de navegação o navio pairou frente ao Ambriz para embarcar empresas, nomeadamente da Anubis Networks, Arsenal do Alfeite
cinco oficiais da Marinha de Guerra de Angola (MGA), acompa- S.A., Critical Software, Edisoft, Tekever e WestSea, tendo recebido
nhados pelo diretor técnico do projeto de cooperação técnico-mi- a visita de inúmeras entidades militares e civis, que assistiram às
litar, CMG Rui Pereira da Silva. Esta iniciativa constituiu um marco exposições e demonstração de equipamentos relacionados com o
importante nas relações de cooperação técnico-militar, pois foi o setor de Defesa e Segurança Nacional, ficando igualmente a co-
primeiro embarque de oficiais de navios da MGA a bordo de um nhecer as capacidades dos NPO. O navio efetuou ainda uma saída
navio da Marinha Portuguesa em mar angolano. No dia seguinte, para o mar ao largo de Luanda na companhia de uma lancha de
o navio atracou na Base Naval de Luanda, dando continuidade a fiscalização da classe Mandume, da MGA, para realizar um exer-
um conjunto de ações de cooperação com a MGA, que duraram cício de demonstração de abordagem por inserção com recurso
toda a semana. Durante o período de estadia em Luanda, foram a embarcações rápidas do Destacamento de Ações Especiais dos
recebidos mais de duzentos cadetes da Academia Naval1, tendo fuzileiros de Angola. Este evento contou com a presença do Minis-
o NPO sido utilizado como plataforma para a realização de aulas tro da Defesa Nacional (MDN), Dr. José Pedro Aguiar-Branco, do
práticas de instrução nas mais variadas temáticas: organização e Embaixador de Portugal em Angola, Dr. João da Câmara, do Se-
segurança para navegar, condução de operações de busca e sal- cretário de Estado da Defesa de Angola, Almirante Gaspar Rufino,
vamento, fiscalização marítima, combate a incêndios e limitação
de avarias, utilização de equipamentos de navegação e sistemas
de comunicações no âmbito do Global Maritime Distress Safety
System. A médica do navio proferiu também uma palestra no âm-
bito do “Bioterrorismo”, que acolheu uma audiência de cerca de
100 pessoas, entre militares e civis pertencentes ao corpo médico
das Forças Armadas Angolanas. Foram também efetuadas outras
ações de treino conjunto, como seja a operação de mergulho para
vistoria e inspeção do casco do navio, com uma equipa mista de
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